Alimentação e fertilidade masculina: qual é a relação?

Postado em 28 de fevereiro de 2022

Padrões alimentares saudáveis trazem benefícios para o sistema reprodutor masculino.

alimentação fertilidade masculina

Muito se discute sobre os padrões alimentares de mulheres que desejam engravidar. Entretanto, pouco se fala sobre a contribuição da alimentação masculina para a fertilidade de um casal.

Por isso, hoje trouxemos os principais fatores dietéticos capazes de influenciar a fertilidade do homem, tanto para o bem quanto para o mal. Vamos descobrir quais são eles?

 

Quais fatores promovem a fertilidade masculina?

  1. Gorduras poliinsaturadas, como peixes e nozes

A presença de ácidos graxos poliinsaturados na membrana das células espermáticas é altamente importante para o bom funcionamento do esperma.

No entanto, estes ácidos não são sintetizados endogenamente. Por isso precisam ser obtidos da dieta, através de peixes, nozes, sementes e óleos vegetais.

A maior ingestão de ômega-3, através do consumo de pescados, têm sido relacionados a uma maior contagem total de espermatozoides, bem como uma maior proporção de espermatozoides morfologicamente normais. Além disso, promove um menor risco de infertilidade e um menor tempo para que ocorra a gestação.

Apesar de pesquisas indicarem um efeito prejudicial do consumo de peixes e mariscos contaminados com mercúrio, os dados sugerem que os efeitos benéficos superam as potenciais adversidades na saúde reprodutiva masculina.

Em relação às nozes, estudos indicam seu efeito positivo na vitalidade, morfologia e motilidade dos espermatozoides.

 

  1. Antioxidantes: frutas, legumes e verduras

Muitas pesquisas demonstram a eficácia da ingestão ou suplementação de antioxidantes na prevenção e no tratamento da infertilidade masculina.

A combinação de diversos ingredientes antioxidantes (tais como vitamina C, E, B-caroteno, licopeno, zinco e selênio) é particularmente promissora, melhorando a qualidade do sêmen (principalmente sua motilidade) e aumentando a probabilidade de gravidez.

Sabe-se que frutas, legumes e verduras são alimentos ricos em antioxidantes. Por isso, sua ingestão também é recomendada para homens buscando aumentar seu poder de fertilidade.

Contudo, enquanto frutas e vegetais com baixos a moderados resíduos de pesticidas estão associadas à maior concentração e contagem total de espermatozoides, é necessário atentar para o alto consumo de agrotóxicos, pois estes prejudicam a qualidade do esperma.

 

  1. Preferência aos laticínios desnatados

Apesar de inconclusivas, as evidências sugerem que a ingestão de produtos lácteos com menores teores de gordura, tais como os desnatados, são preferíveis para a fertilidade masculina, em detrimento dos laticínios integrais.

 

  1. Adoção de um padrão alimentar saudável

Mais importante que focar em ingredientes específicos, o efeito sinérgico de alimentos como frutas, vegetais, peixes, aves, leite desnatado, cereais e grãos integrais constituem o fator mais impactante para a promoção de parâmetros reprodutivos adequados, como a qualidade do esperma.

Além disso, o equilíbrio correto entre macronutrientes deve ser levado em consideração. Dietas desequilibradas, como aqueles altas em doces e bebidas açucaradas e baixas em fibras, são associadas ao sêmen de mais pobre qualidade.

 

O que inibe a fertilidade masculina?

  1. Gordura saturada e trans

Ao contrário das gorduras poliinsaturadas, não se recomenda o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans. Elas podem se acumular nas células testiculares, afetando o processo de espermatogênese, inibindo a produção de testosterona e induzindo a apoptose das células de Leydig.

Pesquisas demonstram que a ingestão destas gorduras foi consistentemente relacionada com a má qualidade do sêmen, diminuindo a contagem e a concentração de espermatozoides.

 

  1. Álcool

Estudos confirmam os malefícios que o uso crônico de bebidas alcoólicas traz para a fertilidade masculina.

O consumo regular destes produtos possui efeitos adversos na concentração e contagem total de espermatozoides, bem como na porcentagem de espermatozoides com morfologia normal, além de gerar aumento da fragmentação do DNA espermático.

 

  1. Carnes vermelhas processadas

A alta ingestão de carnes vermelhas e processadas foi associada à má qualidade do sêmen em diferentes populações. Em pesquisa, as chances de astenospermia (condição em que a motilidade dos espermatozoides é reduzida) foram duas vezes mais altas em homens com um consumo elevado destas carnes.

 

  1. Sobrepeso e obesidade

A obesidade masculina tem um impacto negativo na fertilidade, devido às alterações diretas na função e composição molecular do esperma, bem como por meio de alterações nos níveis hormonais.

Dentre outras causas, a maior infertilidade de homens obesos pode estar associada à insensibilidade à leptina, que contribui para uma redução significativa na produção de testosterona pelas células de Leydig.

Já o acúmulo de gordura supra púbica e interna podem causar a hipertermia escrotal, contribuindo para a diminuição da qualidade do esperma através da disfunção mitocondrial.

Com as descobertas aqui apresentadas, não restam dúvidas que uma alimentação completa e de qualidade apresenta um impacto significativo na fertilidade masculina. Assim, parceiros que se interessam em ter filhos devem se atentar aos fatores alimentares que promovem a boa saúde reprodutiva do homem. Para isso, o auxílio de profissionais capacitados, como médicos e nutricionistas, é sempre bem-vindo.

 

Referências:

SULIGA, Edyta; GŁUSZEK, Stanisław. The relationship between diet, energy balance and fertility in men. International Journal for Vitamin and Nutrition Research, 2019.

NASSAN, Feiby L.; CHAVARRO, Jorge E.; TANRIKUT, Cigdem. Diet and men’s fertility: does diet affect sperm quality? Fertility and Sterility, v. 110, n. 4, p. 570-577, 2018.

SALAS-HUETOS, Albert; BULLÓ, Mònica; SALAS-SALVADÓ, Jordi. Dietary patterns, foods and nutrients in male fertility parameters and fecundability: a systematic review of observational studies. Human Reproduction Update, v. 23, n. 4, p. 371-389, 2017.

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