Imagem: Shutterstock De origem multifatorial, mas principalmente associada a alimentação, sedentarismo e obesidade, a hipertensão…
Jejum intermitente de 8 horas promoveu diminuição na pressão arterial em pacientes hipertensos em estágio I.
Não é de hoje que as recomendações para o tratamento da hipertensão envolvem mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e atividade física. A dieta DASH, por exemplo, é um padrão alimentar desenvolvido especialmente para diminuir a pressão arterial, e seus efeitos positivos são cientificamente comprovados.
Nos últimos anos, alguns estudos também demonstraram o potencial do jejum intermitente em reduzir a pressão arterial em pacientes com doenças metabólicas. Porém, tais pesquisas são escassas, e nenhum estudo investigou esses efeitos no tratamento da hipertensão. Pelo menos, não até agora.
Para preencher essa lacuna científica, uma recente pesquisa buscou investigar os efeitos da dieta DASH em combinação ao jejum intermitente no tratamento da hipertensão primária. Confira os detalhes a seguir.
Dieta DASH vs. Dieta DASH + jejum intermitente (JI)
Estudiosos chineses conduziram um estudo randomizado e controlado, com participação de 74 pacientes de hipertensão primária.
Segundo os autores, apenas indivíduos com hipertensão em estágio 1 foram recrutados. Isso porque as modificações de estilo de vida, de maneira isolada, são recomendadas apenas para paciente com HAS em estágio I e sem riscos. Além disso, o jejum intermitente poderia prevenir ou atrasar o uso da farmacoterapia, beneficiando estes pacientes.
Nesse sentido, a hipertensão primária foi definida como pressão arterial sistólica (PAS) de 130 a 139, ou pressão arterial diastólica (PAD) de 80 a 89 mm Hg.
Os 74 participantes dividiram-se aleatoriamente em dois grupos:
1) Grupo DASH (n=37): instruídos a consumir a dieta DASH, com alimentos consumidos em intervalo maior que 8 horas por dia
2) Grupo DASH + JI (n=37): instruídos a consumir sua dieta DASH dentro de uma janela de 8 horas (9h às 17h) e jejuar o resto do dia. Permitia-se apenas água e bebidas sem energia (por exemplo, café descafeinado e refrigerantes diet), fora da janela de alimentação .
Nenhum dos grupos deveria restringir as calorias. O aconselhamento dietético foi fornecido por nutricionistas e médicos, e a adesão foi monitorada. Além disso, orientou-se que todos os participantes mantivessem uma atividade física diária constante.
O desfecho primário da pesquisa foram as mudanças na pressão arterial. Já os desfechos secundários incluíram mudanças na composição corporal, fatores de risco cardiometabólico, indicadores relacionados à inflamação, excreção urinária de Na+ e resultados de segurança.
Todos os desfechos foram medidos na linha de base e no final do acompanhamento de 6 semanas.
Jejum intermitente potencializou os benefícios da dieta DASH
Após uma análise extensa, os pesquisadores constataram que ambas as intervenções promoveram reduções na pressão arterial, mas o jejum intermitente potencializou essa diminuição.
Mais especificamente, a redução da PAS e da PAD foi de 5,595 e 5,351 mmHg no grupo DASH, e 8,459 e 9,459 mmHg no grupo DASH +JI. Além disso, o grupo DASH + JI melhorou o ritmo diurno da pressão arterial.
Em relação aos desfechos secundários, diversas variáveis diminuíram no grupo DASH + JI, tais como peso, IMC e gordura corporal. Entretanto, a diminuição na pressão arterial antecedeu a perda de peso, o que descarta a hipótese de que o emagrecimento seria o mecanismo responsável.
Em contrapartida, os participantes do grupo DASH + JI apresentaram diminuição da água extracelular e aumento da excreção urinária de Na+, ambos fatores relacionados à diminuição da pressão arterial. Portanto, tais alterações foram propostas como os principais mecanismos pelos quais o jejum intermitente regula a pressão arterial.
Finalmente, os pacientes não relataram eventos adversos sérios, em nenhum dos grupos. Por outro lado, alguns efeitos adversos leves foram constatados, incluindo fome noturna e dor no grupo DASH; e fome noturna, náusea e diarreia no grupo DASH + JI.
O que podemos concluir?
Em resumo, a dieta DASH em combinação ao jejum intermitente de 8 horas causou uma redução maior na pressão arterial do que a dieta DASH isolada. Tais achados sugerem que o jejum intermitente pode ser uma estratégia promissora no tratamento da hipertensão primária.
Entretanto, mais ensaios clínicos randomizados, com mais participantes, ainda são necessários para confirmar o efeito benéfico do jejum intermitente na hipertensão primária.
Para ler o artigo científico completo, clique aqui.
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Referência:
Zhou, X., Lin, X., Yu, J. et al. Effects of DASH diet with or without time-restricted eating in the management of stage 1 primary hypertension: a randomized controlled trial. Nutr J 23, 65 (2024). https://doi.org/10.1186/s12937-024-00967-9
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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