Estudo investiga a relação entre vitamina D e esclerose múltipla

Postado em 17 de fevereiro de 2025

Estudo revela que baixos níveis de vitamina D estão associados a maior risco de esclerose múltipla, sugerindo a importância da modulação dessa vitamina na prevenção da doença.

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune caracterizada pelo ataque do sistema imunológico ao sistema nervoso central (SNC), causando desmielinização e danos neuronais. 

Evidências epidemiológicas sugerem uma variação geográfica na prevalência da EM, com maior incidência em latitudes mais altas e menor exposição ao sol. Além disso, estudos mostram que baixos níveis de vitamina D estão associados ao aumento do risco de EM. No entanto, os resultados terapêuticos da vitamina D na EM ainda são inconclusivos.

vitamina D e esclerose múltipla

Fonte: Canva

Em adição, a pesquisa genética identificou aproximadamente 238 variantes genéticas associadas à EM, o que abre caminho para o estudo da relação genética entre níveis de vitamina D e esclerose múltipla. 

Em um novo estudo inovador, pesquisadores buscaram investigar essa relação genética complexa, além de avaliar suas associações causais. Veja os detalhes a seguir.

Mais de 400 mil participantes

O estudo utilizou regressão de pontuação de desequilíbrio de ligação (LDSC) para explorar a relação genética entre vitamina D e esclerose múltipla, avaliando sua correlação genética. 

Os pesquisadores utilizaram o UK Biobank, uma coorte prospectiva em larga escala que contém dados genéticos e de saúde de mais de meio milhão de participantes. 

A concentração de 25OHD foi medida em 449.822 indivíduos, e o risco de EM foi avaliado com base no diagnóstico e dados de acompanhamento. Modelos de Cox ajustados para possíveis confundidores foram aplicados para avaliar a associação entre níveis de 25OHD e risco de EM.

Foi realizada uma análise de pleiotropia cruzada para revelar loci genéticos compartilhados, e uma série de análises funcionais para identificar tecidos e vias envolvidas no desenvolvimento da doença. Além disso, foi aplicada a Randomização Mendeliana (MR) bidirecional para avaliar o vínculo causal entre 25OHD e EM.

Outras ferramentas utilizadas incluíram:

  • Análise MAGMA: identificar genes pleiotrópicos, tecidos enriquecidos e conjuntos de genes. 
  • S-LDSC: investigar a hereditariedade genômica de 25OHD e EM em diferentes tecidos e células.
  • Análise de colocalização multitraço: identificar subconjuntos de células imunes compartilhadas. 

Vitamina D baixa: maior risco de esclerose múltipla

O estudo encontrou uma relação entre os níveis de 25OHD e o risco de EM, com níveis mais baixos de vitamina D mostrando um maior risco de desenvolver esclerose múltipla.

Entretanto, a análise indicou que essa relação não é estritamente linear, com um ponto de inflexão identificado em 47,9 nmol/L. Abaixo desse nível, a deficiência de 25OHD está associada a um risco maior de EM, enquanto acima deste limiar, não há correlação significativa.

As descobertas revelaram estrutura genética compartilhada entre os níveis de 25OHD e EM, sugerindo uma via biológica comum envolvendo função imunológica e integridade do SNC. 

Foram encontrados 24 loci independentes compartilhados entre os níveis de 25OHD e o risco de EM. Nesse sentido, 4 loci tiveram forte evidência de colocalização, com genes mapeados como potenciais alvos de drogas. 

A análise funcional revelou que genes pleiotrópicos são enriquecidos em tecidos cerebrais e vias metabólicas, como o metabolismo de esteroides e lipídios (LDL, HDL, TG).

Sugeriu-se que a interação entre vitamina D e esclerose múltipla envolve células imunes, como linfócitos B e T. Células imunes específicas podem mediar parcialmente o efeito da 25OHD no risco de EM: níveis elevados de células CD8 positivas se associam a um risco reduzido, enquanto níveis de células CD4 positivas estavam inversamente relacionadas.

A análise de RM bidirecional apoiou um efeito causal dos níveis de 25OHD no risco de EM, sugerindo que a suplementação de vitamina D pode modular esse risco.

Conclusão 

Em resumo, o estudo destacou uma correlação genética significativa entre os níveis de vitamina D e esclerose múltipla, revelando genes e vias compartilhadas que podem contribuir para a etiologia e progressão da doença. 

Sugere-se que há um efeito causal de 25OHD sobre a EM. Portanto, há um potencial de intervenções direcionadas à vitamina D na modulação do risco da doença,

Entretanto, níveis mais altos nem sempre são vantajosos e recomenda-se moderação na suplementação. 

Para ler a pesquisa completa, clique aqui.

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Referência:

Yu XH, Lu HM, Li J, Su MZ, Li XM, Jin Y. Association between 25(OH) vitamin D and multiple sclerosis: cohort, shared genetics, and Causality. Nutr J. 2024 Nov 30;23(1):151. doi: 10.1186/s12937-024-01059-4. PMID: 39616386; PMCID: PMC11608472.

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