Obesidade está associada a maior incidência de doença isquêmica cardíaca

Postado em 8 de abril de 2017 | Autor: Alweyd Tesser

Mesmo sem hipertensão ou outros sinais de doençacardíaca, adultos obesos têm um risco muito maior de desenvolver doençaisquêmica do coração do que seus pares com peso normal, de acordo com um estudopublicado no Journal of ClinicalEndocrinology and Metabolism. Segundo os autores, os resultados contradizempesquisas recentes que sugerem que obesos conhecidos como “obesosmetabolicamente saudáveis” talvez não enfrente um risco aumentado paracomplicações relacionadas à obesidade como doença cardíaca ou renal.

Pesquisadores analisaram dados de mais de 6.200 homens emulheres que participaram de um grande estudo dinamarquês e foram acompanhadospor pelo menos 10 anos. Eles avaliaram o índice de massa corporal (IMC) inicialdos participantes e quatro fatores de risco para doença cardíaca no início enos acompanhamentos periódicos: lipoproteína de alta densidade (HDL) baixo ealtos níveis de pressão arterial, triglicerídeos e glicemia. Indivíduosmetabolicamente saudáveis foram definidos como não tendo nenhum desses fatoresde risco, e indivíduos metabolicamente não saudáveis como tendo ao menos um.

Durante o período de seguimento, 323 participantesdesenvolveram doença cardíaca. Homens que iniciaram o estudo como obesosmetabolicamente saudáveis apresentaram risco três vezes superior quandocomparados aos indivíduos metabolicamente saudáveis com peso normal. Mulheresobesas metabolicamente saudáveis tiveram risco dobrado quando comparadas aosseus pares sem sobrepeso.

Homens classificados no início como metabolicamentesaudáveis e com sobrepeso, mas não obesos, tiveram o mesmo risco do que oshomens saudáveis com peso normal, e o risco foi apenas discretamente elevadopara mulheres metabolicamente saudáveis com sobrepeso.

Os pesquisadores também levaram em consideração noscálculos qualquer alterações no estado de saúde metabólica durante o estudo.Apenas 58 homens e 114 mulheres, ou 3% da população estudada, se qualificaramcomo “obesos metabolicamente saudáveis” no início da pesquisa. E 40%destes se tornaram metabolicamente doentes em um período de cinco anos.

“Ser obeso está associado a maior incidência de doençaisquêmica cardíaca, independentemente do estado metabólico”, concluem osautores. “Diante desses resultados, questionamos a viabilidade de denotar umsubgrupo de indivíduos obesos como metabolicamente saudáveis”, afirmam.

Os autores destacam que uma das limitações no estudo foiutilizar o IMC, quando poderiam ser usadas a circunferência abdominal, a razãocintura/quadril ou a distribuição da gordura corporal.

Referência

Hansen
L, Netterstrøm MK, Johansen NB, Rønn PF, Vistisen D, Husemoen LLN, et al. Metabolically
healthy obesity and ischemic heart disease: a 10-year follow-up of the Inter99
study.
J Clin Endocrinol Metab 2017; 2016-3346.

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