Estudo avalia efeitos da melatonina em pessoas com diabetes e doença renal crônica

Postado em 10 de julho de 2025

Melatonina pode modular estresse oxidativo e inflamação em pacientes com diabetes e doença renal crônica, mas os efeitos ainda são inconclusivos.

A doença renal crônica (DRC) é decorrente da destruição progressiva e irreversível da quantidade e da função dos néfrons renais. Uma das principais causas da DRC em estágio terminal é o diabetes mellitus (DM). 

Pesquisas indicam que o estágio da DRC se correlaciona com o nível de interrupção do ritmo de produção de melatonina. Ademais, a inflamação e o estresse oxidativo também contribuem para o surgimento da DRC. 

efeitos da melatonina

Fonte: Canva

Um recente ensaio clínico investigou os efeitos da suplementação de melatonina, que desempenha um papel antioxidante no organismo, sob o estresse oxidativo e os marcadores inflamatórios em pacientes diabéticos com DRC. 

A seguir, confira os destaques desta investigação.

Participantes receberam melatonina duas vezes por dia

O estudo envolveu 41 pacientes diabéticos com DRC em estágios anteriores à diálise (estágios 3-4), entre 25 e 65 anos, e com um IMC entre 20 e 30 kg/m².

Os participantes foram randomizados em dois grupos: 

  • Grupo intervenção (n = 20): recebeu cápsulas de melatonina (5 mg) duas vezes ao dia durante 10 semanas
  • Grupo controle (n = 21): recebeu placebo com a mesma aparência e frequência

Os principais desfechos analisados foram:

  • Indicadores de estresse oxidativos: capacidade antioxidante total (CAT), estresse oxidativo total (EOT), malondialdeído (MDA)
  • Marcadores inflamatórios: interleucina-6 (IL-6) e proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-us)

Além disso, os participantes foram solicitados a fornecer três recordatórios alimentares de 24 horas no início, na 5ª semana e no final do estudo. Atividades físicas e aspectos antropométricos também foram monitorados.

Como a melatonina poderia exercer efeitos antioxidantes e anti‑inflamatórios?

Vários mecanismos biológicos ajudam a explicar por que a melatonina pode modular o estresse oxidativo e a inflamação em pacientes diabéticos com DRC. 

De forma simplificada, pode-se destacar dois principais:

  1. Sequestro de radicais livres

A melatonina age como um “capturador” direto de espécies reativas, eliminando radicais nocivos que atacam as membranas celulares e provocam peroxidação lipídica. 

Ao neutralizar esses radicais, ela reduz automaticamente a formação de MDA, um marcador clássico de dano oxidativo ao tecido renal.

  1. Reforço das defesas antioxidantes endógenas

Além de agir diretamente, a melatonina estimula a produção e a atividade de moléculas e enzimas antioxidantes, como glutationa (GSH) e as enzimas catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR). 

Esse fortalecimento do sistema de defesa eleva a capacidade antioxidante total (TAC) do organismo, conferindo maior resistência ao estresse oxidativo crônico presente na DRC.

Suplementação de melatonina não gerou efeitos significativos

Após o término da intervenção, a ingestão alimentar, a atividade física e os parâmetros antropométricos não diferiram significativamente entre os grupos, em relação às características basais. 

Por outro lado, a suplementação de melatonina diminuiu o estresse oxidativo e os biomarcadores inflamatórios, incluindo PCR-us (-29%), MDA (-2%), TOS (-1%) e IL-6 (diminuição menor que 1%). No entanto, essas alterações não foram estatisticamente significativas.

Essas reduções percentuais, embora não significativas, apontam para uma tendência de melhora. Resultados semelhantes foram observados em outros estudos: uma pesquisa anterior relatou reduções significativas de hs‑CRP, TAC e MDA após 12 semanas de melatonina em pacientes diabéticos em hemodiálise.

Já em uma metanálise de 14 ensaios clínicos, indicou-se queda em CRP, TNF‑α, IL‑1, IL‑6 e MDA, além de aumento de TAC, GSH e SOD.

A discrepância entre as evidências pode refletir diferenças no desenho do estudo, como duração, tamanho da amostra e estágio da doença. Além disso, métodos distintos de mensuração dos biomarcadores podem ter influenciado a sensibilidade para detectar mudanças sutis.

Conclusão

Em resumo, a suplementação de melatonina não afetou significativamente o estresse oxidativo ou os marcadores inflamatórios. Estudos adicionais com amostras maiores, dosagens maiores e períodos de acompanhamento mais longos são recomendados.

Para ler o artigo científico completo, clique aqui.

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Referência

Sadeghi, S., Nassiri, A., Hakemi, M.S. et al. Effects of melatonin supplementation on oxidative stress, and inflammatory biomarkers in diabetic patients with chronic kidney disease: a double-blind, randomized controlled trial. BMC Nutr 11, 34 (2025). https://doi.org/10.1186/s40795-025-01026-0

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