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Existe relação entre disbiose e doenças neurodegenetarivas?

Postado em 17 de julho de 2018 | Autor: Natalia Lopes

Existem evidências que sim! Alterações no microbioma intestinal têm sido observadas nos distúrbios neurológicos, como na doença de Alzheimer (DA), doença de Parkinson (DP) e esclerose múltipla.

O eixo intestino-cérebro permite sinalização bidirecional entre o trato gastrointestinal (TGI) e o sistema nervoso central (SNC) pelo nervo vago e nervos espinhais. Acredita-se que essa comunicação ocorra através de peptídeos como o neuropeptídeo Y, colecistocinina (CCK), grelina, leptina; e de neurotransmissores como dopamina, serotonina (5-HT), GABA, acetilcolina (Ach) e glutamato, componentes que têm sua síntese alterada em situações de disbiose intestinal.

Além disso, o aumento da permeabilidade intestinal resultante da condição de disbiose provoca maior translocação de bactérias, vírus e seus produtos, como citocinas pró-inflamatórias, para o sistema nervoso entérico e central. Esse processo inflamatório intestinal de baixa intensidade provocado por essas citocinas poderia estar associado ao desenvolvimento de DA e DP.

Deve-se considerar, ainda, que as doenças neurodegenerativas acometem principalmente os idosos, população que sabidamente apresenta alterações nas populações bacterianas intestinais, com aumento de Proteobacteria, diminuição de Bifidobacterias e redução significativa da produção de Ácidos Graxos de Cadeia Curta. Nesse sentido, já foi demonstra do que o uso de probióticos está associado a diminuição de citocinas pró-inflamatórias e melhora da resposta inflamatória associada à DA.

Embora ainda seja necessário esclarecer melhor essa ligação, conhecer o tipo e classificação do microbioma fecal humano, por meio de seu sequenciamento genético, parece ser promissor quando o assunto é tratamento e prevenção de doenças neurodegenerativas.

Leia mais sobre o assunto na Série Microbioma:

Referências:

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