Nessa aula, Tomás Navarro e Dan Waitzberg, médicos especialistas fomentam uma discussão relacionada a dieta para intolerância a lactose em pacientes sob terapia nutricional enteral, ressaltando também, a diferença entre intolerância e alergia.
Os médicos destacam ainda, cautela no tratamento da intolerância, lembrando que existem níveis de tolerância aceitáveis, que não causam reações sintomáticas no paciente, evitando assim a exclusão total desse alimento da dieta.
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Qual diferença entre alergia e intolerância à lactose?
O Mestre e Doutor Tomás Navarro, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo, inicia o seminário web com a seguinte questão: existem diferenças entre alergia à lactose e a intolerância? E a resposta é, sim, as condições são distintas e apresentam diferentes cuidados.
Navarro destaca que, alergia é o processo que resulta em reação alérgica do sistema imunológico contra determinado alimento considerado inofensivo para a maioria das pessoas. O doutor em nutrição ressalta que intolerância alimentar, por sua vez, é a resposta anormal a um alimento ou aditivo sem envolvimento de mecanismos imunes.
Navarro cita também, o fato do ser humano ser o único mamífero que consome leite de outros animais, bem como, a habilidade de digestão da lactose ser relativamente recente, datando a cerca de 7500 a 10 000 anos atrás. Entre adultos, a lactase diminui 10% do nível original em 2/3 a 3/4 da população mundial, variando também conforme a etnia.
Nova rotulagem de alimentos: cuidados na interpretação
A lactase persistente pode ser dividida didaticamente naqueles que podem e os que não podem digerir a lactose. Logo, restam dois questionamentos importantes respondidos na sequência:
- Por que alguns indivíduos desenvolvem o status de lactase persistente?
- Como essa divisão afeta o ser humano?
Por que alguns indivíduos desenvolvem o status de lactase persistente?
A cerca de 100.000 anos atrás, ancestrais do Homo sapiens migraram da África para a Europa, posteriormente para países como a Rússia, a Índia, a China e regiões do Pacífico Sul. Alguns autores defendem que, pela síntese de vitamina D pela pele, a habilidade de digerir a lactose aumentou, permitindo maior absorção de cálcio da dieta rica em leite de vaca in natura.
Como essa divisão afeta o ser humano?
A noção das consequências sintomáticas da intolerância à lactose é uma obsessão estabelecida pela população. São calculadas mais de 1 milhão de pesquisas relacionadas ao tema. Porém, 1 a 2 copos de leite para lactase não persistente são tolerados.
Existem estudos que sugerem a relação da intolerância com traços psicológicos como depressão, ansiedade, somatização, enquanto evitar a lactase em indivíduos sem necessidade, podem causar inúmeros problemas de saúde (NIH em 2010). Segundo estudos, os sintomas mais frequentes da intolerância à lactose são:
- Dores abdominais: 100%;
- Distensão: 100%;
- Diarreia: 70%;
- Náuseas: 78%;
- Cefaleia: 86%;
- Falha de memória: 82%;
- Fraqueza crônica: 63%;
- Mialgia: 71%;
- Alergias (eczema, rinite, sinusite, asma): 24%;
- Aftas: 30%.
Refluxo gastroesofágico: como orientar a alimentação?
O professor associado ao Departamento de Gastroenterologia da FMUSP e Coordenador Clínico EMTNs, Dan Waitzberg, destaca que, a diferença entre a lactose e a lactase, é que, a primeira é um dissacarídeo do leite, que precisa ser degradado em monossacarídeos, glicose e galactose para absorção adequada.
Já a lactase, é a enzima presente no intestino, responsável pela quebra da ligação que une os monossacarídeos da lactose. Waitzberg relata a importância do consumo de alimentos lácteos, e deficiências nutricionais causadas pela exclusão destes.
Vale lembrar que, segundo o especialista, pacientes com má-absorção a lactose podem tolerar pequenas quantidades de lactose.
Na ausência dos alimentos com lactose, a substituição é possibilitada em:
- Cálcio: sementes de gergelim;
- Oleaginosas: avelã, amêndoas, castanhas, nozes, flocos de aveia;
- Fósforo e Proteína: carnes, ovos, soja, lentilha, feijão;
- Vitamina D e E: atum, sardinha, milho, cogumelo, 10 minutos de sol, gema de ovo, amendoim;
- Vitamina A: abacate, caju, brócolis, manga, mamão, pêssego, cenoura, melão;
- Potássio: nozes, farelo, figo, damasco, grão-de-bico, batata, passas, lentilha.
Quais exames devem acompanhar de pacientes com nutrição enteral e parenteral?
Crianças podem utilizar lactase?
Sim, o especialista Dan Waitzberg afirma ser possível administrar lactase em casos de intolerância à lactose infantil. No caso de recém-nascidos, o consumo é vetado, mas entre as crianças com introdução alimentar, a lactase pode ser adicionar.
Existe relação entre doença celíaca e intolerância à lactose?
Não, o especialista Tomás Navarro afirma que a doença celíaca e intolerância à lactose são condições distintas, com origens não correlacionadas. Portanto, um exame positivo para alergia ao glúten, não necessariamente é acompanhado de um positivo para intolerância aos alimentos lácteos.
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Nutricionista. Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela BRASPEN. Especialização em Fitoterapia pela Ganep. Especialização em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Coordenadora de projetos e inovação do Ganep Educação e Nutritotal