Dieta enteral polimérica, oligomérica e elementar: qual a diferença?

Postado em 27 de novembro de 2023

A diferença está entre o nível de hidrólise dos macronutrientes.

A nutrição enteral é utilizada para alcançar as necessidades energéticas de indivíduos que não podem se alimentar pela via oral. Anteriormente, discutimos como é feita a classificação das dietas enterais. Neste artigo, iremos nos aprofundar nos principais tipos de fórmulas enterais e suas diferenças, sendo estas a dieta enteral polimérica, oligomérica e elementar. Confira!

dieta enteral polimérica

Fonte: Canva.com

O que é uma dieta enteral polimérica?

A dieta enteral polimérica compreende as fórmulas padrão, que possuem os macronutrientes em sua forma intacta: proteínas (polipeptídeos), carboidratos complexos e ácidos graxos de cadeia longa e média. 

As fontes mais comuns de macronutrientes destas fórmulas são descritas a seguir:

  • Proteínas: caseinato, proteína de soja, soro do leite;
  • Lipídios: óleo de canola, de girassol, de soja ou peixe. Pode ter adição de TCM e AG essenciais;
  • Carboidratos: maltodextrina, xarope de milho, sacarose. Pode conter fibras como inulina, FOS e goma guar.

Na dieta enteral polimérica, os nutrientes são mais compatíveis com aqueles consumidos pela via oral, com alimentos sólidos. Por isso, necessita-se de um trato digestório funcionante para que eles sejam digeridos e absorvidos de forma apropriada. 

O que é dieta enteral oligomérica?

A dieta enteral oligomérica, também conhecida como “semi-elementar”, difere das fórmulas poliméricas por possuir nutrientes parcialmente hidrolisados, principalmente os oligopeptídeos. Também inclui oligossacarídeos e triglicerídeos de cadeia média (TCM). 

Por conterem substâncias “pré-digeridas”, essas fórmulas facilitam a absorção e levam a menor produção de resíduos de fezes. Geralmente, são indicadas para pacientes com funções gastrointestinais prejudicadas. Entretanto, são aproximadamente 3x mais caras que a dieta enteral polimérica.

O que é dieta enteral elementar?

A dieta enteral elementar conta com nutrientes totalmente hidrolisados, sendo que as proteínas estão presentes na forma de aminoácidos livres. Os carboidratos e os lipídios, por sua vez, também estão em formas altamente absorvíveis, como maltodextrinas e TCM.

Em geral, as fórmulas elementares são reservadas para pacientes que não toleram as outras dietas, apresentando sintomas de má digestão ou má absorção. 

Quando usar dieta polimérica, oligomérica ou elementar?

A indicação da dieta mais adequada dependerá do posicionamento da sonda e da capacidade digestiva/absortiva do paciente. 

Na grande maioria dos casos, a dieta enteral polimérica é suficiente. Porém, quanto mais prejudicadas as funções gastrointestinais e quanto mais distalmente a sonda for posicionada, maior a indicação para dietas oligoméricas ou elementares, a fim de melhorar o aproveitamento dos nutrientes. 

Algumas condições que se beneficiam de dietas semi ou elementares incluem:

  • Síndrome do intestino curto;
  • Insuficiência intestinal;
  • Insuficiência pancreática exócrina;
  • Gastroparesia.

Apesar de haver uma falta de diretrizes claras quanto ao uso de cada fórmula para diferentes condições de saúde, algumas recomendações foram feitas. 

Segundo a ASPEN, SCCM e ESPEN, não há benefícios claros de fórmulas oligoméricas ou elementares para pacientes de UTI.  A ESPEN também recomenda uma dieta polimérica na doença inflamatória intestinal.

Já para pacientes com diarréia persistente, suspeita de má absorção ou falta de respostas às fibras, a ASPEN e a SCCM indicam formulações oligoméricas.

Conclusão

Como visto, a diferença entre a dieta enteral polimérica, oligomérica e elementar é o nível de hidrólise dos nutrientes, particularmente as proteínas. 

Embora a dieta enteral polimérica seja a formulação padrão, cabe à Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) avaliar cada caso individualmente, de modo a garantir a segurança e melhora do estado nutricional dos pacientes. Estar sempre atento às novas diretrizes e artigos científicos sobre o tema é crucial.

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Referências:

Griffin, J. Enteral Nutrition Therapy: Which Formula Do You Use?. Curr Treat Options Gastro 20, 392–405 (2022). https://doi.org/10.1007/s11938-022-00391-0

Guia de nutrição enteral ambulatorial e domiciliar [recurso eletrônico] / Lúcia Leite Lais e Sancha Helena de Lima Vale (organizadoras). – Natal: Edição do Autor, 2018.

Limketkai, B.N., Shah, N.D., Sheikh, G.N. et al. Classifying Enteral Nutrition: Tailored for Clinical Practice. Curr Gastroenterol Rep 21, 47 (2019). https://doi.org/10.1007/s11894-019-0708-3

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