A diferença está entre o nível de hidrólise dos macronutrientes.
A nutrição enteral é utilizada para alcançar as necessidades energéticas de indivíduos que não podem se alimentar pela via oral. Anteriormente, discutimos como é feita a classificação das dietas enterais. Neste artigo, iremos nos aprofundar nos principais tipos de fórmulas enterais e suas diferenças, sendo estas a dieta enteral polimérica, oligomérica e elementar. Confira!
O que é uma dieta enteral polimérica?
A dieta enteral polimérica compreende as fórmulas padrão, que possuem os macronutrientes em sua forma intacta: proteínas (polipeptídeos), carboidratos complexos e ácidos graxos de cadeia longa e média.
As fontes mais comuns de macronutrientes destas fórmulas são descritas a seguir:
- Proteínas: caseinato, proteína de soja, soro do leite;
- Lipídios: óleo de canola, de girassol, de soja ou peixe. Pode ter adição de TCM e AG essenciais;
- Carboidratos: maltodextrina, xarope de milho, sacarose. Pode conter fibras como inulina, FOS e goma guar.
Na dieta enteral polimérica, os nutrientes são mais compatíveis com aqueles consumidos pela via oral, com alimentos sólidos. Por isso, necessita-se de um trato digestório funcionante para que eles sejam digeridos e absorvidos de forma apropriada.
O que é dieta enteral oligomérica?
A dieta enteral oligomérica, também conhecida como “semi-elementar”, difere das fórmulas poliméricas por possuir nutrientes parcialmente hidrolisados, principalmente os oligopeptídeos. Também inclui oligossacarídeos e triglicerídeos de cadeia média (TCM).
Por conterem substâncias “pré-digeridas”, essas fórmulas facilitam a absorção e levam a menor produção de resíduos de fezes. Geralmente, são indicadas para pacientes com funções gastrointestinais prejudicadas. Entretanto, são aproximadamente 3x mais caras que a dieta enteral polimérica.
O que é dieta enteral elementar?
A dieta enteral elementar conta com nutrientes totalmente hidrolisados, sendo que as proteínas estão presentes na forma de aminoácidos livres. Os carboidratos e os lipídios, por sua vez, também estão em formas altamente absorvíveis, como maltodextrinas e TCM.
Em geral, as fórmulas elementares são reservadas para pacientes que não toleram as outras dietas, apresentando sintomas de má digestão ou má absorção.
Quando usar dieta polimérica, oligomérica ou elementar?
A indicação da dieta mais adequada dependerá do posicionamento da sonda e da capacidade digestiva/absortiva do paciente.
Na grande maioria dos casos, a dieta enteral polimérica é suficiente. Porém, quanto mais prejudicadas as funções gastrointestinais e quanto mais distalmente a sonda for posicionada, maior a indicação para dietas oligoméricas ou elementares, a fim de melhorar o aproveitamento dos nutrientes.
Algumas condições que se beneficiam de dietas semi ou elementares incluem:
- Síndrome do intestino curto;
- Insuficiência intestinal;
- Insuficiência pancreática exócrina;
- Gastroparesia.
Apesar de haver uma falta de diretrizes claras quanto ao uso de cada fórmula para diferentes condições de saúde, algumas recomendações foram feitas.
Segundo a ASPEN, SCCM e ESPEN, não há benefícios claros de fórmulas oligoméricas ou elementares para pacientes de UTI. A ESPEN também recomenda uma dieta polimérica na doença inflamatória intestinal.
Já para pacientes com diarréia persistente, suspeita de má absorção ou falta de respostas às fibras, a ASPEN e a SCCM indicam formulações oligoméricas.
Conclusão
Como visto, a diferença entre a dieta enteral polimérica, oligomérica e elementar é o nível de hidrólise dos nutrientes, particularmente as proteínas.
Embora a dieta enteral polimérica seja a formulação padrão, cabe à Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) avaliar cada caso individualmente, de modo a garantir a segurança e melhora do estado nutricional dos pacientes. Estar sempre atento às novas diretrizes e artigos científicos sobre o tema é crucial.
Se você gostou deste artigo, leia também:
- Como é feita a classificação das dietas enterais?
- E na prática, como faz? Prescrição de dieta enteral
- Diretriz ESPEN sobre nutrição enteral domiciliar
Referências:
Griffin, J. Enteral Nutrition Therapy: Which Formula Do You Use?. Curr Treat Options Gastro 20, 392–405 (2022). https://doi.org/10.1007/s11938-022-00391-0
Guia de nutrição enteral ambulatorial e domiciliar [recurso eletrônico] / Lúcia Leite Lais e Sancha Helena de Lima Vale (organizadoras). – Natal: Edição do Autor, 2018.
Limketkai, B.N., Shah, N.D., Sheikh, G.N. et al. Classifying Enteral Nutrition: Tailored for Clinical Practice. Curr Gastroenterol Rep 21, 47 (2019). https://doi.org/10.1007/s11894-019-0708-3
A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Leia também
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.