Em nova pesquisa, o consumo de inulina reduziu os níveis de toxinas urêmicas e melhorou a inflamação.
Em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), a perda progressiva da função dos rins resulta em um aumento de toxinas urêmicas, ou seja, substâncias tóxicas que se acumulam no corpo quando os rins não conseguem filtrá-las e eliminá-las na urina.
Em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), a perda progressiva da função dos rins resulta em um aumento de toxinas urêmicas, ou seja, substâncias tóxicas que se acumulam no corpo quando os rins não conseguem filtrá-las e eliminá-las na urina.
O acúmulo destes componentes pode acarretar diversas consequências, como a inflamação, as complicações cardiovasculares e os distúrbios minerais e ósseos.
Infelizmente, a hemodiálise não elimina as toxinas urêmicas. Por isso, outras intervenções estão sendo investigadas pela ciência. Recentemente, uma nova pesquisa examinou o papel das fibras na diminuição destas substâncias. Será que essa estratégia funcionou? Confira!
Suplementação com 10g de inulina
Em um ensaio clínico controlado, randomizado e duplo cego, os autores recrutaram 45 pacientes pré-diálise com DRC, maiores de 18 anos e com taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) ≤ 44 mL/min/1,73 m², estável por >3 meses.
Em seguida, dividiu-se estes participantes em dois grupos:
- Grupo intervenção (n=23): receberam uma dieta baixa em proteína + suplementação de inulina (10 g/dia), adicionada às refeições diárias;
- Grupo controle (n=22): dieta baixa em proteína + placebo (amido de trigo).
A inulina foi escolhida por ser uma fibra dietética solúvel comum, com efeito prebiótico, sabor neutro e baixo efeito colateral.
A dieta baixa em proteína, seguida por ambos os grupos, foi baseada em um consenso chinês de terapia nutricional em pacientes com DRC. Ela contava com 0,6 a 0,8 g/kg de proteína ao dia, além de 30 a 35 kcal/kg/dia e 100 mmol de sal diariamente.
Os desfechos primários deste estudo foram os níveis de toxinas urêmicas ligadas à proteínas, sendo estas o sulfato de indoxil (IS) e o sulfato de p-cresil (PCS). Já os desfechos secundários foram os marcadores inflamatórios, o estado nutricional e a função renal.
Os níveis de toxinas urêmicas diminuíram
Após 12 semanas, os pesquisadores notaram uma redução significativa das toxinas urêmicas IS e PCS no grupo de intervenção. Nestes indivíduos, PCS foi de 7.52 a 4.02, e IS foi de 3.42 para 2.83 mg/L.
Em outras palavras, a suplementação com inulina gerou benefícios notáveis na redução de toxinas urêmicas em pacientes com DRC. Este resultado foi consistente com estudos anteriores.
Para explicar esse resultado, um dos mecanismos sugeridos pelos autores é a capacidade da inulina em limitar as comunidades bacterianas produtoras de indol, e reduzir a produção de precursores de IS.
Além disso, a dieta baixa em proteínas também diminuiu os níveis de inflamação em ambos os grupos, mas a suplementação com inulina potencializou esse efeito para o marcador de inflamação IL-6 .
O estado nutricional e a função renal permaneceu estável em ambos os grupos.
Conclusão
Em resumo, a suplementação de fibras, aliada à uma dieta baixa em proteína, pode reduzir os níveis séricos de toxinas urêmicas e modular o estado inflamatório em pacientes com DRC pré-diálise.
Embora a pesquisa tenha apresentado algumas limitações, como amostra reduzida e diferença de gênero entre os grupos, este resultado fornece uma base promissora para apoiar tal estratégia no ambiente clínico.
Para ler o estudo completo, clique aqui.
Se você gostou deste conteúdo, leia também:
- Consenso sobre o cuidado nutricional em doença renal crônica
- Doença renal crônica e restrição de proteínas: impacto para idosos
- Doença renal: recomendações nutricionais
Referência:
Chang L, Tian R, Guo Z, He L, Li Y, Xu Y, Zhang H. Low-protein diet supplemented with inulin lowers protein-bound toxin levels in patients with stage 3b-5 chronic kidney disease: a randomized controlled study. Nutr Hosp. 2023 Aug 28;40(4):819-828. English. doi: 10.20960/nh.04643. PMID: 37409723.
A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Leia também
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.