Educação nutricional nas escolas: como atuar?

Postado em 23 de janeiro de 2023

E-book traz 51 atividades educativas para inspirar o nutricionista que atua em escolas.

As escolas são um território privilegiado para a educação alimentar e nutricional (EAN). Elas representam um espaço de aprendizagem, convivência e desenvolvimento intelectual importante. Portanto, trata-se de um ambiente promissor para o ensino da alimentação saudável.

Sabendo disso, a Faculdade de Saúde Pública da USP lançou o e-book “Educação Alimentar e Nutricional como Estratégia para a Prevenção da Obesidade e seus Agravos”. Vamos conhecer este material?

Educação Nutricional nas escolas

Sobre o e-book

O documento foi elaborado pelas nutricionistas Ana Paula de Queiroz Mello e Nágila Raquel Teixeira Damasceno, além de outros treze colaboradores.

Produzido a partir do “Programa  Educação  Alimentar  – Integrando Ciência, Escola e Saúde” (PEDUCA), o e-book reúne 51 atividades educativas, que foram elaboradas como atividade final dos cursistas do PEDUCA.

Para facilitar a leitura, as atividades foram divididas em cinco categorias: 

  • Alimentação saudável e rotulagem;
  • Atividades em sala de aula e rodas de conversa; 
  • Feiras, oficinas e hortas
  • Jogos e brincadeiras; 
  • Projetos para disciplina eletiva.

Cada atividade conta com o nome do cursista que a elaborou, objetivo(s) educativo(s), materiais necessários, desenvolvimento e tempo de aplicação. 

A seguir, o Nutritotal PRO selecionou uma atividade de cada categoria, para inspirar nutricionistas que trabalham ou visam trabalhar com Educação Alimentar e Nutricional (EAN) nas escolas. 

Alimentação saudável e rotulagem

Na categoria “alimentação saudável e rotulagem”, selecionamos a atividade “feira livre de alimentos saudáveis”, da cursista Isabel Cristina de Souza Vieira.

Nesta atividade, os alunos devem ser distribuídos em grupos para formarem barracas, simulando uma feira livre. De um lado da sala, ficam as barracas com frutas, verduras, legumes e/ou temperos naturais. Do lado oposto, ficam as com refrigerantes, salgadinhos, doces industrializados, etc.

A seguir, cada grupo deve apresentar as características dos alimentos expostos:

  • Para alimentos in natura: vitaminas e minerais presentes, textura, cheiro, sabor, receitas que podem ser feitas;
  • Para alimentos ultraprocessados: consequências do consumo exagerado, densidade nutricional, quantidade de gordura, sal e açúcar.

A autora também sugere experimentação das frutas, distribuição de receitas saudáveis pelos “feirantes”, etc. O objetivo é que os alunos desenvolvam mais consciência quanto à importância de uma alimentação saudável e equilibrada.

Atividades em sala e rodas de conversa

Nesta categoria, selecionamos a intervenção educativa “alimentação e o coração”, elaborada por Maria Aparecida dos Santos Ribeiro.

Aqui, o objetivo é  demonstrar o impacto da alimentação desequilibrada na saúde cardiovascular. Para isso, deve-se simular a passagem do sangue de uma pessoa “saudável”, e de uma pessoas que consome fast-food com frequência.

Em  um  recipiente  plástico,  coloque canudos  transparentes  para  a passagem  de  água  com  corante vermelho,  simulando a circulação sanguínea de uma pessoa saudável. Esse líquido irá passar pelo canudo de forma facilitada (com o uso de um funil), protegendo a saúde do coração. 

Na sequência, misturar óleo e/ou banha ao líquido, e tentar passar essa solução pelo canudo. O líquido estará mais viscoso e irá passar  com  dificuldade, simulando  a  circulação sanguínea de um indivíduo com a saúde cardiovascular comprometida. 

Para  finalizar, a autora sugere abrir  discussão  sobre  doenças  relacionadas  à  má alimentação. Esta  experiência  poderá  ser  apresentada  também  aos  pais  e  a comunidade escolar.

