Industrializados veganos são mais saudáveis?

Postado em 1 de novembro de 2023

Oferecendo sabor e sustentabilidade esses produtos aumentam a adesão à dieta sem carne

O mercado plant based tem crescido no Brasil e no mundo, facilitando a adesão à alimentação sem alimentos de origem animal tanto para quem opta pelo veganismo quanto para quem possui alguma alergia/intolerância ou apenas deseja reduzir o impacto ambiental. Porém, junto com esse crescimento, também surgem muitas discussões sobre os industrializados veganos, principalmente das bebidas e carnes vegetais.

industrializados veganos

Fonte: Canva.com

Segundo o Guia Alimentar Brasileiro, que tem como finalidade direcionar as escolhas alimentares da população brasileira, alguns desses industrializados veganos podem ser classificados como alimentos processados e/ou ultraprocessados. Os alimentos processados são aqueles que a indústria adiciona sal, açúcar e/ou outras substâncias de uso culinário.

Já os ultraprocessados, são formulações que contém esses ingredientes e outros como amido, nutrientes isolados e/ou sintetizados em laboratório, por exemplo, aromatizantes, corantes, realçadores de sabor e outros aditivos. E, como nós, nutricionistas, nos posicionamos frente a isso? Continue lendo que eu vou explicar:

Industrializados veganos x Industrializados não veganos

As alternativas à base de plantas como hambúrgueres, frango vegetal e carne moída podem ser aliados de quem deseja se tornar vegetariano ou vegano, mas devemos orientar que devem ser consumidos com moderação por serem ultraprocessados. 

Alguns estudos recentes sugerem que os consumidores desses industrializados veganos, quando comparados aos consumidores de industrializados de origem animal, apresentam melhorias de alguns marcadores de saúde, mas são benefícios reduzidos quando comparados aos alimentos naturais à base de plantas.

Um desses estudos comparou o efeito na saúde humana do consumo de carne à base de plantas com a carne animal durante o período de oito semanas. Os resultados mostraram que, no período em que foi consumido carne à base de plantas, houve melhora dos fatores de risco de doenças cardiovasculares.

Eles relatam redução dos níveis de TMAO (um metabólito da microbiota relacionado a variadas doenças) e concentrações mais baixas de colesterol LDL. E uma das possíveis explicações para isso é o menor teor de gordura saturada e maior teor de fibras e proteínas vegetais encontradas nas carnes à base de plantas.

Olhando além da classificação

Consumir carnes à base de plantas pode ser uma estratégia para derrubar as barreiras na mudança de comportamento em relação ao consumo de carne, pois o prazer de comê-la e os momentos de consumo sociais em que estão incluídas, são pontos de maior dificuldade para as pessoas deixarem de consumir carne.

Sempre que falamos de produtos industrializados, gosto de lembrar que a indústria, através de processos tecnológicos e comprometimento com o consumidor, pode ser uma aliada da boa nutrição porque pode colaborar com a oferta de alimentos envasados e embalados em sistemas seguros que garantem praticidade para consumo a qualquer momento. 

Além disso, outro ponto de muita importância na categoria de alimentos plant based é o fato das perspectivas serem positivas quanto à melhora na qualidade e densidade nutricional dos produtos.

A indústria de ingredientes vem evoluindo em tecnologia e pesquisas de novos ingredientes, principalmente os de origem natural provenientes dos biomas brasileiros, para incrementar ou até substituir os tradicionais aditivos alimentares e ingredientes utilizados até a atualidade. Por isso, é importante ter conhecimento sobre a lista de ingredientes para fazer boas escolhas.

O lema deve continuar sendo: quanto menos itens, melhor. Os ingredientes precisam ser conhecidos e preferencialmente naturais e para ter a certeza de que um alimento industrializado é vegano, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) certifica e fornece o selo vegano para os alimentos (e produtos de diversas categorias), que não possuam nada de origem animal em sua composição e nem tenham ingredientes que sejam testados em animais. 

Então, qual o nosso papel?

Quando falamos de alimentação saudável, não podemos generalizar e classificar os alimentos em bons ou ruins por si só, há vários fatores em jogo, como a quantidade ingerida, a técnica culinária utilizada e como está a saúde de quem os consome. Diante disso, o mais importante em uma alimentação é avaliar o contexto alimentar.

É exatamente a dicotomia que gera confusão e deixa as pessoas com “medo” de consumir determinados alimentos. Dentro de uma alimentação equilibrada e predominantemente rica em cereais, leguminosas, vegetais e frutas, os industrializados veganos têm seu espaço, e podem ser consumidos sem causar danos à saúde de quem o consome, desde que o paciente seja orientado quanto às quantidades a serem consumidas, como fazer melhores escolhas e com qual frequência esses alimentos devem estar presentes em sua dieta.

É preciso considerar que esses alimentos estão contribuindo com a causa animal e ambiental, poupando vidas e reduzindo o impacto na natureza, por isso, merecem um olhar mais atencioso e sem pré-julgamentos. O essencial quando o assunto são os industrializados veganos é conhecer os produtos para saber orientar da melhor forma.

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Referências

Crimarco et al. A randomized crossover trial on the effect of plant-based compared with animal-based meat on trimethylamine-N-oxide and cardiovascular disease risk factors in generally healthy adults: Study With Appetizing Plantfood—Meat Eating Alternative Trial (SWAP-MEAT). Am J Clin Nutr 2020;112:1188–1199. 

Roberts et al. SWAP‑MEAT Athlete (study with appetizing plant-food, meat eating alternatives trial) –  investigating the impact of three different diets on recreational athletic performance: a randomized crossover trial. Nutrition Journal (2022) 21:69

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. departamento de atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, secretaria de atenção à saúde, departamento de atenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014

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