Qual o impacto do microbioma na saúde da criança?

Postado em 15 de agosto de 2018 | Autor: Natalia Lopes

A microbiota intestinal desempenha papel fundamental na maturação do sistema imunológico e na prevenção de doenças que podem ocorrer durante o período neonatal, infância e vida adulta. Ela começa a se formar ainda na vida uterina, mas é durante o parto normal que o bebê tem maior contato com os microorganismos. Ao excluir o contato vaginal/anal materno, o parto cesárea pode estar associado a maior risco de doenças crônicas como diabetes, obesidade e asma.

A partir do nascimento, a criança passa a receber influências externas para formação e desenvolvimento do seu microbioma. O aleitamento materno favorece a boa colonização da microbiota, com aumento de Bacterioidetes e Bifidobacterium. Durante a introdução alimentar, a oferta de alimentos fontes de fibras e nutricionalmente adequados garante a continuidade do desenvolvimento saudável do microbioma intestinal, o que influencia o metabolismo do hospedeiro, especialmente no início da vida, via degradação decomponentes alimentares não digeríveis, produção de ácidos graxos de cadeia curta, metabolismo de hormônios e formação do sistema imunológico.

O desequilíbrio da homeostase da microbiota – disbiose- pode comprometera saúde das crianças. O uso de antibióticos em recém-nascidos, por exemplo, reduz o número de Bifidobacterium e aumenta a colonização por Clostridium, provocando situações que anulam os efeitos protetores do aleitamento materno. A disbiose na fase pós-natal e primeira infância está também associada a maior risco de enterocolite necrosante e sepse tardia em recém-nascidos prematuros, assim como o desenvolvimento de sobrepeso, obesidade, asma, diabetes e condições atópicas, como eczema.

O microbioma de bebês e crianças pode ser facilmente modulado pelo uso de probióticos, prebióticos e simbióticos. Lactobacilos, Bifidobactérias e Estreptococos auxiliam a redução da colonização intestinal por microrganismos patógenos, enquanto prebióticos estimulam o crescimento de bactérias comensais. Nesse sentido, conhecer o microbioma intestinal infantil, por meio do seu sequenciamento genético, e os fatores associados a sua alteração é de suma importância para traçar estratégias de modulação adequadas e prevenir o surgimento de doenças durante o crescimento e a vida adulta.

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Referências

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