Nutrientes por trás desses alimentos aliviam os sintomas causados pelo crescimento anormal do endométrio ao diminuir a inflamação
Se você decidiu ler esse conteúdo é porque recebeu o diagnóstico de endometriose ou tem alguma amiga ou familiar que sofre com essa condição. A endometriose é uma doença ginecológica comum em mulheres em idade reprodutiva, ou seja, da primeira menstruação até em média 35 anos.
Ela é caracterizada pelo crescimento anormal do tecido interno do útero (endométrio) fora da cavidade uterina, podendo se desenvolver em ovários ou mesmo outros órgãos. Essa doença causa mudanças no período menstrual, além de dores, fadiga e infertilidade, afetando o bem-estar mental, físico, social e sexual das mulheres.
A endometriose é uma inflamação que exige acompanhamento médico e tratamento, que pode ser medicamentoso ou cirúrgico. No entanto, as evidências demonstram que esses tratamentos podem não ser 100% eficazes, havendo a necessidade de manter um cuidado contínuo com a doença para aliviar os desagradáveis sintomas.
Nesse cenário, a alimentação surge como uma estratégias complementar no tratamento da endometriose. Entenda mais o papel da dieta e quais os principais alimentos que podem ajudar nos sintomas:
Conteúdo
Qual o papel da alimentação na endometriose?
Como você já deve ter visto ou ouvido falar, alguns alimentos aumentam o risco de inflamações no nosso corpo, como é o caso dos excessos de açúcares, gorduras e bebidas alcoólicas. E, por ser uma condição de base inflamatória, a endometriose tem uma relação muito próxima com a alimentação, podendo esta piorar ou melhorar o quadro inflamatório.
Estudos que investigaram a relação da endometriose com a alimentação, identificaram que o consumo de gorduras trans e carnes vermelhas estava associado ao aumento do risco de desenvolver endometriose. Enquanto frutas, hortaliças, laticínios e alimentos fonte de ômega-3 reduziam as chances do aparecimento dessa doença ginecológica.
Quanto ao tratamento dos sintomas, quais alimentos ajudam?
Assim como no risco de desenvolver a endometriose, a alimentação alivia os sintomas ao diminuir a inflamação. Essa atividade anti-inflamatória, é justificada pelos nutrientes presentes em cada alimento:
Leite de vaca
Os leites e derivados, como queijos e iogurtes, são fontes de cálcio e vitamina D que, segundo estudos, são nutrientes capazes de reduzir marcadores inflamatórios, contribuindo para a diminuição dos sintomas provocados por níveis elevados de inflamação na endometriose.
Esses alimentos também são fontes de proteínas que, quando presentes em quantidades adequadas em uma dieta, contribuem para a regulação do sistema imunológico.
Amendoim
Ao pesquisar sobre os efeitos de determinados tipos de gordura na endometriose, estudiosos descobriram que o ácido palmitoiletanolamida (PEA), que é um dos componentes do amendoim, é tão eficaz quanto um anti-inflamatório na redução da dor pélvica da endometriose.
Salmão
Assim como outros peixes gordurosos como o atum, a anchova e a sardinha, o salmão é um alimento fonte de ômega-3 dos tipos EPA e DHA que atuam na diminuição da inflamação, apoiando a redução dos sintomas da endometriose.
Maçã
A maçã é uma fruta que apresenta um composto bioativo chamado de quercetina. A quercetina, também presente na cebola, na couve-flor e no pimentão, é um tipo de polifenol que possui ação anti-inflamatória.
Em uma investigação clínica, pacientes com endometriose receberam durante 3 meses um suplemento desse polifenol e apresentaram resultados importantes na redução da inflamação e no tamanho dos focos da endometriose.
Entendido o papel por trás dos alimentos, vale ressaltar que outros tratamentos indicados pelos médicos não devem ser abandonados. A alimentação pode contribuir com a redução dos sintomas, mas não deve ser a única forma de cuidar da endometriose, exceto quando há orientação médica para isso.
E para que a sua alimentação seja ainda mais efetiva no tratamento da endometriose, consultar um nutricionista é essencial para adequar, não somente os alimentos, mas também a quantidade a ser consumida diariamente.
Acompanhe o Nutritotal – Para Todos no Instagram e para mais dicas sobre prevenção de doenças e alimentação saudável.
*Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista.
Referências
Arab A, Karimi E, Vingrys K, Kelishadi MR, Mehrabani S, Askari G. Food groups and nutrients consumption and risk of endometriosis: a systematic review and meta-analysis of observational studies. Nutr J. 2022 Sep 22;21(1):58. doi: 10.1186/s12937-022-00812-x. PMID: 36138433; PMCID: PMC9503255.
De Leo V, Cagnacci A, Cappelli V, et al. Role of a natural integrator based on lipoic acid, palmitoiletanolamide and myrrh in the treatment of chronic pelvic pain and endometriosis. Minerva Ginecologica. 2019 Jun;71(3):191-195. DOI: 10.23736/s0026-4784.19.04384-3. PMID: 30696240.
Emma Huijs, Annamiek Nap, The effects of nutrients on symptoms in women with endometriosis: a systematic review, Reproductive BioMedicine Online, Volume 41, Issue 2, 2020, Pages 317-328, ISSN 1472-6483, https://doi.org/10.1016/j.rbmo.2020.04.014.
Gołąbek, A.; Kowalska, K.; Olejnik, A. Polyphenols as a Diet Therapy Concept for Endometriosis—Current Opinion and Future Perspectives. Nutrients 2021, 13, 1347. https://doi.org/10.3390/nu13041347
Habib N, Buzzaccarini G, Centini G, Moawad GN, Ceccaldi PF, Gitas G, Alkatout I, Gullo G, Terzic S, Sleiman Z. Impact of lifestyle and diet on endometriosis: a fresh look to a busy corner. Prz Menopauzalny. 2022 Jun;21(2):124-132. doi: 10.5114/pm.2022.116437. Epub 2022 May 26. PMID: 36199735; PMCID: PMC9528818.
Krabbenborg, Iris, et al. “Diet quality and perceived effects of dietary changes in Dutch endometriosis patients: an observational study.” Reproductive BioMedicine Online 43.5 (2021): 952-961.
Nap A, de Roos N. Endometriosis and the effects of dietary interventions: what are we looking for? Reprod Fertil. 2022 May 30;3(2):C14-C22. doi: 10.1530/RAF-21-0110. PMID: 35814941; PMCID: PMC9259892.