Imagem: Shutterstock De origem multifatorial, mas principalmente associada a alimentação, sedentarismo e obesidade, a hipertensão…
Jejum intermitente de 8 horas promoveu diminuição na pressão arterial em pacientes hipertensos em estágio I.
Não é de hoje que as recomendações para o tratamento da hipertensão envolvem mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e atividade física. A dieta DASH, por exemplo, é um padrão alimentar desenvolvido especialmente para diminuir a pressão arterial, e seus efeitos positivos são cientificamente comprovados.
Nos últimos anos, alguns estudos também demonstraram o potencial do jejum intermitente em reduzir a pressão arterial em pacientes com doenças metabólicas. Porém, tais pesquisas são escassas, e nenhum estudo investigou esses efeitos no tratamento da hipertensão. Pelo menos, não até agora.
![dieta DASH](https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/2024/08/portal-para-nutricionistas-dieta-dash.png)
Fonte: Canva
Para preencher essa lacuna científica, uma recente pesquisa buscou investigar os efeitos da dieta DASH em combinação ao jejum intermitente no tratamento da hipertensão primária. Confira os detalhes a seguir.
Dieta DASH vs. Dieta DASH + jejum intermitente (JI)
Estudiosos chineses conduziram um estudo randomizado e controlado, com participação de 74 pacientes de hipertensão primária.
Segundo os autores, apenas indivíduos com hipertensão em estágio 1 foram recrutados. Isso porque as modificações de estilo de vida, de maneira isolada, são recomendadas apenas para paciente com HAS em estágio I e sem riscos. Além disso, o jejum intermitente poderia prevenir ou atrasar o uso da farmacoterapia, beneficiando estes pacientes.
Nesse sentido, a hipertensão primária foi definida como pressão arterial sistólica (PAS) de 130 a 139, ou pressão arterial diastólica (PAD) de 80 a 89 mm Hg.
Os 74 participantes dividiram-se aleatoriamente em dois grupos:
1) Grupo DASH (n=37): instruídos a consumir a dieta DASH, com alimentos consumidos em intervalo maior que 8 horas por dia
2) Grupo DASH + JI (n=37): instruídos a consumir sua dieta DASH dentro de uma janela de 8 horas (9h às 17h) e jejuar o resto do dia. Permitia-se apenas água e bebidas sem energia (por exemplo, café descafeinado e refrigerantes diet), fora da janela de alimentação .
Nenhum dos grupos deveria restringir as calorias. O aconselhamento dietético foi fornecido por nutricionistas e médicos, e a adesão foi monitorada. Além disso, orientou-se que todos os participantes mantivessem uma atividade física diária constante.
O desfecho primário da pesquisa foram as mudanças na pressão arterial. Já os desfechos secundários incluíram mudanças na composição corporal, fatores de risco cardiometabólico, indicadores relacionados à inflamação, excreção urinária de Na+ e resultados de segurança.
Todos os desfechos foram medidos na linha de base e no final do acompanhamento de 6 semanas.
Jejum intermitente potencializou os benefícios da dieta DASH
Após uma análise extensa, os pesquisadores constataram que ambas as intervenções promoveram reduções na pressão arterial, mas o jejum intermitente potencializou essa diminuição.
Mais especificamente, a redução da PAS e da PAD foi de 5,595 e 5,351 mmHg no grupo DASH, e 8,459 e 9,459 mmHg no grupo DASH +JI. Além disso, o grupo DASH + JI melhorou o ritmo diurno da pressão arterial.
Em relação aos desfechos secundários, diversas variáveis diminuíram no grupo DASH + JI, tais como peso, IMC e gordura corporal. Entretanto, a diminuição na pressão arterial antecedeu a perda de peso, o que descarta a hipótese de que o emagrecimento seria o mecanismo responsável.
Em contrapartida, os participantes do grupo DASH + JI apresentaram diminuição da água extracelular e aumento da excreção urinária de Na+, ambos fatores relacionados à diminuição da pressão arterial. Portanto, tais alterações foram propostas como os principais mecanismos pelos quais o jejum intermitente regula a pressão arterial.
Finalmente, os pacientes não relataram eventos adversos sérios, em nenhum dos grupos. Por outro lado, alguns efeitos adversos leves foram constatados, incluindo fome noturna e dor no grupo DASH; e fome noturna, náusea e diarreia no grupo DASH + JI.
O que podemos concluir?
Em resumo, a dieta DASH em combinação ao jejum intermitente de 8 horas causou uma redução maior na pressão arterial do que a dieta DASH isolada. Tais achados sugerem que o jejum intermitente pode ser uma estratégia promissora no tratamento da hipertensão primária.
Entretanto, mais ensaios clínicos randomizados, com mais participantes, ainda são necessários para confirmar o efeito benéfico do jejum intermitente na hipertensão primária.
Para ler o artigo científico completo, clique aqui.
Se você gostou deste conteúdo, leia também:
- Hipertensão arterial: como orientar o paciente para prevenção e tratamento?
- Jejum intermitente: quais os efeitos na perda de peso?
- Estratégias associadas ao jejum intermitente podem reduzir risco de diabetes tipo 2
Referência:
Zhou, X., Lin, X., Yu, J. et al. Effects of DASH diet with or without time-restricted eating in the management of stage 1 primary hypertension: a randomized controlled trial. Nutr J 23, 65 (2024). https://doi.org/10.1186/s12937-024-00967-9
![Nutritotal PRO](https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/2022/03/Nutritotal-Pro-Vertical-01.png.webp)
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
Leia também
![Dieta DASH e jejum intermitente no tratamento da hipertensão primária](https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/2022/12/Nutritotal-Pro-Vertical-02-150x150.png.webp)
A Redação Nutritotal é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.