Estudo publicado no Journal of Parenteral and Enteral Nutrition demonstrou que a formulação de lipídios…
Aumento das vias de produção de butirato, maior diversidade beta e menor constipação estão entre os benefícios ocasionados pelos produtos plant-based.
Cada vez mais, produtos “plant based” industrializados estão tomando lugar na alimentação dos consumidores preocupados com a saúde, o meio-ambiente e a ética animal. No entanto, faltam estudos que avaliem o impacto dessas alternativas na microbiota intestinal.
Para preencher essa lacuna, uma nova pesquisa randomizada controlada, conduzida no Reino-Unido, teve por objetivo avaliar quais impactos que o consumo de alimentos como hambúrgueres, salsichas e almôndegas veganas seria capaz de provocar na microbiota.
Hipótese inicial da pesquisa
Sabe-se que uma alimentação rica em alimentos vegetais reduz o risco de diversas condições crônicas, além de promover mudanças positivas na microbiota, através de seu alto teor de fibras e polifenóis.
Contudo, a recusa a alimentos de origem alimentar pode vir associada a um maior consumo de alimentos ultraprocessados “substitutos” da carne, muitas vezes vistos como “saudáveis” apenas por serem vegetarianos ou veganos.
Apesar deste paradoxo, os autores inicialmente defendiam que o mero processamento industrial de ingredientes de origem vegetal não tornaria, automaticamente, um produto plant based em um alimento ultraprocessado. Por isso, os benefícios à microbiota se fariam presentes. Mas será que essa hipótese se sustentou?
Hambúrgueres e almôndegas plant based fizeram parte da intervenção
Um total de 39 adultos saudáveis e onívoros foram recrutados e divididos em um grupo controle e um grupo intervenção. O grupo controle foi instruído a manter a alimentação normal. Já os participantes da intervenção foram incentivados a fazer pelo menos 1 refeição totalmente à base de plantas diariamente, durante 14 dias.
Para isso, os indivíduos receberam diversos produtos plant based, que incluíam carne moída, hambúrgueres, salsichas e almôndegas. Ressalta-se que estes alimentos estão realmente disponíveis para compra no Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e União Européia.
Para a análise taxonômica, realizou-se o sequenciamento de rRNA 16S a partir das amostras de fezes colhidas antes e depois da intervenção, para os dois grupos.
Os produtos plant based beneficiaram a microbiota
Após os 14 dias de intervenção, a principal mudança encontrada foi no grupo de intervenção, relacionado ao aumento das vias produtos de butirato (principalmente 4-aminobutirato/succinato e glutarato).
Além disso, também houve um aumento consistente nas abundâncias conjuntas de táxons produtores de butirato, principalmente das famílias Lachnospiraceae e Ruminococcaceae. Gêneros destas famílias também são mais encontrados em indivíduos com cólons saudáveis, com consumo abundante de fibras e polifenóis, e com padrões alimentares mediterrâneos.
O butirato é um ácido graxo de cadeia curta, particularmente importante pelo fato de constituir a principal fonte de energia para os colonócitos. Também pode ativar a gliconeogênese intestinal, tendo efeitos benéficos na glicose do hospedeiro e na homeostase energética. Sua depleção está associada a marcadores de inflamação sistêmica e ao desenvolvimento de várias doenças crônicas não transmissíveis.
Desse modo, estes achados foram considerados muito positivos.
Outros resultados no grupo “plant based”
Outros achados do estudo incluíram a diminuição do táxon Tenericutes no grupo intervenção, e aumento no grupo controle; e a maior diversidade beta no grupo intervenção.
Além disso, os participantes que incluíram produtos plant based na alimentação cotidiana relataram:
- Maior teor de gases/inchaço (provavelmente decorrente do aumento de fibras)
- Menos letargia e constipação
- Melhor consistência das fezes
- Defecações mais regulares
- Menos cansaço após as refeições
- Entre outros.
Limitações do estudo e conclusão
A principal limitação do estudo se deu pelo tamanho reduzido da amostra. Além disso, vale ressaltar que a investigação foi feita com produtos plant based não disponíveis atualmente no Brasil.
Apesar disso, o estudo contribuiu na introdução da temática “produtos plant based e microbiota” na literatura científica, e os resultados encontrados foram positivos, no geral.
Por fim, concluiu-se que a substituição ocasional de carnes animais por produtos plant based pode promover mudanças positivas no microbioma intestinal dos consumidores.
Clique aqui para ler o artigo completo.
Veja também:
Consumo de vegetais melhora a microbiota intestinal
Dieta vegetariana e as modificações da microbiota intestinal de mulheres
Referência:
TORIBIO-MATEAS, Miguel A.; BESTER, Adri; KLIMENKO, Natalia. Impact of Plant-Based Meat Alternatives on the Gut Microbiota of Consumers: A Real-World Study. Foods, v. 10, n. 9, p. 2040, 2021.
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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