O que é transtorno alimentar?

Postado em 3 de janeiro de 2022

As TA’s resultam em importantes complicações de saúde

Transtornos alimentares

Fonte: Shutterstock

Os transtornos alimentares (TA) são doenças de caráter mental, em que há uma perturbação no comportamento relacionado à alimentação, comprometendo a saúde física e psicossocial do individuo, podendo acometer crianças, adolescentes e adultos.

Esses transtornos estão muito ligados com a distorção e a preocupação excessiva com a imagem corporal, gerando comportamentos que evitam o aumento de peso, como diminuição da ingestão alimentar, o uso de laxantes ou diuréticos e a provocação ao vômito.

Sua incidência vem aumentando nos últimos anos e especialistas apontam que a alta divulgação das TA’s tenha facilitado o seu rastreamento, logo que, muitas vezes um profissional só é procurado quando o paciente se encontra em estado grave.

Por serem doenças graves com altos índices de mortalidade, os pacientes devem ser tratados e acompanhados por uma equipe de multiprofissionais, que inclui médicos, psicólogos, enfermeiros e nutricionistas para traçar um melhor planejamento e ter um melhor desfecho clínico.

Apesar da alta prevalência em meninas e mulheres, os transtornos podem acometer ambos os gêneros, diferentes classes sociais e variados pesos e distribuições corporais, o tornando um grande problema de saúde pública.

Classificação das TA’s

Segundo o DSM-5 e o CID-11, são classificados como TA as seguintes condições:

  • Pica
  • Transtorno de Ruminação
  • Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo
  • Anorexia Nervosa (AN)
  • Bulimia Nervosa (BN)
  • Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA)

No entanto, as TA’s mais conhecidas são a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar.

Anorexia Nervosa (AN)

É comum observar seu surgimento na infância e adolescência, a anorexia é caracterizada por uma restrição alimentar progressiva devido ao medo excessivo de engordar, gerando uma perda de peso contínua, havendo também uma distorção de imagem corporal.

Com tempo, esses pacientes acabam vivendo exclusivamente em função da dieta, pelo peso e forma corporal, resultando em um isolamento social.

Segundo a DSM-5, a AN possui dois tipos de manifestações clínicas, sendo elas:

  • Anorexia nervosa restritiva: o paciente apresenta apenas comportamentos restritivos com a relação à dieta consumida, sem episódios de purgação.
  • Anorexia nervosa purgativa: o indivíduo, além da restrição alimentar, apresenta episódios de compulsão alimentar, seguidos de comportamentos purgativos, como indução de vômito e uso inapropriado de laxantes.

Já pela classificação da CID-11, a AN é diagnosticada de acordo com IMC do paciente, AN com IMC significativamente baixo: IMC = 14-18,5 kg/m2 ou percentil = 0,3-5 ou AN com IMC perigosamente baixo = < 14 kg/m2 ou percentil < 0,3. Mas também pode ser subclassificada de acordo com a presença de episódios ou não de purgação.

Bulimia Nervosa (BN)

Muito comum em mulheres na adolescência e fase adulta, a bulimia tem como caraterística principal os episódios de compulsão alimentar, que gera um ciclo de compulsão alimentar-purgação, geralmente de forma escondida devido a sentimento de culpa e vergonha.

Esse tipo de TA pode ser desenvolvido devido a dietas de restrição excessiva, que potencializam episódios de compulsão alimentar e, em seguida, como forma de compensação, com o uso da alta-indução de vômito e/ou de laxantes.

De acordo com a DMS-5 a bulimia pode ser classificada como:

  • Leve: De 1-3 episódios de comportamentos compensatórios inadequados por semana.
  • Moderada: Média de 4-7 episódios por semana
  • Grave: De 8-13 vezes por semana com comportamentos compensatórios.
  • Extrema: De 14 ou mais episódios por semana.

Já pela CID-11 a bulimia é identificada quando há um ou mais episódios de compulsão por semana durante um mês, seguido de um comportamento compensatório. O que difere a bulimia com a anorexia é a perda de peso excessiva encontrada na anorexia.

Compulsão alimentar (TCA)

Comum em adolescentes acima do peso, esse transtorno é caracterizado por episódios de compulsão alimentar devido ao sentimento de falta de alto controle, seguido por um sentimento culpa e depressão, porém ao contrário da BN não há episódios recorrentes de compensação.

Pela DSM-5 a TCA tem a seguinte classificação:

  • Leve: De 1-3 episódios de compulsão por semana;
  • Moderada: Média de 4-7 episódios por semana;
  • Grave: De 8-13 vezes por semana de compulsão;
  • Extrema: De 14 ou mais episódios por semana.

 

Pela CID-11, o transtorno é caracterizado, quando o individuo apresenta de uma a mais vezes por semana o episódio de compulsão durante 3 meses.

O papel do nutricionista

Como falado anteriormente, devido à complexidade da doença, esses pacientes devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar, incluindo os cuidados do nutricionista.

O profissional de nutrição irá avaliar o estado nutricional e, a partir do diagnóstico nutricional e juntamente com toda equipe, irá desenvolver um planejamento alimentar e promover a recuperação desses indivíduos.

Considerando que muitos se encontram em desnutrição grave, a Terapia Nutricional (TN) pode ser necessária.

Veja também: Transtornos alimentares na adolescência – Manual SBP 2021

 

Referência

APPOLINÁRIO, José Carlos; CLAUDINO, Angélica M. Transtornos alimentares. Brasilian Journal Of Psythiatry, São Paulo, v. 2, n. 22, p. 28-31, dez. 2000.

(SBNP), Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. Transtornos alimentares. Boletim Sbnp, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 1-30, out. 2019.

TREASURE, Janet. Et al. Eating Disorders. The Lancet, Londres, v. 395, n. -, p. 899-911, mar. 2020.

HILUY, João C. et al. Os transtornos alimentares nos sistemas classificatórios atuais: dsm-5 e cid-11. Revista Debates In Psychiatry, Rio de Janeiro, v. 3, n. 9, p. 6-13, set. 2019.

Perturbações Alimentares – AED Report, 3º edição, 2016.

Terapia Nutricional no Paciente com Transtornos Alimentares – 2011

Cadastre-se e receba nossa newsletter