Deficiências de micronutrientes em pacientes críticos

Postado em 27 de julho de 2021 | Autor: Marcella Gava

Pacientes já chegam a UTI com déficit de vitaminas e minerais

Deficiências de micronutrientes

Devido às propriedades antioxidantes de vários micronutrientes, a deficiência destes pode piorar o estresse oxidativo em pacientes críticos. Assim o estudo conduzido por Koekkoek e colaboradores determinou os níveis plasmáticos de selênio, b-caroteno, vitamina C, vitamina E e vitamina B1 e B6 durante a primeira semana de internação na UTI e comparou estes valores com as concentrações de micronutrientes de controles saudáveis pareados por idade. Também foi analisada uma possível associação entre os níveis de micronutrientes e a gravidade da doença, inflamação e ingestão de micronutrientes via enteral durante a internação na UTI.

Para isso foi realizado um estudo prospectivo observacional com pacientes críticos. Foram recrutados indivíduos saudáveis para serem controles. Os pacientes receberam o tratamento padrão da UTI. Foram aplicados questionários para os pacientes e também controles, com informações médicas, antropométricas e de estilo de vida.

Fizeram parte do estudo 24 pacientes e 18 voluntários, com idade média de 65,5 e 66 anos, respectivamente.  Os níveis de selênio, b-caroteno, vitamina C e vitamina E foram significativamente mais baixos nos pacientes de UTI do que nos controles (p <0,001). Os níveis de vitamina B1 e B6 não apresentaram diferença entre eles. Na primeira semana de internação na UTI os níveis de selênio permaneceram estáveis e baixos, os níveis de b-caroteno estavam abaixo do normal no início, mas aumentaram significativamente no dia 7, os níveis de vitamina C permaneceram abaixo dos valores normais e caíram significativamente do dia 1 até o dia 5, os níveis de vitamina E permaneceram dentro de valores normais e aumentaram significativamente nos dias 5 e 7, e os níveis de vitamina B1 e vitamina B6 permanecem estáveis e dentro do intervalo normal. A gravidade do quadro foi avaliada diariamente através do SOFA e não foram encontradas associações entre o nível dos micronutrientes e o escore. Também não foi encontrada relação entre os micronutrientes e os níveis de PCR.

Assim os autores concluíram que na admissão na UTI os pacientes já apresentavam valores de micronutrientes inferiores ao grupo controle. Não foi encontrada associação entre os níveis de micronutrientes e a severidade da doença, níveis de PCR ou ingestão de micronutrientes. A dieta enteral não foi capaz de normalizar os níveis de micronutrientes na primeira semana de internação na UTI.

Referência:

Koekkoek WAC, et al. Micronutrient deficiencies in critical illness. Clinical Nutrition. 2021. 40; 3780-3786.

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