Proteína do leite pode ajudar a prevenir infecção por SARS-CoV-2

Postado em 21 de abril de 2022

A glicoproteína lactoferrina também apresenta eficácia imunológica contra influenza e outras infecções respiratórias

O leite de vaca é um alimento reconhecidamente nutritivo com minerais como o cálcio e o potássio e vitaminas como a C, D e B3. Além desses micronutrientes, as proteínas também aparecem em quantidades significativas no leite. Por isso, inclusive, que grande parte dos suplementos utilizados para hipertrofia muscular é à base de proteínas lácteas. Mas o Leite combate SARS-CoV-2?

Uma proteína que aparece tanto no leite de vaca quanto no leite de outros mamíferos é a lactoferrina, uma glicoproteína que atua no sistema imunológico inato (a primeira linha de defesa do organismo). Estudos relatam que ela é capaz de inibir o crescimento de bactérias por sequestro de ferro e proteger o corpo contra vírus envoltos e não desenvolvidos.

Em ensaios in vitro e em seres vivos, a lactoferrina bovina demonstrou ampla atividade antiviral, com destaque no combate a virulências respiratórias como o vírus influenza e a gripe aviária A. Considerando esse potencial protetivo contra organismos patológicos, especialmente os vírus, um estudo decidiu investigar a eficácia dessa glicoproteína e de produtos lácteos no combate ao SARS-CoV-2 e suas variantes.

proteína do leite combate SARS-CoV-2

Fonte: Shutterstock

Amostras lácteas e cepas de SARS-CoV-2

Para avaliar a eficácia, foram utilizados 9 produtos lácteos e lactoferrina em pó (isolado de proteína de soro de leite, concentrado de proteína de soro A, concentrado de proteína de soro B, Bioferrina 2000, Bioferrina 2000³, concentrado de lactoferrina, isolado de proteína de soro hidrolisado, lactoferrina enriquecida whey protein isolado amostra A e lactoferrina enriquecida whey protein isolado amostra B). Todas essas amostras foram utilizadas em células pulmonares humanas (H1437) infectadas com as seguintes cepas de SARS-CoV-2: WA1 (tipo selvagem), B.1.1.7 (Reino Unido), B.1.351 (Sul-Africano), P.1 (Brasil) e Delta (Índia).

Nas amostras de lactoferrina, havia 15 a 18mg de ferro/100g de pó. Além disso, esse estudo se propôs a iniciar uma medida de teste para a eficácia da lactoferrina em humanos, com o desenvolvimento de comprimidos mastigáveis com sorbitol ou dextrose contendo 25% de lactoferrina que seriam utilizados no tratamento terapêutico anti- SARS-CoV-2.

Após os devidos protocolos laboratoriais do ensaio, os pesquisadores analisaram as imagens e fluorescência do conteúdo nas células.

Produtos lácteos ou lactoferrina bovina?

Com os resultados das análises, o estudo observou que os isolados de proteína de soro de leite e outros produtos lácteos não apresentaram eficácia imunológica contra o SARS-CoV-2. E quando havia determinada eficiência, ela estava relacionada com o teor de lactoferrina, sugerindo que a atividade antiviral provinha apenas dessa glicoproteína.

A eficácia mais significativa foi observada na Bioferrina 2000 que continha > 90% de lactoferrina. A lactoferrina bovina foi testada como eficaz para todas as cepas de SARS-CoV-2 e o comprimido formulado nesse estudo apresentou significância clínica ao ser combinado com dextrose e sorbitol.

Conclusão

O estudo confirmou a eficácia imunológica da lactoferrina, especialmente quando essa está isolada ou possui alto teor em produtos lácteos. E o comprimido desenvolvido com ela demonstra um tratamento promissor, devido à sua eficácia nesse ensaio clínico, para o combate e prevenção às variantes do SARS-CoV-2.

Referência

WOTRING, Jesse W. et al. Evaluating the in vitro efficacy of bovine lactoferrin products against SARS-CoV-2 variants of concern. Journal of Dairy Science, v. 105, n. 4, p. 2791-2802, 2022.

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