TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DOMICILIAR: DESENVOLVENDO UMA FÓRMULA ARTESANAL PARA A POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS-SP

Postado em 3 de agosto de 2005

PRADA, Maria Camila A.1; ARENGUI, Daniela Cristina2; CARNEIRO, Márcia L. de Sá3; OMETTO, Ana Carolina4; SOUZA, Patrícia de Oliveira4.

O Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do Distrito de Saúde Sul da Prefeitura Municipal de Campinas-SP realiza atendimento multiprofissional domiciliar à pacientes dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes são, em sua maioria, carentes, dependentes de cuidados de média e alta complexidade e submetidos a terapia nutricional enteral. O cuidador é o indivíduo responsável por todo o contexto que envolve o paciente domiciliar, sendo responsável inclusive pela aquisição, manipulação e administração das dietas enterais, estando estas duas últimas sob orientação e avaliação do SAD. A maior dificuldade do cuidador está na aquisição de matéria prima para formulação artesanal das dietas, devido ao baixo poder aquisitivo das famílias atendidas. Assim, o SAD procurou a equipe de nutricionistas da Coordenadoria de Nutrição e Dietética do Hospital Municipal Dr. “Mário Gatti” (HMMG) e, juntos, desenvolveram uma fórmula para administração por via enteral que fosse financeiramente acessível e ao mesmo tempo atendesse às necessidades nutricionais dos pacientes de um modo geral. Na primeira etapa foi feito um levantamento dos alimentos que fossem de maior disponibilidade à essas famílias. Os mais encontrados nos domicílios, com potenciais características para fornecer macronutrientes em uma formulação foram: o leite tipo C, óleo de soja, ovos, açúcar e fubá. Em seguida, elaborou-se o cálculo dietético de uma dieta artesanal de 1000Kcal com 59,5% de carboidratos, 14,7% de proteínas e 25,8% de lipídios. Estes valores, ao serem comparados com as Referências Dietéticas de Ingestão (DRI’s, 2001) para macronutrientes, se mostraram adequados. Na segunda etapa, foi realizada a manipulação piloto desta composição para adequação do modo de preparo, homogeneidade e viscosidade da solução necessária para administração através de sonda nasoenteral. Como resultado obteve-se uma dieta líquida e homogênea de 1000 Kcal com volume final de 1250 ml. Na terceira etapa foram calculadas as dietas de 1500 Kcal, com 58,2% de carboidratos, 14,9% de proteínas e 26,9% de lipídios que rendeu 1500 ml e a de 2000 Kcal, com 53% de carboidratos, 14,6% de proteínas e 32,4% de lipídios que rendeu 2000 ml. Na quarta e última etapa foi realizado o cálculo do custo de cada fórmula, sendo R$ 1,39 para 1000 Kcal, R$ 2,34 para 1500 Kcal e R$ 3,01 para 2000 Kcal. A proposta mostra-se válida uma vez que os objetivos foram alcançados, entretanto, maiores estudos quanto à evolução nutricional de pacientes em uso desta fórmula devem ser desenvolvidos no futuro.

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