A Vitamina C auxilia no bom funcionamento do sistema imunológico?

Postado em 23 de março de 2020 | Autor: Natália Magalhães

Vitamina C é um participante crucial em vários aspectos do sistema imunológico

O sistema imunológico é uma rede de órgãos, tecidos e células, que protege o hospedeiro de uma variedade de patógenos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, além de ajudar a reparar os danos por insultos nocivos causados ​​por fatores externos, como poluentes ambientais e toxinas inatas dos alimentos. Cada estágio dessa resposta imune depende da presença de certos micronutrientes. E mais de meio século de pesquisa mostrou que a vitamina C é um participante crucial em vários aspectos do sistema imunológico, particularmente na função das células imunes.

A vitamina C é também conhecida como ácido ascórbico, ácido deidroascórbico, L-ácido ascórbico e vitamina antiescorbútica. Por ser solúvel em água, acredita-se que ela faça parte da primeira linha de defesa do organismo, contribuindo para seus efeitos moduladores imunológicos ativos e inativos.

Em outas palavras, a vitamina C protege as células do organismo contra o estresse oxidativo causado por infecções, demonstrando seu papel na saúde. Ela se acumula nas células fagocíticas, como os neutrófilos, e pode melhorar a quimiotaxia, fagocitose, geração de oxidantes e, por fim, a morte microbiana. Sua concentração em fagócitos e linfócitos é alta se comparada a níveis plasmáticos, o que pode indicar um papel no funcionamento destas células.

Sua absorção ocorre por processo ativo, dependente de sódio, na membrana da borda em escova da mucosa intestinal, e por um mecanismo independente de sódio na membrana basolateral.  Sua biodisponibilidade é determinada medindo-se o aumento da concentração da vitamina no plasma após uma dose oral, fazendo a comparação com o aumento da concentração após a mesma dose administrada por via intravenosa.

A deficiência de vitamina C resulta em imunidade prejudicada e, consequentemente, maior risco de contrair doenças. Um dos sintomas importantes do escorbuto é a suscetibilidade acentuada a infecções, principalmente do trato respiratório.

A recomendação da vitamina para indivíduos da faixa etária de 19 a ≥ 70 anos (RDA) é de 75 mg/d para mulheres e 90 mg/d para homens.  Esse nutriente é encontrado exclusivamente em alimentos de origem vegetal, sendo as maiores fontes:  laranja pera, mamão papaia, manga palmer, acerola, caju, brócolis, rúcula e outros.

Não há evidencia de nenhum efeito significativo da suplementação com vitamina C para prevenção de resfriado comum, mas alguns estudos demonstram diminuição do período e gravidade da doença, bem como na melhora dos sintomas.

Pensando no momento em que estamos vivendo, vale ressaltar que o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) emitiu uma nota informando que NÃO EXISTEM PROTOCOLOS TÉCNICOS, NEM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS QUE SUSTENTEM ALEGAÇÕES MILAGROSAS para tratamento do novo Coronavírus (SARS-CoV-2). Segundo a mesma linha, o Ministério da Saúde afirma que não há nenhum tratamento específico capaz de realizar prevenção ou cura da infecção por COVID-19 até o momento.

Certamente, uma alimentação rica em micronutrientes (minerais e vitaminas) associada a substâncias bioativas (não nutrientes) presentes em alimentos que possuem atividade de redução do risco de doenças, se utilizados de forma habitual, podem condicionar um sistema imunológico mais eficiente, com menor risco de doenças. A alimentação saudável depende de uma diversidade alimentar, não de supostos superalimentos isolados, e deve ser adequada a cada indivíduo conforme assistência prestada pelo nutricionista.

Referências:

CARR, A. C.; MAGGINI, S. Vitamin C and Immune Function. Nutrients, v. 9, n. 11, 3 nov. 2017.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS – CFN. Orientações à população e para os nutricionistas sobre o novo coronavírus.

COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de nutrientes. 5ed. São Paulo: Editora Manole, 2016.

MOUSAVI, S.; BERESWILL, S.; HEIMESAAT, M. M. Immunomodulatory and Antimicrobial Effects of Vitamin C. Eur J Microbiol Immunol, v. 9, n. 3, p. 73-79, 3 out. 2019.

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