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A arginina reduziu os níveis de suporte respiratório em 71.1% dos pacientes suplementados.
A arginina é um aminoácido não essencial com muitas funções no nosso organismo. Em um artigo científico recente, foi investigada a suplementação de L-arginina no tratamento de pacientes com Covid-19 grave e os resultados foram muito promissores.
Como o estudo foi conduzido?
De acordo com a literatura científica, níveis plasmáticos diminuídos de arginina foram relatados em pacientes com Covid-19 grave. Além disso, a arginina é um nutriente conhecido por melhorar a disfunção endotelial. Sabendo que um dos alvos da Covid-19 são justamente as células endoteliais, os autores buscaram investigar a suplementação de arginina no tratamento desta infecção respiratória.
Para isso, participaram um total de 90 pacientes adultos (≥ 18 anos) internados com COVID-19 grave no Hospital Domenico Cotugno (localizado em Nápoles, na Itália). Trata-se de um estudo de centro único, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo e com um esquema de grupos paralelos.
Sendo assim, os participantes foram divididos em dois grupos. No primeiro grupo, 48 pacientes eram suplementados duas vezes ao dia, com uma formulação contendo 1,66 g de L-arginina. No segundo grupo, os 53 pacientes restantes recebiam um placebo.
A investigação se deu a redor dos seguintes desfechos:
- Desfecho clínico primário: transição de suporte respiratório (do mais intenso para o menos intenso: ventilação não invasiva; pressão positiva contínua nas vias aéreas; cânula nasal de alto fluxo; oxigenoterapia de longo prazo).
- Desfechos clínicos secundários: tempo de internação hospitalar, tempo para normalização do número de linfócitos, tempo para obter um RT-PCR negativo para SARS-CoV-2 em swab nasofaríngeo.
A suplementação de arginina trouxe benefícios
Durante a experiência da intervenção, os resultados foram analisados em dois momentos: após 10 dias e após 20 dias de suplementação.
Em primeiro lugar, após 10 dias, notou-se a redução dos níveis de suporte respiratório em 71,1% dos pacientes sobre uso de arginina. Já no grupo placebo, essa redução foi menor, ocorrendo em apenas 44% dos pacientes. Portanto, as chances de redução do suporte respiratório foram 6,6 vezes maiores para aqueles que suplementavam arginina.
Vale ressaltar que essa mesma redução não ocorreu após 20 dias de tratamento. No entanto, os autores afirmam que quase o dobro de participantes no grupo da suplementação já havia recebido alta a esta altura, deixando um pequeno número de pacientes remanescentes (provavelmente os mais doentes da coorte).
Em segundo lugar, notou-se uma redução no tempo de permanência hospitalar, ou seja, o tempo médio até o paciente receber alta. No grupo placebo, o tempo médio foi de 46 dias; enquanto isso, no grupo suplementado com arginina, esse tempo foi reduzido para 25 dias.
Os outros fatores investigados (normalização da linfopenia e teste negativo para SARS-CoV-2) não se alteraram significativamente com a intervenção. Porém, os autores afirmaram que a arginina pode exercer o seu efeito favorável na melhora da função endotelial, sem necessariamente interferir na replicação do vírus.
Conclusão
A suplementação de L-arginina como terapia complementar para pacientes com COVID-19 grave diminuiu significativamente o tempo de hospitalização, além de reduzir o suporte respiratório após 10 dias de tratamento. Estes resultados podem ter implicações clínicas importantes em ambientes de poucos recursos, dada a segurança e a acessibilidade da L-arginina oral.
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Referências:
FIORENTINO, Giuseppe et al. Effects of adding L-arginine orally to standard therapy in patients with COVID-19: A randomized, double-blind, placebo-controlled, parallel-group trial. Results of the first interim analysis. EClinicalMedicine, v. 40, p. 101125, 2021.
CLOSS ONO, Maria Cecilia; MATIAS, Jorge Eduardo Fouto; CAMPOS, Antônio Carlos Ligocki. Imunonutrição e cicatrização. ACM arq. catarin. med, p. 84-89, 2014.
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A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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