Efeitos do consumo de alimentos ultraprocessados por adolescentes

Postado em 20 de fevereiro de 2023

O consumo de ultraprocessados por adolescentes aumentou em 63% a chance de obesidade visceral.

A adolescência é uma fase de grandes transformações. Neste período entre a infância e a vida adulta, maus hábitos alimentares podem ser muito prejudiciais para a saúde futura. Particularmente, o consumo de alimentos ultraprocessados por adolescentes vêm preocupando as autoridades de saúde.

Consumo de ultraprocessados por adolescentes

Pensando nisso, um grupo de pesquisadores investigou a relação entre o consumo desses alimentos por adolescentes, e a presença de sobrepeso/obesidade visceral, abdominal e total. Continue lendo para descobrir os achados desta pesquisa.

Mais de 3 mil adolescentes participaram deste estudo

A pesquisa trata-se de uma análise transversal, feita com dados coletados do estudo NHANES de 2011 a 2016. Ao todo, foram selecionados 3.587 adolescentes entre 12 a 19 anos, de ambos os sexos.

Para obter informações sobre o consumo de ultraprocessados, os autores coletaram dados de recordatórios de 24h realizados pelos participantes. Medidas antropométricas também foram obtidas, incluindo circunferência de cintura, peso e altura.

Além do consumo de ultraprocessados, algumas covariáveis foram consideradas, sendo elas: idade, sexo, etnia, escolaridade da família, renda familiar e atividade física.

O consumo de ultraprocessados aumentou o risco de obesidade

Na amostra estudada, o consumo médio de alimentos ultraprocessados variou de 18,5% (primeiro tercil) a 64,2% (terceiro tercil) do consumo alimentar diário total (g/dia).

Os participantes que mais consumiam ultraprocessados (pertencentes ao terceiro tercil) eram mais propensos a serem do sexo masculino, em famílias de adultos com menor escolaridade e menor renda, de etnia hispânica, e menor adesão à atividade físicas.

Os principais alimentos que contribuíram para a ingestão de alimentos ultraprocessados foram: refrigerantes (9,7%), sucos (8,4%), pães (3,0% ), pizza e bebidas à base de leite (2,1%) e produtos reconstituídos de carne ou peixe (2,0%).

De modo geral, o consumo de ultraprocessados aumentou em 45%, 52 % e 63% as chances de sobrepeso/obesidade total, abdominal e visceral.

Além disso, o aumento de apenas 10% no consumo de ultraprocessados já foi capaz de aumentar o risco de sobrepeso/obesidade abdominal e visceral (mas não total).

Por que os ultraprocessados aumentaram o risco de obesidade?

Vários mecanismos podem explicar a relação entre os ultraprocessados e a obesidade em adolescentes.

Em primeiro lugar, pode-se recorrer ao aumento da densidade energética, tendo em vista o alto teor de sal, açúcar e gordura nestes produtos. De fato, o consumo calórico foi maior para o terceiro tercil em relação à média (2.062 kcal vs 1.990 kcal).

Outra explicação sugerida pelos autores seria a alteração nos níveis de insulina (decorrente ao alto consumo de açúcar),  que elevaria o armazenamento de energia do tecido adiposo.

A baixa ingestão de fibras dietéticas também poderia contribuir para a obesidade. Em um padrão alimentar saudável, as fibras diminuem a absorção de nutrientes e energia e afetam o metabolismo da glicose, da insulina e lipídios, o apetite e a inflamação sistêmica. Todos estes processos reduzem a adiposidade visceral, mas esse efeito protetor é perdido se o seu consumo é baixo.

Por fim, outras possíveis causas levantadas pelos autores foram a presença de aditivos químicos, o desequilíbrio na microbiota intestinal, a redução na densidade proteica e a desconstrução da matriz alimentar original.

Conclusão

Nesta pesquisa, o consumo de ultraprocessados por adolescentes aumentou o risco de sobrepeso e obesidade. Como já sabemos, o ganho de peso aumenta a propensão de diversas outras doenças, como diabetes e problemas cardiovasculares.

Sendo assim, o consumo deste grupo alimentar por adolescentes deve ser desorientado. Para isso, os autores defendem medidas abrangentes, incluindo intervenções comportamentais e medidas políticas.

Clique aqui para ler o artigo completo.

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Referência:

NERI, Daniela et al. Associations between ultra-processed foods consumption and indicators of adiposity in US adolescents: cross-sectional analysis of the 2011-2016 National Health and Nutrition Examination Survey. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, v. 122, n. 8, p. 1474-1487. e2, 2022.

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