A gordura localizada no tronco, nos braços e nas pernas foi maior naqueles com sono de curta duração.
O sono adequado é uma parcela essencial de uma vida saudável. Dentre seus diversos benefícios, uma boa noite de sono é capaz manter a homeostase do sistema imunológico e ter um efeito de feedback positivo no nosso metabolismo.
Noites maldormidas, entretanto, podem estar associadas ao desenvolvimento da obesidade e ao acúmulo da gordura localizada, segundo alguns estudos recentes.
Para investigar a associação entre a duração do sono e diferentes massas de gordura localizada, uma nova pesquisa transversal foi desenvolvida entre uma população adulta americana.
Metodologia: sono curto, normal e prolongado
O artigo foi realizado com base na Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES), um grande estudo transversal que ocorreu de 2011 a 2018, e projetado para avaliar a saúde e o estado nutricional da população dos Estados Unidos. No total, foram inclusos 9.413 participantes entre 8 a 59 anos.
Para a análise de composição corporal, foi utilizada a densitometria óssea (DXA), obtendo-se as medidas de gordura do tronco, dos braços e das pernas. Além disso, também foi calculado o IMC de todos os participantes. A obesidade foi definida como IMC ≥ 30 kg/m².
A duração do sono foi autorreferida. De acordo com o consenso de especialistas da Academia Americana de Medicina do Sono e da Sociedade de Pesquisa do Sono, a duração do sono foi dividida em:
- Sono de curta duração: <7 h/dia;
- Sono de duração normal: 7 a 9 h/dia;
- Sono de longa duração: >9 h/dia.
Maior gordura localizada nos participantes de sono curto
Após a análise dos dados, os pesquisadores constataram que aqueles que dormiam menos possuíam maior gordura localizada no tronco, nos braços e nas pernas, em comparação com o restante do grupo. Esse resultado foi especialmente expresso em homens e participantes obesos.
Uma possível explicação para esta associação é que o sono ruim pode diminuir a secreção de leptina e a sensibilidade à insulina, levando ao desequilíbrio na ingestão e gasto de energia. Como consequência, o acúmulo de gordura se faz notar.
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Para explicar a associação entre obesidade e pouco sono, os autores também sugerem que o aparecimento da apnéia obstrutiva do sono (AOS) possa estar relacionado. Isso acontece, pois indivíduos com maior IMC estão mais propensos a desenvolver a AOS, que leva à fragmentação do sono, diminuindo sua duração.
Conclusão
Em resumo, o estudo forneceu evidências de que dormir pouco está independentemente relacionado ao aumento da gordura localizada em adultos americanos, especialmente em homens e naqueles com obesidade.
Tais achados demonstram a importância de considerar a rotina de sono na prevenção e no tratamento da obesidade ou sobrepeso, para que estes ocorram de forma holística e com maior efetividade.
Clique aqui para ler o artigo científico completo.
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Referência:
XU, Chong et al. Short Sleep Duration Was Associated with Increased Regional Body Fat in US Adults: The NHANES from 2011 to 2018. Nutrients, v. 14, n. 14, p. 2840, 2022.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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