Feiras, oficinas e hortas

Para a categoria “feira, oficinas e hortas”, a cursista Elisângela Fernandes propôs um concurso de receitas.

Neste concurso, os alunos (individualmente ou em equipes) devem propor  uma  receita  saudável com o custo máximo de R$ 5,00/porção (com demonstração de cálculos para quantidade, conversão de medidas e custos unitários). É  proibido o uso de ingredientes ultraprocessados. 

Além disso, os estudantes devem pesquisar a composição nutricional das receitas: quanto mais nutritiva, maior a pontuação. Os critérios adotados podem ser: menor quantidade de sódio e colesterol,  maior  quantidade  de  fibras, vitaminas e minerais, etc.

Em seguida, as receitas devem ser preparadas e filmadas em casa, e os adultos responsáveis devem emitir sua opinião sobre sabor, textura, tempero etc. Na  escola,  uma “comissão  julgadora” seleciona as melhores receitas, considerando criatividade,  composição nutricional,  custo e apresentação do prato.

Jogos e brincadeiras

Jogos e brincadeiras são grandes sucessos nas atividades educativas. Por isso, a cursista Sônia Barros propôs o “Guloseima Games”, um jogo de cartas para dois ou mais participantes.

Em primeiro lugar, os alunos elaboram cartas com o desenho da guloseima selecionada, e inserem informações de composição nutricional (valor energético, carboidratos, açúcares, vitaminas, etc).

As instruções do jogo são as seguintes:

  1. Distribua um mesmo número de cartas a todos os jogadores. Somente a primeira carta da pilha deve ser visível para o jogador;
  2. O primeiro a jogar escolhe uma informação da carta para competir com os demais (valor energético, carboidratos, etc);
  3. Todos os jogadores abaixam suas cartas, e o que tiver o menor valor para a categoria escolhida ganha todas as cartas (exceto para vitaminas, em que o maior valor ganha);
  4. Ao fim do jogo, o jogador que possuir todas as cartas do baralho é o vencedor.

Projetos e disciplinas

Uma das atividades propostas no e-book é a chamada “minha saúde, minhas escolhas”, de autoria de Danielle Simone Vostoupal. 

A  proposta  é  oferecer  uma  disciplina  eletiva  integradora para  alunos do  6º ao 9º  ano,  que aborde temas de saúde e alimentação em diversas áreas, como descrito adiante:

  • Matemática: interpretação de rótulos, contagem de calorias, conversão de medidas caseiras em gramas, gastos nas lanchonete, etc.
  • Língua portuguesa: diário alimentar, caderno de receitas, debate  sobre  a  influência  das  propagandas  e rótulos na escolha alimentar, etc.
  • Ciências: nível de processamento dos alimentos, discussão sobre doenças crônicas não transmissíveis, papel  da alimentação na prevenção e controle dessas doenças, etc.
  • Geografia: origem dos alimentos, agricultura, Brasil no Mapa da Fome, desperdício de alimentos, etc.
  • História: história  da  alimentação, costumes regionais, papel dos movimentos migratórios na cultura alimentar, etc.
  • Arte: folders para divulgar a alimentação saudável, artistas  que  exploram  a  alimentação  em suas  obras, etc.

Conclusão

São diversas as alternativas para implantar a educação nutricional nas escolas: debates, atividades práticas, oficinas culinárias, jogos, hortas, concurso de receitas, dentre muitos outros. Todos estes métodos possuem seu papel no aprendizado de temas relacionados à alimentação saudável.

Para ler o material completo, clique aqui.

Referência

Educação alimentar e nutricional como estratégia para a prevenção da obesidade e seus agravos: práticas pedagógicas aplicadas à escola [recurso eletrônico] / Organizadoras: Ana Paula de Queiroz Mello, Nágila Raquel Teixeira Damasceno. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP, 2022.

Cadastre-se e receba nossa newsletter