Índice de Prognóstico Nutricional como Marcador de Tolerância à Quimiorradioterapia

Postado em 18 de dezembro de 2018 | Autor: Marcella Gava

Índice pode estar associado a tolerância e adesão à radio e quimioterapia em pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Paciente recebendo quimioterapia

Chang e colaboradores realizaram estudo com objetivo de avaliar se o estado imunonutricional deficiente – avaliado pelo Índice de Prognóstico Nutricional (IPN) – está associado com a redução da tolerância ao tratamento quimiorradioterápico (QRC) e aumento dos efeitos colaterais associados a ele em pacientes com câncer de cabeça e pescoço.

Foram selecionados pacientes em estágios III, IVA ou IVB da doença, e que estavam sendo tratados com QRC primária, totalizando 143 pacientes. Foram colhidos dados demográficos, sítio primário da doença, estágio do tumor ao diagnóstico, gânglios linfáticos próximos envolvidos e presença de metástase (avaliados pelo critério de Classificação de Tumor Maligno – TNM), exposição ao fumo, peso antes e depois do tratamento, e parâmetros laboratoriais (albumina sérica e contagem total de linfócitos). A tolerância ao tratamento foi avaliada pela dose de quimio e radioterapia utilizada, pelo fato do paciente ter completado o tratamento e se a duração planejada foi cumprida, ocorrência de sepse, grau de toxicidade hematológica (leucopenia, neutropenia, trombocitopenia e anemia), grau de mucosite/faringite e ocorrência de náuseas e vômitos. O IPN foi calculado a partir de 10 x albumina sérica (g/dL) + 0,005 x contagem total de linfócitos (n/mm³), e os doentes foram divididos em baixo (n=72) e alto (n=71) IPN.

Pacientes com baixo IPN apresentaram uma tendência a ter TNM e estágio do tumor mais avançados (p=0.092), e a uma menor tolerância à QRC, mesmo quando receberam menores doses de quimioterápico (p=0.018) e realizaram menor tempo de radioterapia (p=0.045). A perda de peso foi maior (p=0.124) e a necessidade de sonda enteral foi mais comum (p=0.021) no grupo com menor IPN. Não houve diferença entre os graus de mucosite/faringite e de náuseas e vômitos entre os grupos. Pacientes com baixo IPN apresentaram maiores probabilidades de toxicidade (p = 0,044), sepse (p = 0,029) e morte tóxica (p = 0,055). No grupo com alto IPN, um paciente morreu de sepse neutropênica, enquanto no grupo com baixo IPN, quatro pacientes morreram de sepse neutropênica, um morreu de empiema e um morreu de hemorragia tumoral.

Os autores concluíram que existe forte associação entre o IPN e a toxicidade relacionada ao tratamento QRC. Portanto, pacientes com baixo IPN requerem avaliação multidisciplinar mais cuidadosa e apoio para garantir sucesso e conclusão do seu tratamento e evitar subsequentes toxicidades relacionadas.

Referência:

Chang PH et al. Prognostic nutritional index relevance in chemoradiotherapy for advanced oral cavity, oropharyngeal and hypopharyngeal cancer. Asia Pac J Clin Nutr. 2018;27(5):996-1001.

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