Os resultados indicam diminuição de estresse, mas será que isso se reflete em um geral?
A saúde mental têm sido um tópico muito em voga atualmente e seus problemas relacionados preocupam o sistema de saúde de um modo geral. Baseados nessa premissa, estudos recentes atestam que a prevalência de depressão, ansiedade e estresse é maior em pacientes diabéticos, relacionando a influência da resistência à insulina e hiperinsulinemia no agravo dessas condições.
Sendo assim, um novo estudo buscou encontrar se há relação entre o índice de insulina dietética (DII), a carga de insulina dietética (DIL) e o desenvolvimento de distúrbios psicológicos.
Metodologia
Neste estudo, foram usados dados do Yazd Health Study (YaHS), um estudo de coorte prospectivo de 7574 iranianos (sendo excluídos aqueles que apresentassem fatores que influenciassem no resultado, como gravidez, dieta específica, etc…), cuja ingestão dietética foi coletada através de um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) projetado e validado para a população iraniana. Baseado nisso, o índice de insulina dietética (DII) e a carga de insulina dietética (DIL) individuais foram calculados.
Usando um questionário de autorrelato para depressão, ansiedade e estresse (DASS21), os indivíduos foram categorizados seguindo os escores totais e assim, definidos com depressão, ansiedade e estresse (caso obtivessem escores ≥ 10,8 e 15, respectivamente).
A partir dos dados coletados, foi aplicada uma análise estatística com testes de qui-quadrado, análise de variância e regressão logística para avaliar a relação entre DII/DIL e os distúrbios psicológicos supracitados.
Não houve relação entre DII/DIL e depressão e ansiedade
As associações entre o índice de insulina dietética (DII) e a carga de insulina dietética (DIL) com a prevalência de depressão e ansiedade não se deram de maneira significativa, mesmo nos quartis mais altos tanto de DII quanto de DIL.
Porém, foi observado que maiores taxas de DIL estavam associadas com menores probabilidades de estresse, sendo mantida essa associação após o ajuste para potenciais variáveis de confusão, atestando o resultado.
Maiores taxas de DIL diminuem o estresse?
O presente estudo encontrou uma relação inversamente proporcional entre maiores taxas de DIL com menores prevalências de estresse. Entretanto, esse resultado deve ser analisado de forma cautelosa.
Alimentos com maior carga glicêmica (CG) estimulam maior secreção de insulina e aumentam o DIL. Essa liberação de insulina após a refeição com alimentos de maior CG leva a níveis elevados de triptofano no plasma, o que está associado com o aumento da síntese de serotonina.
Entretanto, esse é um controle temporário de estresse e uma dieta rica em alimentos de maior CG pode levar à obesidade e causar os transtornos psicológicos citados acima.
Relação Obesidade x Transtornos Psicológicos
A saúde mental é afetada de diferentes formas pelo estado de obesidade. O tecido adiposo hipertrofiado acompanha a liberação de citocinas inflamatórias, que ao circularem pela corrente sanguínea, chegam ao sistema nervoso central, causando uma neuroinflamação.
Além disso, a produção de serotonina, conhecida como hormônio do bem-estar, é altamente prejudicada por enzimas características da obesidade. Entretanto, não há estudos conclusivos o suficiente que tenham comprovado a relação entre DII/DIL e o desenvolvimento de obesidade.
Conclusão
O estudo em questão não encontrou resultados conclusivos que indiquem a relação entre o DIL/DII e a prevalência de depressão e ansiedade.
Apesar de ser atestado uma associação entre níveis mais altos de DIL e menores chances de estresse, trata-se apenas de um controle temporário, relacionado à breve síntese de serotonina logo após a refeição rica em carboidratos, o que não deve ser entendido como tratamento de estresse, já que pode trazer maiores riscos futuros relacionados ao aumento de peso corporal e à obesidade.
Clique aqui para ler o estudo na íntegra
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Referência:
Darand, M., Amirinejad, A., Salehi-Abargouei, A. et al. The association between dietary insulin index and load with mental health. BMC Psychol 10, 218 (2022).
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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