A diretriz apresenta 103 recomendações, divididas em orientações acerca das principais doenças hepáticas da atualidade.
Publicada em 2020, a mais recente diretriz prática da ESPEN sobre doenças hepáticas visa abordar questões clinicamente relevantes no manejo nutricional e metabólico de pacientes adultos com enfermidades do fígado.
A publicação destas diretrizes é direcionada a todos os prestadores de saúde envolvidos no cuidado de pacientes com doenças hepáticas crônicas, tais como médicos, farmacêuticos, enfermeiros, nutricionistas e administradores de unidades de saúde.
Vamos conhecê-la?
Diretrizes Práticas da ESPEN: Nutrição Clínica na Doença Hepática
A orientação prática em questão é composta por um total de 103 declarações e recomendações, todas baseadas na Diretriz ESPEN sobre Nutrição Clínica na Doença Hepática publicada anteriormente em 2019.
Nesta nova versão, as orientações foram encurtadas, restringindo os comentários às evidências e literatura científicas nas quais cada recomendação se baseia. Logo, foram deixados de fora comentários com evidência científica insuficiente.
As recomendações não foram alteradas, mas sim reordenadas e agrupadas por cada doença. Além disso, anteriormente às recomendações específicas de cada doença, estão presentes recomendações gerais, incluindo orientações acerca do diagnóstico do estado nutricional, e complicações associadas à nutrição.
Por fim, a publicação também foi enriquecida com fluxogramas, para facilitar seu uso prático por profissionais de saúde.
A seguir, reunimos algumas recomendações principais para cada doença abordada no documento.
Insuficiência Hepática Aguda (IHA)
– Pacientes que sofrem apenas de encefalopatia hepática leve podem ser alimentados por via oral, desde que os reflexos de tosse e deglutição estejam intactos.
– Em pacientes com encefalopatia hepática leve, suplementos nutricionais orais devem ser usados quando as metas de alimentação não são alcançadas por via oral.
– Pacientes que não podem ser alimentados por via oral devem receber nutrição enteral por sonda nasogástrica ou nasojejunal.
– Em pacientes desnutridos, a nutrição enteral ou parenteral deve ser iniciada prontamente, assim como em outros pacientes críticos.
Esteatose Hepática Alcoólica (EHA)
– Os pacientes devem ser alimentados por via oral, desde que os reflexos de tosse e deglutição estejam intactos e as metas de calorias e proteínas possam ser alcançadas.
– A terapia nutricional deve ser oferecida a todos os pacientes com EHA grave quando a via oral é insuficiente, melhorando a sobrevida, a taxa de infecção, a função hepática e a resolução da encefalopatia.
– Para suplementos nutricionais orais ou nutrição enteral em pacientes com EHA grave devem ser usadas fórmulas com alta densidade de energia (≥ 1,5 kcal por ml).
Esteatose Hepática Não Alcoólica (EHNA)
– Em pacientes com sobrepeso/obesidade, deve-se buscar uma perda de peso de 7 a 10% para melhorar a esteatose e a bioquímica hepática; deve-se buscar uma perda de peso > 10% para melhorar a fibrose.
– Uma dieta mediterrânea deve ser aconselhada a melhorar a esteatose e a sensibilidade à insulina.
– Em pacientes obesos, após a falha de intervenções no estilo de vida, a cirurgia bariátrica deve ser proposta.
– Os pacientes devem ser encorajados a se abster de álcool para reduzir o risco da comorbidade.
– Pacientes obesos com doença intercorrente devem receber nutrição enteral ou parenteral com uma meta de ingestão energética de 25 kcal/kg/dia, e uma ingestão de proteína alvo de 2 a 2.5 g/kg/dia.
Cirrose hepática
– Os períodos de jejum devem ser curtos, consumindo 3 a 5 refeições por dia, para melhorar o status de proteína corporal total.
– A dieta oral de pacientes cirróticos com desnutrição e depleção muscular deve fornecer 30 a 35 kcal/kg/dia e 1 a 1.5 g/kg/dia de proteína.
– Em pacientes intolerantes a proteínas, proteínas vegetais ou BCAA (0,25g/kg/dia) devem ser usados por via oral para facilitar a ingestão adequada de proteínas.
Transplante de fígado (LTx) e cirurgia
– No pré-operatório, recomenda-se uma ingestão energética total de 30 a 35 kcal/kg/dia e uma ingestão proteica de 1.2 a 1.5 g/kg/dia.
– Em crianças que aguardam transplante, fórmulas enriquecidas com BCAA devem ser usadas para melhorar a massa celular corporal.
– Após o transplante, alimentação normal ou enteral deve ser iniciada dentro de 12 a 24h de pós-operatório, para reduzir a taxa de infecção.
– Após a cirurgia, os pacientes com doença hepática crônica devem ser tratados de acordo com o protocolo ERAS.
– Após a fase pós-operatória aguda, uma ingestão energética de 30 a 35 kcal/kg/dia e uma ingestão proteica de 1.2 a 1.5 g/kg/dia é recomendada.
Para ter acesso às informações completas presentes na diretriz, clique aqui.
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