Cada vez mais, produtos “plant based” industrializados estão tomando lugar na alimentação dos consumidores preocupados…
Sabe-se que a alimentação impacta em diversos aspectos da saúde humana e, entre os órgãos afetados positiva ou negativamente pela dieta, o intestino apresenta um papel de destaque. Nele abrigam-se inúmeras colônias bacterianas que sobrevivem, se adaptam e proliferam de acordo com o que o indivíduo ingere.
Reconhecendo que a alimentação humana não é padronizada, consequentemente oferece respostas variadas no organismo, um estudo decidiu explorar o impacto de diferentes dietas na microbiota intestinal.
Desenvolvimento da pesquisa
Utilizando abordagens a priori e posteriori que representam, respectivamente, uma análise baseada no conhecimento nutricional existente ou nas relações de saúde com evidência científica e uma análise baseada em dados de padrões de consumo alimentar comuns numa determinada população, essa pesquisa reuniu as informações de 1.800 indivíduos do American Gut Project, maiores de 18 anos e residentes nos Estados Unidos.
O Amercian Gut Project é um banco de dados sobre microbioma humano, dieta, estilo de vida e dados demográficos em uma coorte de cidadãos cientistas. E com essas informações os pesquisadores desenvolveram estatísticas para analisar a relação pretendida.
Padrões alimentares e microbiota intestinal
Nessa análise retrospectiva, dos 1.800 adultos inclusos, foram definidos 5 padrões alimentares entre 744 indivíduos, sendo: 2 padrões considerados prudentes que eram dietas plant based ou flexitariana (como uma dieta vegetariana, porém, com consumo reduzido de carne), 2 dietas caracteristicamente ocidentais (baixa ingestão de fibras, pouca variedade de vegetais e consumo elevado de bebidas adoçadas) e 1 padrão de dieta de exclusão, como uma dieta low carb (alto consumo de gordura e proteína).
Esses padrões facilmente reconhecíveis na alimentação de uma população heterogênea apresentaram microbiomas intestinais variados. Entre as dietas ocidentais, as diferenças na microbiota foram mais acentudas e entre a dieta ocidental e flexitariana, a diversidade do microbioma foi maior no segundo padrão mencionado.
O padrão de exclusão foi o que apresentou menor abundância de Bifidobacterium, gênero considerado benéfico ao organismo humano, e que pôde ser percebido pela análise da dieta.
Conclusão
Com esses achados, os autores ressaltam que as variações na microbiota devem ser identificadas não somente pelo consumo de determinados grupos alimentares, como sugere a abordagem a priori, mas todo o contexto da dieta praticada pelo indivíduo.
Referência
Aurélie Cotillard, Agnès Cartier-Meheust, Nicole S Litwin, Soline Chaumont, Mathilde Saccareau, Franck Lejzerowicz, Julien Tap, Hana Koutnikova, Diana Gutierrez Lopez, Daniel McDonald, Se Jin Song, Rob Knight, Muriel Derrien, Patrick Veiga, A posteriori dietary patterns better explain variations of the gut microbiome than individual markers in the American Gut Project, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 115, Issue 2, February 2022, Pages 432–443, https://doi.org/10.1093/ajcn/nqab332
Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Tutora de cursos EAD do Ganep Educação. Coordenadora do Nutritotal.
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Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestre pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialização em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela Unifesp. Experiência profissional em Nutrição Clínica, Nutrição Esportiva, Marketing Nutricional e Docência no Ensino Superior. Coordenadora do Nutritotal.