A síndrome do intestino irritável (SII) é uma das desordens funcionais mais comuns do trato…
O tempo de prática do vegetarianismo pode reverter os efeitos positivos na microbiota
Fonte: Shutterstock
Os efeitos da dieta vegetariana nos mais diversos aspectos da saúde são ainda muito questionados. Existem estudos que sugerem que esse padrão alimentar pode prevenir infarto, doenças crônicas e câncer, enquanto algumas pesquisas demonstram que essa dieta pode elevar os riscos de fraturas e desnutrição.
Mas algo que ainda não havia sido bem explorado pela ciência, até o momento, é a relação da alimentação vegetariana com possíveis modificações no ambiente intestinal. Reconhece-se que o intestino desempenha um importante papel nos processos biológicos do organismo humano e a dieta praticada está intimamente ligada com tais funções.
Pensando nisso, um estudo decidiu explorar a existência de diferenças na microbiota intestinal e em metabólitos fecais de mulheres adultas que praticavam dieta vegetariana ou onívora.
Estudo
Para essa pesquisa, 80 mulheres com idade entre 20 e 48 anos foram selecionadas e divididas de acordo com o tipo de dieta praticada. Também houve uma segunda divisão para o tempo de duração da dieta vegetariana.
Entre as participantes, 46 se encaixavam no padrão alimentar vegetariano que considerou dietas ovo-lacto-vegetariana, vegana e lacto-vegetariana. E não foram estabelecidas diferenças significativas no IMC das mulheres vegetarianas ou onívoras.
Para as análises, foram coletadas uma amostra fecal de período não-menstrual de cada mulher.
Resultados
Os pesquisadores notaram diferenças significativas na composição da microbiota das vegetarianas e onívoras, sugerindo que mudanças na dieta podem impactar modificações no ambiente intestinal.
E as modificações percebidas no ambiente intestinal das vegetarianas parecem estar associadas com maior capacidade de suportar riscos de doenças como a coronariana, o câncer colorretal, o câncer de mama e o câncer de ovário.
Além disso, perceberam que, apesar das diferenças encontradas entre vegetarianas e onívoras, há uma tendência de os aspectos da microbiota e do metaboloma fecal retornarem às características anteriores, após 10 anos de adoção da dieta à base de vegetais.
Conclusão
Por fim, o estudo concluiu que a dieta vegetariana apresenta mais benefícios do que prejuízos à saúde da mulher e que existe uma relação sinérgica entre corpo e escolhas dietéticas, de modo que nosso organismo se adapta às mudanças externas, o que inclui nossa alimentação.
Referência
Deng, X., Si, J., Qu, Y. et al. Vegetarian diet duration’s influence on women’s gut environment. Genes Nutr 16, 16 (2021). https://doi.org/10.1186/s12263-021-00697-1
Nutricionista pela Universidade Anhembi Morumbi, Mestranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Especialista em Terapia Nutricional pela BRASPEN, Pós-graduação em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional pelo Ganep, Pós- graduação em Cuidados Intensivos pelo Ganep, Experiência profissional em Nutrição Clínica, Terapia Nutricional e Home Care, Tutora de práticas clínicas e cursos EAD do Ganep Educação
Leia também
É nutricionista pós graduada em Terapia Nutricional e Nutrição Clínica pelo Ganep Educação, Mestranda em Ciências em Gastroenterologia com ênfase em composição corporal do idoso na Faculdade de Medicina da USP, tutora do Ganep Educação. É colunista convidada do Nutritotal Público Geral, tem em sua trajetória a área clínica hospitalar, atendimento em homecare e consultório, acredita que a nutrição através da alimentação é importante para promoção da saúde e da qualidade de vida!