Semiologia nutricional: sinais e sintomas de disfunções nutricionais

Postado em 6 de maio de 2025

A combinação entre observação clínica e escuta ativa para um diagnóstico mais preciso.

A semiologia nutricional é uma ferramenta muito útil no processo de avaliação nutricional, pois permite identificar sinais e sintomas físicos que indicam possíveis deficiências, excessos ou disfunções relacionadas ao estado nutricional.

Diferente de avaliar apenas o que o paciente relata, a semiologia nutricional une a observação clínica com a escuta ativa do paciente, reunindo elementos físicos e subjetivos que ajudam a construir um diagnóstico e uma conduta mais completa.

semiologia nutricional

Fonte: Canva

Anamnese nutricional: a base da avaliação

Dentro da semiologia nutricional, a anamnese é a etapa inicial, na qual o paciente relata espontaneamente ou sob questionamento informações sobre sua saúde, hábitos alimentares, estilo de vida e queixas específicas.

Trata-se de um momento de rememoração e compartilhamento, mas que, por sua natureza subjetiva, pode estar sujeita a variáveis como esquecimento, constrangimento ou interpretação errada de sintomas. Assim, a anamnese deve ser encarada como parte de um conjunto de dados, nunca isoladamente.

Durante a anamnese, sintomas (percepções subjetivas do paciente, como cansaço, tontura, dor) e sinais (evidências objetivas, observadas pelo profissional, como palidez ou edema) são cuidadosamente explorados para levantar hipóteses clínicas.

Exame físico: olhos atentos aos sinais visíveis

O exame físico é a continuidade da semiologia nutricional, focado na inspeção e palpação de estruturas corporais externas para identificar alterações compatíveis com desnutrição, deficiências específicas de micronutrientes ou excessos nutricionais. 

Para realizar o exame físico é importante:

  1. Higienização das mãos e dos equipamentos antes do contato com o paciente para prevenir infecções.
  2. Explicação prévia de todos os procedimentos para ajudar o paciente a se sentir seguro.
  3. Vestimenta adequada do paciente e do profissional, garantindo a exposição das áreas a serem examinadas e a facilidade de movimentação do profissional durante o exame.
  4. Ambiente reservado, limpo, com boa iluminação e temperatura confortável, para favorecer a confiança do paciente e a precisão do exame.

O que examinar no corpo do paciente?

RegiãoO que observar?Características em condições normais
CabeloColoração, brilho, quantidade, espessura, hidratação, alopeciaColoração adequada, brilhantes, crescimento normal, firmes, macios ao toque e difíceis de arrancar
OlhosAspecto, cores da mucosa e membrana, sinais de excesso de nutrientes (xantelasma, arco córneo lipídico), sinais de deficiência de nutrientes (olhos escuros e flácidos ao redor) e condições de hipovitaminoses (xeroftalmia, nictalopia)Brilhantes, membranas róseas e úmidas, sem manchas e boa adaptação visual no escuro
LábiosColoração da mucosa, presença de lesões causadas por hipovitaminosesLábios macios e sem inflamações
LínguaColoração, integridade papilar, edema, espessamentoLíngua vermelha, paladar preservado e superfície normal, sem edema
GengivasEdema, porosidade e sangramentoAusência de edemas e sangramento
DentesPresença de cáries, ausência de dentes, uso de prótese, alterações em função de excesso ou escassez de nutrientesArcada dentária íntegra, sem ausência de dentes, prótese bem adaptada, sem comprometimento da mastigação
FacePresença de edema ou depleção (exposição do arco zigomático), palidez, atrofia unilateral ou bitemporal, aspecto cansado, aparência deprimidaBom estado geral, sem sinais de edema ou depleção
PeleCor, turgor, presença de edema, pigmentação, integridade, brilho, temperaturaCor uniforme, turgor preservado ou compatível com a idade, sem edema, aparência saudável e lisa
UnhasForma, contorno, ângulo, coloração, rigidez e presença de micosesUniformes, arredondas, lisas e firmes, sem micoses
AbdômenRigidez (flácido ou tenso), volume (distendido, globoso ou escavado) e presença de gases: pouco (normal), maciez (quando há tumor) ou timpânicoAusência das alterações referidas
Tecido subcutâneoExcesso de tecido adiposo ou déficit de tecido subcutâneo (flacidez) e presença de edemaAusência das alterações referidas
Tecido muscular esqueléticoRetração ou atrofiaAusência das alterações referidas
Sistema nervosoPerdas do controle na contração ou parestesiasAusência das alterações referidas
Condição hídricaDesidratação ou edemaAusência das alterações referidas

 

Note que durante o exame físico, vários parâmetros são analisados, logo é preciso saber como avaliá-los também. Saiba como avaliar alguns deles:

Avaliação de edema

O edema — acúmulo anormal de líquido nos tecidos — é um sinal importante na semiologia nutricional. Para identificá-lo:

  1. Pressione suavemente a pele sobre a tíbia (osso da canela) ou tornozelos por alguns segundos.
  2. Observe se a depressão provocada pela pressão persiste após a retirada do dedo (sinal de “cacifo” positivo).
  3. Classifique a intensidade do edema (leve, moderado ou grave) de acordo com a profundidade e o tempo que a depressão leva para desaparecer.

Avaliação de turgor e elasticidade da pele

Outro aspecto da semiologia nutricional é avaliar a hidratação da pele. O teste é simples:

  1. Pince a pele do dorso da mão ou antebraço do paciente e observe se ela retorna rapidamente à posição normal.
  2. Retorno lento pode indicar desidratação, comum em idosos ou em situações de ingestão hídrica insuficiente.

Avaliação de peso e circunferência abdominal 

O peso e as circunferências abdominal e da cintura devem ser aferidos com o paciente em jejum ou, pelo menos, fora do período pós-prandial imediato e com a bexiga vazia. 

A postura do nutricionista: respeito e acolhimento

Em todas as etapas da semiologia nutricional, é indispensável que o nutricionista demonstre respeito absoluto pela história do paciente, sem julgamentos ou expressões que possam inibir a confiança.

Um ambiente de acolhimento facilita a obtenção de informações verdadeiras e a construção de um plano de cuidado mais eficaz.

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Referências

PINEDA, J. C. (2020). Semiología nutricional: el mejor camino para la seguridad diagnóstica y terapéutica. Revista De Nutrición Clínica Y Metabolismo, 4(1). https://doi.org/10.35454/rncm.v4n1.177SAMPAIO, L.R., org. Avaliação nutricional. Salvador: EDUFBA, 2012, pp. 23-47.

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