Com o objetivo de determinar a prevalência de anemia ferropriva (AF) para avaliar a…
A pesquisa foi realizada com 1.340 pacientes no estado de São Paulo
O ferro é um micronutriente essencial para diversas funções orgânicas e quando há deficiência, observamos um impacto direto na homeostase funcional do organismo. Um dos fatores que interfere na ingestão adequada do nutriente é a composição da dieta, logo que maior biodisponibilidade é observada no ferro heme (origem animal), sendo que aproximadamente 10-15% do ferro está disponível em uma dieta rica em carne, assim, indivíduos adeptos ao vegetarianismo teriam o ferro heme excluído do consumo alimentar e consumiriam apenas ferro não-heme, menos biodisponível.
Estudos antecedentes mostram que apesar da dieta vegetariana trazer benefícios contra doenças crônicas não transmissíveis, promover o controle glicêmico em diabéticos quando comparado a indivíduos onívoros, a prevalência de deficiência de ferro seria maior nesses indivíduos, especialmente em mulheres. Um dos primeiros sinais da deficiência de ferro é diminuição da ferritina sérica (abaixo de 30 ng/mL). Entretanto, alguns fatores como inflamação e infecção presente em quadro de obesidade, dariam um falso diagnóstico, uma vez que esses fatores aumentam os níveis de ferritina sérica. Nesse cenário para a avaliação de seu déficit, alguns marcadores de inflamação como proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-us), glicoproteína ácida alfa-1 e TNF-alfa seriam aliadas no seu diagnóstico.
A partir disso, um estudo realizado pela Unifesp, investigou o efeito dos determinantes do metabolismo da ferritina nas concentrações circulantes e avaliou a deficiência de ferro em indivíduos vegetarianos e onívoros.
Para o estudo, incluíram 1.340 pacientes, sendo 422 homens e 918 mulheres; entre as mulheres, 226 não menstruaram e 691 tinham ciclos menstruais regulares e em idade entre 18 a 60 anos. Os indivíduos selecionados foram divididos em 4 grupos de acordo com as suas escolhas alimentares, sendo eles: Onívoros, semi-vegetariano, ovo-lacto-vegetariano e veganos. O estado nutricional dos avaliados foi medido de acordo com a classificação de IMC e para avaliação de concentrações séricas de PCR-us , ferritina e o perfil glicêmico (glicemia de jejum e insulina) foi realizado a coleta de sangue.
Com os resultados, foi observado que em geral indivíduos onívoros apresentaram maior prevalência de obesidade, maiores concentrações de ferritina e uma predominância de deficiência de ferro (ferritina <30 ng / mL) comparado a indivíduos vegetarianos. Entretanto ao analisar indivíduos sem inflamação (sobrepeso/obesidade ou PCR-US elevado) a deficiência de ferro predominou em mulheres que tem o ciclo menstrual regular não tendo ligação com a dieta consumida.
A partir disso os pesquisadores concluíram que a deficiência de ferro deve ser avaliada em conjunto entre a ferritina e os marcadores inflamatórios (PCR-us), IMC e resistência à insulina, tanto em indivíduos vegetarianos quanto em onívoros e que a deficiência de ferro parece estar associada com perda de sangue, sem ligação direta com a dieta consumida.
Referência
Slywitch, E.; Savalli, C.; Duarte, A.C.G.; Escrivão, M.A.M.S. Iron Deficiency in Vegetarian and Omnivorous Individuals: Analysis of 1340 Individuals. Nutrients 2021, 13, 2964.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal
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Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal