O número de gestantes obesas vemcrescendo e isso acarreta num ambiente desfavorável para o feto…
Mesmo com estilo de vida saudável, obesos possuem maior propensão à mortalidade prematura
Sabe-se que a obesidade é um fator de risco para diversas doenças, incluindo câncer e covid-19. No entanto, alguns estudos anteriores sugerem que esta condição não confere risco à saúde em obesos com um estilo de vida saudável, principalmente se não possuírem complicações no metabolismo.
Contudo, uma pesquisa recente contestou essa hipótese, mostrando que o excesso de adiposidade proveniente de IMC’s elevados aumenta os riscos para mortalidade por todas as causas, mesmo em indivíduos com hábitos saudáveis ou sem complicações metabólicas. Vamos entender isso melhor?
Como se deu este estudo?
O estudo de coorte analisado incluiu 339.902 adultos ingleses sem doenças cardiovasculares, que foram recrutados entre 2006 a 2010 e acompanhados até 2018 a 2020.
O objetivo foi examinar, em subgrupos com diferentes faixas de IMC, a associação entre os seguintes parâmetros:
– Adesão à comportamentos saudáveis (nunca fumar, ingestão de álcool abaixo de 112g por semana, 150 ou 75 minutos de atividade físicas por semana, 5 ou mais porções de frutas e vegetais todos os dias);
– Ausência de complicações metabólicas de doença cardiovascular (hipertensão, diabetes e hiperlipidemia);
– Mortalidade por todas as causas.
Quais foram os principais achados?
- Quanto mais hábitos saudáveis, menor o risco de DCV e mortalidade
Em absolutamente todos os grupos de IMC, houve uma associação entre atender a um número crescente de recomendações de vida saudável, a uma incidência reduzida de doenças cardiovasculares e mortalidade.
Além disso, a recomendação de estilo de vida com maior influência de prevenção foi a não adesão ao tabagismo.
Embora essa associação tenha sido menor para pessoas com os IMC mais alto, fica claro que quanto mais comportamentos protetores, maior a redução dos riscos.
- Mesmo com hábitos saudáveis, os riscos de saúde são maiores para obesos
Apesar de cumprirem todos os hábitos de vida saudável, indivíduos com excesso de peso ou obesidade tiveram um risco crescente de mortalidade e doença cardiovascular, à medida que também cresciam seus Índices de Massa Corporal.
Entre os níveis mais extremos de obesidade (IMC ≥ 35 kg/m²), embora seus riscos reduzissem consideravelmente com a adoção de bons hábitos, ainda assim tiveram um aumento de 2 a 3 vezes no risco de morte e DCV em comparação àqueles de IMC saudável que também atendiam às recomendações.
A mesma tendência se deu para indivíduos sem complicações metabólicas, mas que estavam acima do peso: o risco de mortalidade e DCV diminuiu, mas não o suficiente para se equiparar àqueles que possuem o IMC normalizado.
Novamente, quanto maior o IMC, maiores são os riscos.
- Os riscos aumentam ainda mais na presença de complicações metabólicas
Para indivíduos que possuíam complicações no metabolismo, independente da faixa de IMC, são maiores os riscos de doenças cardiovasculares incidentes ou fatais, bem como de mortalidade por causas generalizadas.
Além disso, o aumento relativo desses riscos foi ainda maior para os subgrupos de IMC mais elevados.
- Apesar de tudo, IMC normal não é garantia de saúde
A pesquisa constatou que indivíduos com IMC normalizado que não atendiam às recomendações de estilo de vida saudável estavam entre aqueles com maior risco de morte entre a coorte.
Entre outros motivos, isso ocorreu, pois a exposição a fatores como tabagismo e ingestão de álcool representa uma proporção substancial das causas de magreza na Europa, onde o estudo se passa.
Assim, não se deve presumir que todos os indivíduos magros estejam automaticamente saudáveis.
E então, qual é a conclusão?
A análise nos mostra que a inclusão de estratégias de vida saudável é um benefício significativo para todos. No entanto, é insuficiente para compensar todos os riscos cardiovasculares e de mortalidade prematura associados ao excesso de peso, independentemente de haver ou não alterações metabólicas.
Portanto, a combinação entre obesidade e vida saudável pode até se fazer presente, mas os riscos provenientes desta condição não cessam totalmente.
Assim, os autores concluem que a promoção de comportamentos saudáveis deve vir acompanhada de intervenções abrangentes, que também auxiliem as pessoas a alcançarem IMC’s mais próximos de faixas normalizadas, como uma estratégia de saúde preventiva.
Referências:
HEATH, Laura et al. Obesity, metabolic risk and adherence to healthy lifestyle behaviours: prospective cohort study in the UK Biobank. BMC medicine, v. 20, n. 1, p. 1-12, 2022.
Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal
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Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal