Estudo identifica biomarcadores da doença hepática não-alcoólica

Postado em 12 de dezembro de 2022 | Autor: Redação Nutritotal

Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores indica os principais biomarcadores que atestam a doença hepática não-alcoólica

As últimas décadas foram acompanhadas por um aumento notório da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, ligadas ao padrão de alimentação e excesso do consumo de alimentos ultraprocessados. Dentre elas, se destacam a síndrome metabólica, a obesidade, a diabetes mellitus tipo 2 e as doenças cardiovasculares.

Estudo identifica biomarcadores da doença hepática não-alcoólica | Imagem: shutterstock

Nesse contexto, podemos observar alguns resultados epidemiológicos, como a ascensão da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Clinicamente descrita como um espectro de doenças hepáticas combinada com distúrbios metabólicos e cardiovasculares, é altamente associada à obesidade abdominal, diabetes e dislipidemia.

A esteatose hepática, uma subcategoria de DHGNA, é definida como mais de 5% de acúmulo de gordura no fígado. Entretanto, o fígado gorduroso se apresenta assintomático em seus estágios iniciais, dificultando seu diagnóstico e aumentando a morbidade dessas doenças.

Atualmente, o padrão-ouro no quesito de diagnóstico de DHGNA é a biópsia hepática, porém é um procedimento muito invasivo para ser utilizado na prática clínica. Pensando nisso, um grupo de pesquisadores realizou um estudo para avaliar a associação da presença de DHGNA e parâmetros clínicos, bioquímicos e antropométricos.

Metodologia do estudo

O estudo em questão foi realizado com uma população de 87 pessoas com obesidade do sul da Itália, excluindo-se aqueles que apresentassem doenças endocrinológicas, como diabetes mellitus, e consumo exacerbado de álcool, a fim de evitar os fatores de confusão como causa das doenças hepáticas.

O trabalho consistiu na coleta de exames completos de marcadores metabólicos e bioquímicos, das medidas antropométricas e da análise de bioimpedância dos participantes e posteriormente submetidos a análises estatísticas e algoritmos de estimativa de risco de doença hepática.

Biomarcadores de DHGNA

Os resultados do estudo demonstraram 40% de incidência da DHGNA na população amostrada, sendo a porcentagem expressivamente maior em homens, indicando a predominância masculina nesse quadro clínico, o que é endossado por evidências científicas anteriores ao estudo.

Obesidade

A associação entre o desenvolvimento de DHGNA e o perfil metabólico e composição corporal da obesidade foi atestada expressivamente neste estudo. O excesso de massa gorda, circunferência de cintura e IMC elevados e a obesidade abdominal estiveram fortemente alinhados com a incidência dessa doença.

Um relatório do Dyonisos and Nutrition Liver Study indicou um risco aumentado em até 6 vezes de desenvolver DHGNA em indivíduos com obesidade abdominal, sendo recomendada a perda de peso e mudança dos hábitos de vida dessa população.

Perfil glicêmico

As altas taxas de resistência à insulina podem levar ao desenvolvimento de DHGNA ao passo que promove o aumento do fluxo de ácidos graxos livres em direção ao fígado. Além disso, por acarretar em aumento da lipogênese, promove também o acúmulo de triglicerídeos nesse órgão.

Os níveis de insulina sérica apresentaram-se notoriamente elevados nos indivíduos que possuíam DHGNA, mesmo antes do desenvolvimento da diabetes, associando positivamente a prevalência da doença com o nível de insulina sanguíneo.

Creatinina e Ferritina

Esses dois compostos tiveram sua concentração sanguínea elevada associada ao desenvolvimento e agravo do quadro clínico de DHGNA. O aumento da creatinina pode ser explicado pela maior prevalência de doença renal crônica nos pacientes com DHGNA, independente de variáveis de confusão.

Já o aumento da ferritina pode ser derivado do aumento da inflamação hepática causado pela DHGNA. Esse aumento da concentração de ferritina tende a ser comum em adultos com essa doença, causando alterações do ferro sérico.

Conclusão

A partir do estudo realizado pôde-se identificar com mais precisão os biomarcadores da doença hepática gordurosa não alcoólica, destacando-se a obesidade abdominal e IMC elevado, resistência à insulina e aumento das concentrações de creatinina e ferritina. Dessa forma, o diagnóstico precoce e o tratamento efetivo da doença podem ser estimulados, diminuindo a morbidade associada.

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Referência

De Nucci S, Castellana F, Zupo R, Lampignano L, Di Chito M, Rinaldi R, Giannuzzi V, Cozzolongo R, Piazzolla G, Giannelli G, Sardone R and De Pergola G (2022) Associations between serum biomarkers and non-alcoholic liver disease: Results of a clinical study of Mediterranean patients with obesity. Front. Nutr. 9:1002669. doi: 10.3389/fnut.2022.1002669

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