FODMAPs e Glúten: quais são os efeitos sobre os sintomas de SII?

Postado em 4 de abril de 2022

Os carboidratos fermentáveis e não digeríveis apresentaram resultados diferentes do glúten nessa síndrome

Caracterizada por hábitos intestinais desregulados e dores abdominais frequentes, a síndrome do intestino irritável (SII) é uma patologia que reduz a qualidade de vida do paciente. Nessa doença, mudanças na dieta possibilitam a redução de sintomas como diarreia, prisão de ventre ou a combinação de ambos.

Uma dieta com baixo teor de FODMAPs, por exemplo, é indicada para pacientes com SII, mas, até o momento, poucos estudos robustos utilizaram múltiplos FODMAPs para comprovar a eficiência na vida real.

Outro componente da dieta que é apresentado em alguns estudos como causador de sintomas em pessoas com SII, porém com controvérsias, é o glúten, mesmo em não celíacos, mostrando uma possível sensibilidade a essa proteína.

Sabendo dessas incompletudes no meio científico acerca do tratamento mais eficaz para SII, um estudo randomizado duplo-cego, controlado por placebo, analisou os efeitos de uma intervenção dietética sobre os sintomas, hábito intestinal e qualidade de vida em homens e mulheres com níveis de moderado a grave nessa doença.

FODMAPs e glúten na SII

Fonte: Shutterstock

Como foi a intervenção dietética

De setembro de 2018 a junho de 2019, 110 pacientes com SII grave a moderada e idade entre 18 e 70 anos que moravam em Uppsala na Suécia, foram instruídos a adotar uma dieta com baixo teor de FODMAPs e exclusão do glúten. Após uma semana, os participantes foram divididos e conduzidos a um desafio composto pela exposição a 50g/dia de FODMAPs (19,5 g de frutose, 15,7 g de lactose, 7 g de fruto-oligossacarídeos, 1,5 g de galacto-oligossacarídeos, 4,5 g de sorbitol e 1,8 g de manitol) ou 17,3 g/dia de glúten ou placebo.

Depois de 4h da conclusão desse desafio, foram coletadas amostras de sangue dos participantes e no dia seguinte, uma amostra de urina. Após o desafio, eles voltaram à dieta orientada no início do estudo por mais uma semana.

Ao fim desse período, eles foram orientados a consumir, durante três semanas, 3 porções/dia de mingau de arroz que continham, FODMAPs, glúten ou placebo. Entre essas semanas havia um intervalo de uma semana washout. E ao fim de cada semana, amostras de sangue e fezes eram coletadas.

Sobre o hábito intestinal, os participantes responderam a um questionário que incluía frequência, consistência e dores durante os movimentos intestinais. E a qualidade de vida também foi avaliada através de um questionário.

FODMAPs vs. Glúten

No decorrer do estudo, alguns participantes abandonaram a pesquisa, sendo que 103 concluíram o protocolo. Foi estabelecido um sistema de pontuação para a síndrome do intestino irritável, a qual alcançou escore significativamente mais elevado (escore médio = 240) durante a intervenção com FODMAPs na dieta, enquanto glúten e placebo tiveram, respectivamente, médias de 208 e 198.

Percebeu-se também que os participantes que consumiram FODMAPs apresentaram maior distensão abdominal e frequência de dor nessa região do que os indivíduos que ingeriram placebo ou glúten. Sobre o hábito intestinal e a qualidade de vida não foram notadas diferenças significativas entre as três intervenções.

Conclusão

A partir desses dados, os autores afirmam que os FODMAPs representam um papel importante e prejudicial na saúde dos indivíduos com síndrome do intestino irritável, sendo confirmada a eficácia da dieta que reduz esses carboidratos.

Apesar de não encontrarem efeitos deletérios à saúde dos participantes submetidos à ingestão de glúten, houve uma variabilidade nas respostas dos pacientes sobre a intervenção, o que demonstra a necessidade de mais estudos para entender melhor os mecanismos dessa doença.

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Referência

Elise Nordin, Carl Brunius, Rikard Landberg, Per M Hellström, Fermentable oligo-, di-, monosaccharides, and polyols (FODMAPs), but not gluten, elicit modest symptoms of irritable bowel syndrome: a double-blind, placebo-controlled, randomized three-way crossover trial, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 115, Issue 2, February 2022, Pages 344–352, https://doi.org/10.1093/ajcn/nqab337

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