Obesidade global em ascensão: entenda os dados recentes e previsões para o futuro.
A obesidade é uma epidemia global. Conhecer seu panorama atual e prever sua trajetória futura é crucial para fornecer uma base de evidências para políticas públicas.

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Recentemente, foram publicados relatórios mundiais que ilustram o cenário global da condição, em um verdadeiro “mapa da obesidade”. A seguir, confira as principais informações trazidas nestes materiais.
Obesidade: dados de 2021 e previsões para 2050
Em março de 2025, dois materiais sobre o cenário da obesidade infantil e adulta foram publicados na revista científica The Lancet, com base em dados de 2021. Para a obesidade adulta, os autores atestam:
– Comparado a 1990, a prevalência global de obesidade aumentou 155,1% em homens e 104,9% em mulheres.
– Em 2021, estimava-se que 1,00 bilhão de homens adultos e 1,11 bilhão de mulheres adultas tinham sobrepeso ou obesidade.
– Os países com maior população adulta com sobrepeso e obesidade foram China, Índia e Estados Unidos.
– Assumindo a continuidade das tendências atuais, até 2050, estima-se que o número total de adultos com sobrepeso e obesidade atingirá 3.80 bilhões, mais da metade da população adulta global.
Obesidade infantil
– Entre 1990 e 2021, a prevalência combinada de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes dobrou e a obesidade sozinha triplicou.
– Em 2021, o número estimado de indivíduos com obesidade foi:
- 93,1 milhões de crianças e adolescentes jovens (5–14 anos)
- 80,6 milhões de adolescentes mais velhos (15–24 anos)
– A maior prevalência de sobrepeso e obesidade foi observada no Norte da África e Oriente Médio.
– Para 2050, estima-se que 15,6% das crianças (5–14 anos) terão obesidade – aproximadamente 186 milhões; e 14,2% dos adolescentes mais velhos (15–24 anos) terão obesidade – cerca de 175 milhões.
Atlas da obesidade de 2025: tendências para 2030
Segundo o Obesity Atlas 2025, as estimativas indicam que, até 2030, quase 3 bilhões de adultos (cerca de 50% da população adulta) terão IMC elevado. No mesmo ano, 17% dos homens e 22% das mulheres estarão vivendo com obesidade.
Vale destacar que o número de adultos vivendo com obesidade classe II (IMC ≥35 kg/m²) pode chegar a 400 milhões até 2030, sendo a maioria mulheres. Dois em cada três adultos com IMC >35 kg/m² estarão em países de média e baixa renda.
Nos países de alta renda, observa-se uma estabilização na prevalência de sobrepeso, algo que não ocorre nos demais grupos de renda. No entanto, a prevalência geral de IMC elevado continua crescendo em todas as faixas de renda, com aumento expressivo na obesidade classe II e acima (IMC ≥35 kg/m²).
Obesidade do Brasil: principais dados
No Brasil, em 2025, 31% da população adulta vive com obesidade, e 68% estão com sobrepeso. A projeção é que, em 2035, 119.16 milhões de adultos irão conviver com um alto IMC.
Outros dados também indicam:
- 60.913 mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis devido ao IMC alto (2021)
- Consumo de bebidas adoçadas com açúcar por pessoa por semana: 1000-2500 ml
- Proporção de adultos com atividade física insuficiente: 40-50%
Como acelerar as ações contra a obesidade?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou propostas para acelerar ações contra a obesidade. São cinco políticas para promover dietas saudáveis e atividade física:
1) Tributação sobre bebidas açucaradas
2) Tributação sobre alimentos ultraprocessados
3) Subsídios para alimentos mais saudáveis
4) Restrições à publicidade de alimentos para crianças
5) Tributação para promover a atividade física
Nenhum país implementa todas as cinco políticas e ações recomendadas, e apenas 17 países adotaram três ou quatro delas. Por outro lado, a maioria dos 17 países com três ou quatro políticas implementadas são de baixa e média renda:
- Quatro das cinco políticas: Índia, México, Seychelles e Tonga
- Três das cinco políticas: Brasil, Brunei Darussalam, Equador, Fiji, Finlândia, Hungria, Letônia, Malásia, Maldivas, Portugal, Samoa, Tuvalu e Reino Unido
As 3 políticas que o Brasil implementa são as tributações sobre bebidas açucaradas, a restrição à publicidade infantil, e a tributação para promover a atividade física.
Conclusão
Como visto, simplesmente reconhecer a obesidade como um problema de saúde global não é suficiente. Suas tendências de aumento requerem ações agressivas e direcionadas para enfrentar essa crise.
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Referências:
Kerr, J. A., Patton, G. C., Cini, K. I., Abate, Y. H., Abbas, N., Abd Al Magied, A. H., … & Azzolino, D. (2025). Global, regional, and national prevalence of child and adolescent overweight and obesity, 1990–2021, with forecasts to 2050: a forecasting study for the Global Burden of Disease Study 2021. The Lancet, 405(10481), 785-812.
Ng, M., Gakidou, E., Lo, J., Abate, Y. H., Abbafati, C., Abbas, N., … & Azargoonjahromi, A. (2025). Global, regional, and national prevalence of adult overweight and obesity, 1990–2021, with forecasts to 2050: a forecasting study for the Global Burden of Disease Study 2021. The Lancet.
World Obesity Federation. World Obesity Atlas 2025. London: World Obesity Federation, 2025.
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