As principais indicações para transplante hepático incluem alcoolismo, cirrose, hepatite e esteatose.
de um fígado doente para a colocação de um fígado sadio, em portadores de doenças hepáticas agudas ou crônicas nos quais os tratamentos conservadores não se mostram efetivos. O principal objetivo é melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes.
No Brasil, de 2015 a 2019, houve um aumento de 22% no número de Transplantes Hepáticos em adultos, passando de 1.660 para 2.087. Por isso, é importante que os profissionais de saúde que fazem parte do grupo multidisciplinar (hepatologistas, cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, entre outros) busquem sempre se informar acerca do procedimento. Conheça mais detalhes sobre o Transplante Hepático a seguir.
Quais são as indicações para Transplante Hepático?
Um transplante de fígado é recomendado quando o fígado de uma pessoa não funciona mais adequadamente o suficiente para mantê-la viva, ou seja, em pacientes com insuficiência hepática.
A insuficiência hepática pode ocorrer de forma repentina (insuficiência hepática aguda) como resultado de infecção ou complicações de certos medicamentos, por exemplo.
Já a insuficiência hepática crônica é proveniente de problemas de longo prazo, geralmente como resultado de colangite, uma condição na qual o tecido saudável do fígado foi substituído por tecido cicatricial, tornando o órgão incapaz de realizar suas funções normais. A colangite pode ser resultante de diversos fatores, como abuso de álcool ou hepatite C.
Em resumo, as principais condições que podem resultar em Transplante Hepático são:
- Alcoolismo
- Ascite
- Atresia biliar
- Carcinoma hepatocelular
- Cirrose hepática
- Colangite biliar primária
- Colangite biliar secundária
- Colangite esclerosante primária
- Deficiência de Alfa-1-antiptripsina
- Doença de Budd-Chiari
- Doença de Wilson
- Doença hepática veno-oclusiva
- Encefalopatia hepática
- Esteatose hepática não alcóolica
- Hemocromatose
- Hemofilia A
- Hemorragia digestiva alta
- Hepatite autoimune
- Hepatite B
- Hepatite C
- Paramiloidose familiar
Existem contraindicações?
Sim. As contraindicações para transplante hepático são:
- Maiores de 65 anos;
- Abstinência alcoólica menor que 6 meses;
- Contaminados com o vírus da hepatite B;
- Presença de anticorpos anti-HIV;
- Pacientes com Doenças de Chagas;
- Presença de infecção bacteriana extra-hepática;
- Doença extra-hepática descompensada;
- Neoplasia extrahepática.
Como se dá a avaliação pré-operatória?
A avaliação pré-operatória para o transplante hepático deverá ser realizada de maneira multidisciplinar, onde a equipe de especialistas determinará se o candidato é adequado para o procedimento, de forma a:
- Estabelecer a real necessidade do transplante, levando em consideração a etiologia e o grau de disfunção da doença hepática;
- Identificar e tratar precocemente as complicações da hepatopatia para que o paciente esteja apto ao transplante no momento da sua convocação;
- Descartar a presença de contraindicações ao procedimento.
Após inclusão do paciente como apto para o transplante, este será acompanhado pelo hepatologista em consultas semanais, mensais ou trimestrais. Exames laboratoriais para avaliação hepática, renal, coagulação e eletrolítica também devem ser realizados com frequência.
Como é realizado o Transplante Hepático?
Durante a operação, os cirurgiões removem o fígado lesionado ou doente, para ser substituído pelo fígado do doador.
Na unidade de terapia intensiva, vários tubos são alocados no corpo do paciente para ajudá-lo a realizar certas funções durante a operação e por alguns dias depois. Estes incluem um tubo de respiração, linhas intravenosas para fornecer líquidos e medicamentos, um cateter para drenar a urina da bexiga e outros tubos para drenar o fluido e o sangue do abdômen.
A duração da hospitalização do paciente depende das circunstâncias e da possibilidade de surgimento de complicações.
Quais as complicações mais comuns?
As complicações mais frequentes no Transplante Hepático envolvem rejeições e infecções oportunistas. Tais situações, quando não identificadas e tratadas em tempo hábil, podem levar o paciente a outras comorbidades, reinternações frequentes ou até mesmo à morte. Por isso, o cuidado criterioso da equipe de saúde é necessário.
A rejeição do fígado do doador é identificada através de exames de sangue de rotina, podendo ocorrer em até 10% dos pacientes. Alguns dos sintomas mais comuns incluem febre, dor de cabeça, fadiga, náusea, perda de apetite, urina escura, inchaço abdominal, e icterícia. Para evitar a rejeição, há necessidade de medicação imunossupressora.
Perspectivas a longo prazo após o transplante hepática
Geralmente, os pacientes conseguem retomar às suas atividades normais de 6 até 12 meses após o transplante. Visitas frequentes e acompanhamento médico intensivo são essenciais durante o primeiro ano.
Desse modo, para alcançar os melhores resultados, é fundamental que o indivíduo esteja engajado, mantendo suas consultas médicas, tomando os medicamentos, evitando doenças contagiosas, mantendo um estilo de vida saudável (alimentação, exercício físico, evitar bebidas alcóolicas e fumo).
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Referências
American Liver Foundation. Liver Disease and Liver Transplant. 2022.
HC – FMRP – USP. Grupo Integrado Transplante de Fígado. Protocolo Transplante de Fígado. 2017.
WACHHOLZ, Laísa Fischer et al. Boas Práticas no Cuidado Transicional: continuidade da assistência ao paciente submetido ao transplante de fígado. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 74, 2021.
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