Dieta cetogênica no tratamento de esteatose hepática não alcoólica

Postado em 3 de setembro de 2020 | Autor: Marcella Gava

A dieta cetogênica melhorou metabolismo de triglicerídeos e carboidratos

Queijos, frutas em cima da mesa

A dieta cetogênica tem sido utilizada no tratamento de pacientes com esteatose hepática não alcoólica (NASH) devido aumento de ácidos graxos circulantes, substrato da síntese hepática de triglicerídeos, revertendo assim a NASH e melhorando a resistência insulínica.

Sendo assim, foram examinamos os efeitos acurto prazo da dieta cetogênica sobre esteatose hepática avaliando o conteúdo de triglicerídeos intrahepáticos (TGIH) e a rigidez do fígado por
espectroscopia de ressonância magnética / elastografia (1H-MRS / MRE)

Para isso foram recrutados 10 participantes adultos com diagnóstico de NASH. Estes indivíduos realizaram a DC durante seis dias, totalizando 1440kcal por dia (6% CHO, 64% lipídeos, 28% proteínas), sendo que as refeições foram todas fornecidas pelos pesquisadores aos participantes. Foram aplicados questionários, avaliação antropométrica e colhidas amostras de sangue.

Quais foram os efeitos da dieta cetôgenica no tratamento da NASH?

A dieta cetogênica proporcionou uma redução significativa na ingestão de carboidratos pelos participantes (p<0,000001), porém a quantidade de lipídeos e proteínas se manteve estável, o que levou a uma redução das calorias totais ingeridas (2,019 ± 177 vs. 1,444 kcal/d, p<0.01). A concentração de corpos cetônicos aumentou 10 vezes (p<0.001) e de acetoacetato (ACAC) seis vezes (p<0.001). O peso corporal reduziu em média 3 kg (P < 0.00001). Os triglicerídeos intrahepáticos (TGIH) reduziu de 10.3 ± 2.3 to 7.1 ± 2.0% (P < 0.001), avaliado através da  1H-MRS. Já a rigidez do fígado não foi alterada, conforme demonstrado por MRE. Gama GT e fosfatase alcalina reduziram enquanto AST e ALT, colesterol total, LDL e HDL permaneceram sem alterações. A glicemia de jejum reduziu, porém os ácidos graxos não esterificados aumentaram 35%. A produção de glicose endógena reduziu 22% e a produção de lactato aumentou 18%.

Qual foi a conclusão dos autores?

Assim, os autores concluíram que a dieta cetogênica por 6 dias diminuiu acentuadamente o conteúdo de gordura hepática e a resistência hepática à insulina e que essas alterações foram associadas ao aumento da hidrólise líquida dos triglicerídeos hepáticos e diminuição da produção endógena de glicose e das concentrações séricas de insulina. Demonstrado adaptações. até então não descritas, subjacentes à reversão da NASH por dieta cetogênica.

Referências

Luukkonen PK et al. Effect of a ketogenic diet on hepatic steatosis and hepatic mitochondrial metabolism in nonalcoholic fatty liver disease. Proc Natl Acad Sci U S A. 2020 Mar 31; 117(13): 7347–7354.

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