Estima-se que o intestino possua cerca de mil espécies diferentes de microrganismos, distribuídas em mais de 50 diferentes filos.
No intestino de um adulto há predominância dos filos Firmicutes e Bacteroidetes, sendo que Actinobacteria (família Bifidobacteriaceae) e Proteobacterias (família Enterobacteriaceae) também são encontradas em menor número.
No filo Bacterioidetes, são mais estudados os gêneros Bacteroides e Prevotella, associados à manutenção da saúde intestinal e prevenção de doenças. Por sua vez, o filo Firmicutes contém mais de 200 gêneros, que incluem as várias espécies de Lactobacillus, também associados à saúde intestinal, e de Clostridium, que possui algumas espécies mais relacionadas ao aumento do risco de doenças, como botulismo e tétano.
A realização de sequenciamento genético da microbiota intestinal humana permitiu, identificar que em indivíduos obesos ou com doenças crônicas, como diabetes e outras alterações metabólicas, pode haver aumento do filo Firmicutes em comparação ao de Bacteroidetes, o que caracteriza quadro de disbiose.
O aumento de algumas espécies patogênicas de Firmicutes pode acontecer também com o envelhecimento, e estar associado ao aumento do risco de infeções e doenças intestinais em idosos.
Reforça-se, assim, a importância de conhecermos o perfil de bactérias intestinais e a composição da microbiota particular de cada indivíduo por meio do sequenciamento genético do material fecal. Com essa informação, é possível modular o microbioma com intervenções nutricionais e suplementação específicas(prebióticos, probióticos e simbióticos) e, dessa forma, tentar reestabelecer o quadro de simbiose intestinal e prevenir doenças.
Leia mais sobre o assunto na Série Microbioma:
- O que é simbiose e disbiose?
- Como a disbiose intestinal pode contribuir para o surgimento de doenças?
- Quais são os fatores que afetam o microbioma intestinal?
- É possível avaliar o microbioma humano?
- Qual é a influencia da dieta no microbioma intestinal?
Referências:
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GERRITSEN, Jacoline et al. Intestinal microbiota in human health and disease: the impact of probiotics. Genes & Nutrition, [s.l.], v. 6, n. 3, p.209-240, 27 maio 2011. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1007/s12263-011-0229-7
LLOYD-PRICE, Jason et al. Strains, functions and dynamics in the expanded Human Microbiome Project. Nature, [s.l.], p.61-66, 20 set. 2017. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1038/nature23889
MORAES, Ana Carolina Franco de et al. Microbiota intestinal e risco cardiometabólico: mecanismos e modulação dietética. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, [s.l.], v. 58, n. 4, p.317-327, jun. 2014. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0004-2730000002940