“Efeito Placebo”. Ele existe?

Postado em 18 de dezembro de 2018 | Autor: Marcella Gava

49,1% dos pacientes relatam efeitos adversos ao ingerirem placebo

cápsulas de remédio saindo de um recipiente

Estudo levantou e discutiu evidências sobre a presença de efeitos adversos (EA) em estudos com grupos placebos em diferentes condições. Para tal, foram selecionadas revisões sistemáticas de estudos clínicos randomizados que reportaram EA no grupo placebo, efeitos esses muitas vezes associados às intervenções.

Foram selecionadas 20 revisões sistemáticas que totalizaram 1271 estudos clínicos randomizados que contavam com 250.726 pacientes tratados com placebo em estudos realizados nos últimos 12 anos.

Os autores encontraram uma média de prevalência de EA nos grupos placebos de 49,1%. O EA mais comumente relatado foram dores relacionadas à situação em estudo, seguido de depressão, esclerose múltipla, doença neuronal motora, síndrome da perna inquieta, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença cardiovascular e epilepsia. No total, foram encontrados 90 tipos distintos de EAs, e os sintomas mais prevalentes foram dor de cabeça e vômito. Fadiga, insônia, queimação, sonolência, tonturas, constipação, dor abdominal e boca seca também foram relatados. A taxa de desistência no grupo placebo devido os EA foi de 5%.

As questões discutidas para justificar os resultados encontrados foram a “atribuição incorreta” da causa do sintoma, e o fato de que o modo como os pacientes são avisados ​​sobre EA faz com que eles acreditem que terão um evento adverso.

Com isso, os autores concluíram que ensaios clínicos devem garantir a redução deste potencial fator de conclusão, e o cuidado com o fato de como comunicar os possíveis EA pode ser uma saída.

Referência:

Howick JWebster RKirby NHood KRapid overview of systematic reviews of nocebo effects reported by patients taking placebos in clinical trials. Trials. 2018 Dec 11;19(1):674.

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