Dieta DASH e jejum intermitente no tratamento da hipertensão primária

Postado em 26 de agosto de 2024

Jejum intermitente de 8 horas promoveu diminuição na pressão arterial em pacientes hipertensos em estágio I.

Não é de hoje que as recomendações para o tratamento da hipertensão envolvem mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e atividade física. A dieta DASH, por exemplo, é um padrão alimentar desenvolvido especialmente para diminuir a pressão arterial, e seus efeitos positivos são cientificamente comprovados.

Nos últimos anos, alguns estudos também demonstraram o potencial do jejum intermitente em reduzir a pressão arterial em pacientes com doenças metabólicas. Porém, tais pesquisas são escassas, e nenhum estudo investigou esses efeitos no tratamento da hipertensão. Pelo menos, não até agora.

dieta DASH

Fonte: Canva

Para preencher essa lacuna científica, uma recente pesquisa buscou investigar os efeitos da dieta DASH em combinação ao jejum intermitente no tratamento da hipertensão primária. Confira os detalhes a seguir. 

Dieta DASH vs. Dieta DASH + jejum intermitente (JI)

Estudiosos chineses conduziram um estudo randomizado e controlado, com participação de 74 pacientes de hipertensão primária.

Segundo os autores, apenas indivíduos com hipertensão em estágio 1 foram recrutados. Isso porque as modificações de estilo de vida, de maneira isolada, são recomendadas apenas para paciente com HAS em estágio I e sem riscos. Além disso, o jejum intermitente poderia prevenir ou atrasar o uso da farmacoterapia, beneficiando estes pacientes.

Nesse sentido, a hipertensão primária foi definida como pressão arterial sistólica (PAS) de 130 a 139, ou pressão arterial diastólica (PAD) de 80 a 89 mm Hg.

Os 74 participantes dividiram-se aleatoriamente em dois grupos:

1) Grupo DASH (n=37): instruídos a consumir a dieta DASH, com alimentos consumidos em intervalo maior que 8 horas por dia

2) Grupo DASH + JI (n=37): instruídos a consumir sua dieta DASH dentro de uma janela de 8 horas (9h às 17h) e jejuar o resto do dia. Permitia-se apenas água e bebidas sem energia (por exemplo, café descafeinado e refrigerantes diet), fora da janela de alimentação .

Nenhum dos grupos deveria restringir as calorias. O aconselhamento dietético foi fornecido por nutricionistas e médicos, e a adesão foi monitorada. Além disso, orientou-se que todos os participantes mantivessem uma atividade física diária constante. 

O desfecho primário da pesquisa foram as mudanças na pressão arterial. Já os desfechos secundários incluíram mudanças na composição corporal, fatores de risco cardiometabólico, indicadores relacionados à inflamação, excreção urinária de Na+ e resultados de segurança.

Todos os desfechos foram medidos na linha de base e no final do acompanhamento de 6 semanas.

Jejum intermitente potencializou os benefícios da dieta DASH

Após uma análise extensa, os pesquisadores constataram que ambas as intervenções promoveram reduções na pressão arterial, mas o jejum intermitente potencializou essa diminuição.  

Mais especificamente, a redução da PAS e da PAD foi de 5,595 e 5,351 mmHg no grupo DASH, e 8,459 e 9,459 mmHg no grupo DASH +JI. Além disso, o grupo DASH + JI melhorou o ritmo diurno da pressão arterial. 

Em relação aos desfechos secundários, diversas variáveis diminuíram no grupo DASH + JI, tais como peso, IMC e gordura corporal. Entretanto, a diminuição na pressão arterial antecedeu a perda de peso, o que descarta a hipótese de que o emagrecimento seria o mecanismo responsável.

Em contrapartida, os participantes do grupo DASH + JI apresentaram diminuição da água extracelular e aumento da excreção urinária de Na+, ambos fatores relacionados à diminuição da pressão arterial. Portanto, tais alterações foram propostas como os principais mecanismos pelos quais o jejum intermitente regula a pressão arterial.

Finalmente, os pacientes não relataram eventos adversos sérios, em nenhum dos grupos. Por outro lado, alguns efeitos adversos leves foram constatados, incluindo fome noturna e dor no grupo DASH; e fome noturna, náusea e diarreia no grupo DASH + JI. 

O que podemos concluir?

Em resumo, a dieta DASH em combinação ao jejum intermitente de 8 horas causou uma redução maior na pressão arterial do que a dieta DASH isolada. Tais achados sugerem que o jejum intermitente pode ser uma estratégia promissora no tratamento da hipertensão primária. 

Entretanto, mais ensaios clínicos randomizados, com mais participantes, ainda são necessários para confirmar o efeito benéfico do jejum intermitente na hipertensão primária. 

Para ler o artigo científico completo, clique aqui

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Referência:

Zhou, X., Lin, X., Yu, J. et al. Effects of DASH diet with or without time-restricted eating in the management of stage 1 primary hypertension: a randomized controlled trial. Nutr J 23, 65 (2024). https://doi.org/10.1186/s12937-024-00967-9

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