Conhecida por suas lindas flores, o chá de hibisco também oferece benefícios medicinais incríveis.
O hibisco é uma planta conhecida por suas belas flores e também por seus potenciais benefícios para a saúde.
Além de seu uso culinário, o Hibiscus é procurado por suas propriedades medicinais. A raiz seca e a casca do caule são utilizadas como antídotos, tônicos de primavera e redutores de febre em remédios tradicionais coreanos.
Essas qualidades medicinais têm despertado interesse e pesquisa sobre o potencial terapêutico do hibisco em diversas condições de saúde.
Mas o que é o hibisco?
O hibisco é um gênero de plantas da família Malvaceae, que inclui cerca de 300 espécies. Muitas dessas espécies são cultivadas como plantas ornamentais, como o Hibiscus rosa-sinensis. No entanto, algumas variedades, como o Hibiscus syriacus (conhecido como Rosa de Sharon), são valorizadas tanto por seu papel ornamental quanto por suas propriedades medicinais.
O Hibiscus syriacus é uma planta abundante na Coreia e desempenha um papel importante como a flor nacional dessa cultura. Além de sua beleza e significado simbólico, essa flor é conhecida por suas propriedades medicinais e é utilizada na preparação de remédios tradicionais.
Devido à sua floração prolongada e flores deslumbrantes, o Hibiscus syriacus é frequentemente cultivado em jardins ou usado como cerca. Além disso, em momentos de escassez de alimentos, é amplamente utilizado como fonte de alimento na Coreia. Suas folhas são cozidas no vapor e consumidas, e suas pétalas são adicionadas a bolos de arroz e chá.
Qual a sua composição? E o seu princípio ativo?
O hibisco é uma planta com composição rica em compostos fenólicos, como ácidos orgânicos e flavonoides, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Um dos seus princípios ativos é o ácido hibiscico, que é responsável por algumas das propriedades terapêuticas.
Suas diferentes partes apresentam teores variados de aminoácidos, sendo os brotos os mais ricos, seguidos pelas pétalas, raízes e folhas. Os ácidos graxos também variam nas partes da planta, com os brotos tendo o maior conteúdo total. As pétalas são as partes com maior quantidade de açúcares livres, incluindo frutose, glicose e sacarose.
Dentre os ácidos orgânicos presentes, destaca-se o ácido cítrico, ácido fumárico e ácido málico. As folhas e pétalas de H. syriacus são as partes com maior teor de polifenóis totais e atividade antioxidante, especialmente as pétalas. Isso indica que as pétalas de H. syriacus têm um potencial significativo na eliminação de radicais livres em comparação com outras partes da planta e até mesmo com os frutos de H. sabdariffa.
O consumo do chá de hibisco traz benefícios para a saúde?
O hibisco apresenta uma série de benefícios para a saúde. Em estudos, a planta demonstrou atividade antiproliferativa contra células cancerígenas e inibição da produção de melanina, o que pode ajudar a reduzir manchas e sardas na pele. Além disso, evidenciaram propriedades anti-inflamatórias.
O consumo do chá de hibisco, quando combinado com uma alimentação saudável, pode contribuir para a redução da gordura corporal, diminuição da retenção de líquidos, melhoria da digestão e regularização do intestino, auxiliando no processo de emagrecimento. O chá é rico em flavonoides, que oferecem efeitos protetores para o coração, promovendo a vasodilatação e atuando como antioxidantes, combatendo os radicais livres e prevenindo doenças cardiovasculares, além de auxiliar na melhora dos níveis de colesterol HDL (colesterol bom) e reduzir os níveis de LDL, triglicerídeos e pressão arterial, beneficiando a saúde cardiovascular.
O hibisco também apresenta propriedades calmantes, diuréticas e laxantes, superando os benefícios de outros chás utilizados para os mesmos fins devido ao seu baixo teor de cafeína.
O chá de hibisco é uma boa fonte de ferro e desempenha um papel importante no transporte de oxigênio pelo corpo e prevenindo doenças como anemia, além de cansaço e dores de cabeça.
Os benefícios do chá de hibisco contemplam outros aspectos, incluindo a rápida cicatrização de feridas, o seu efeito neuroprotetor e até promoção do sono.
E qual a recomendação de uso?
A ingestão diária de hibisco em forma de chá seco deve ser de 4 a 6 gramas da flor seca (menos comum) para o preparo, e de 1 a 4 gramas do extrato seco, embora as recomendações de consumo ainda não possuam dados científicos precisos e podem não ser aplicáveis a todas as pessoas.
É importante destacar que são escassos estudos em humanos que determinem com precisão a dose diária adequada, a duração do tratamento e o modo correto de preparar a planta, entre outros fatores relacionados ao consumo seguro do hibisco. Portanto, é sempre recomendado ter cautela antes de indicar o uso do hibisco ou qualquer outra planta com fins medicinais.
Quais os efeitos colaterais e contraindicações? E quais os níveis de toxicidade?
O hibisco apresenta efeitos colaterais e contraindicações que devem ser considerados. Estudos em animais demonstraram que o consumo prolongado e em doses elevadas de extrato de hibisco pode causar dano hepático, provocar perda de peso severa e diarreia. Além disso, o consumo prolongado de altas doses pode aumentar os níveis de enzimas hepáticas.
Em estudos clínicos com voluntários, foi observado que a combinação do hibisco com medicamentos como sinvastatina e hidroclorotiazida pode afetar a depuração e a concentração desses medicamentos no organismo. Também foi relatada uma redução na excreção de diclofenaco quando consumido junto com o hibisco.
Além disso, o consumo excessivo de chá de hibisco pode causar complicações na gravidez, como abortos espontâneos, devido ao relaxamento excessivo da musculatura uterina. Mulheres grávidas e em período de amamentação devem ter orientação médica antes de consumir hibisco. Pessoas com doenças cardíacas também devem ter cautela, pois a ação diurética do chá de hibisco pode causar desequilíbrio eletrolítico e queda excessiva da pressão arterial.
Foram relatados efeitos colaterais gerais, como tontura, enjoo, visão turva, sensação de fraqueza e desmaio em alguns casos. Estudos indicam que o consumo contínuo e em grandes quantidades de hibisco pode alterar os níveis de estrogênio, o que pode inibir a ovulação e causar infertilidade temporária.
É importante ressaltar que esses estudos foram realizados em condições específicas e os resultados podem não ser generalizáveis para todas as pessoas. Recomenda-se sempre buscar orientação médica antes de iniciar o uso de hibisco, especialmente para pessoas em grupos de risco mencionados acima.
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A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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