Suplementos são usados para reduzir colesterol

Postado em 26 de setembro de 2003 | Autor: Patricia Logullo

Pesquisa feita nos Estados Unidos verificou que indivíduos que tinham hipercolesterolemia diagnosticada faziam uso de vitaminas e suplementos nutricionais na tentativa de verem reduzidos o LDL (low-density lipropotein ou lipoproteína de baixa densidade) e o colesterol total. No entanto, apesar de bastante usados naquele país, os suplementos nutricionais raramente são recomendados pelos médicos com essa finalidade.

O trabalho foi uma segunda análise feita a partir do NHANES III (National Health and Nutrition Examination Survey III), que envolvia 13.990 indivíduos, um estudo de corte transversal realizado de 1988 a 1994. A análise restringiu-se a adultos acima de 17 anos de idade que estivessem tomando pelo menos um destes seis suplementos: fibras, alho, niacina (vitamina B3), aveia, Psyllium(psílio) e levedura. Dessa forma, formaram-se três grupos: 1) indivíduos diagnosticados com hipercolesterolemia (21,1% da amostra), 2) indivíduos saudáveis tentando prevenir a doença (52,8%) e 3) indivíduos saudáveis que não estavam preocupados com a prevenção (26,1%).

No estudo do NHANES III, observou-se que aproximadamente 40% dos norte-americanos usavam pelo menos uma vitamina ou suplemento nutricional. “Sabemos, a partir de pesquisas anteriores, que o uso de vitaminas é bastante comum: mas não sabemos por que as pessoas tomam esses produtos. Devido aos possíveis efeitos benéficos dessa suplementação na hipercolesterolemia, achamos importante saber se a redução nos níveis de colesterol poderia ser um dos motivos”, relatam os pesquisadores. Uma das explicações teóricas para o possível efeito protetor desses produtos é que as vitaminas podem reduzir os níveis de homocisteína plasmática (aminoácido possivelmente responsável pelo dano arterial). Outra explicação possível seria por si só o efeito protetor de suplementações contra qualquer doença, largamente demonstrado na literatura, especialmente a prevenção de defeitos congênitos e da doença arterial coronariana.

Observou-se, neste novo estudo, que, entre os indivíduos do grupo 1 (hipercolesterolêmicos), 3,6 % estavam tomando pelo menos um dos seis suplementos. Entre os do grupo 2 (saudáveis, buscando prevenção), 1,2% estavam usando os produtos e, no grupo 3 (saudáveis), uma porcentagem bem menor: 0,7%. Pessoas com história de hipercolesterolemia tinham, portanto, maior tendência ao uso dos suplementos (odds ratio = 2,10). As pessoas acima de 50 anos e, especialmente, as acima de 64, tinham maior tendência a usar vitaminas e suplementos para tratar os altos níveis de colesterol que as outras. O mesmo ocorria com indivíduos de maior poder aquisitivo.

Os autores verificaram que, apesar de seu possível efeito redutor de LDL e do colesterol total, a suplementação era pouco usada com esse objetivo entre a população avaliada. “Futuras pesquisas deveriam verificar se o uso com essa finalidade é eficaz e se seria uma alternativa mais barata aos fármacos redutores de colesterol”, discutem os pesquisadores.

Referência (s)

Steyer TE, King DE, Mainous AG, et al. Use of nutritional supplements for the prevention and treatment of hypercholesterolemia. Nutrition. 2003;19(5):415-8.

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