A desidratação pode comprometer o rendimento de atletas
A desidratação é resultado da perda de água e eletrólitos durante atividade física, que ocorre não apenas pela sudorese intensa, mas, também, devido à ingestão insuficiente e/ou deficiente absorção de líquidos, podendo resultar em alteração da performance física. Vários são os fatores relacionados ao aumento da necessidade hídrica, como o tipo de atividade, condicionamento físico, idade, estresse ambiental, entre outros.
Quais são os tipos de desidratação?
Há três tipos característicos de desidratação:
- Hipotônica: quadro em que há maior perda de eletrólitos em comparação a perda de água, que pode ser resultado da transpiração excessiva, resultando em quadro de hiponatremia. Indica-se a ingestão de sal para reestabelecer o equilíbrio osmótico.
- Isotônica: desidratação caudada por vômitos e diarreias, levando a perda de água e eletrólitos de forma equilibrada, proporcionais. Indica-se a reposição através de bebidas isotônicas.
- Hipertônica: tipo mais comum em atletas, caracteriza-se pela maior perda de água em comparação a perda de eletrólitos, em decorrência de ingestão insuficiente de água, ausência da percepção de sede, sudação excessiva, diurese e diarreia osmótica.
Quais os sinais de desidratação e efeitos para praticantes de atividade física?
A desidratação é capaz de aumentar a temperatura corporal, prejudicando as respostas fisiológicas e o desempenho físico, apresentando riscos para a saúde. Esses efeitos começam a ser observados já com uma desidratação leve ou moderada, que representa até 2% de perda do peso corporal, agravando-se à medida que essa perda de peso se acentua. Com perda de 3% do peso corporal, há redução importante do desempenho; com 4 a 6% pode ocorrer fadiga térmica; a partir de 6% existe risco de choque térmico, coma e morte.
Porcentagem de perda de peso | Sinais e sintoma |
0 | Nenhum |
1 | Sede limítrofe, comprometimento da termorregulação, diminuição da capacidade de exercício |
2 | Sede mais forte, desconforto vago, sensação de opressão, perda de apetite |
3 | Boca seca, redução do débito urinário, hemoconcentração |
4 | Decréscimo de 20 a 30% da capacidade de trabalho físico |
5 | Dificuldade de concentração, cefaleia, impaciência, sonolência |
6 | Comprometimento grave da regulação térmica, respirações aumentadas, levando a formigamento e dormência das extremidades |
7 | Estupor e colapso, especialmente quando combinado com calor e exercício continuado |
Podemos esquematizar a percentagem de perda de peso corpóreo em fluidos e seus sinais e sintomas da seguinte maneira:
Listamos abaixo as alterações provocadas pela desidratação:
- Alteração na concentração de lactato e osmolaridade sanguínea
- Alteração do índice de percepção de esforço
- Náuseas e vômitos
- Mudança no requerimento de glicogênio muscular
- Aumento da temperatura interna: hipertermia
- Presença de cãibras, exaustão ou choque térmico
- Alteração do volume plasmático
- Alteração do volume sistólico, débito cardíaco e VO2max
- Mudança do fluxo sanguíneo para pele e músculos ativos, fígado e outros órgãos
- Aumento da taxa de sudorese
- Aumento do tempo para atividade contínua, prolongada e intensa
- Aumento da pressão arterial
- Alteração dos componentes cognitivos
Referências
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO EXERCÍCIO E DO ESPORTE (SBME). Modificações
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GRANDJEAN, AC, RUUD JS. Nutrição esportiva. In: Segredos em nutrição: respostas necessárias para o dia-a-dia: em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. p. 85-9.
Rossi,Luciana; Poltronieri, Fabiana. Tratado de Nutrição e Dietoterapia. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.