Avaliação de fragilidade em pacientes críticos

Postado em 13 de junho de 2022 | Autor: natália Lopes

No paciente crítico, avaliar a fragilidade hospitalar é de grande importância para prever a sobrevida a longo prazo.

Em pacientes críticos, a fragilidade clínica está associada ao risco de quedas, hospitalização prolongada, pior qualidade de vida e dependência funcional. Assim, essa condição leva a piores desfechos de saúde, principalmente na UTI.

fragilidade pacientes críticos

Fonte: Shutterstock

Avaliar a fragilidade hospitalar é de grande importância para prever a sobrevida a longo prazo. Em um estudo de coorte retrospectivo multicêntrico, duas medidas com estes fins foram comparadas: a CFS e a HFRS, veja detalhes a seguir.

 

Principais métodos de avaliação da fragilidade

O Clinical Frailty Scale (CFS) é a medida de fragilidade mais utilizada em pacientes de UTI. Apesar de ter algumas limitações, como a subjetividade na avaliação e o uso de um escore baseado em julgamento, a CFS é validada para prever resultados a curto e longo prazo em pacientes críticos.

O CFS é coletado no momento da admissão na UTI, com base no nível de função física do paciente nos 2 meses anteriores. Seu escore classifica os pacientes em:

  • Não frágeis (1 = muito em forma; 2 = bem; 3 = gerindo bem; 4 = vulnerável); ou
  • Frágeis (5 = levemente frágeis; 6 = moderadamente frágeis; 7 = severamente frágeis ; 8 = muito severamente frágil).

Já o Hospital Frailty Risk Score (HFRS), uma proposta mais recente, é calculado usando o sistema CID-10. Assim, avalia a fragilidade com base nas condições de saúde pré-existentes. Em relação à categorização, pacientes com HFRS > 5 foram considerados “frágeis”, e aqueles com pontuação < 5, como “não frágeis”. No entanto, há evidências conflitantes quando se trata da validade deste escore em pacientes de UTI, especialmente em idosos.

 

O estudo comparou CFS vs HFRS

O objetivo da pesquisa foi avaliar o uso do HFRS como ferramenta de triagem de fragilidade em pacientes de UTI, comparando seu desempenho com o CFS como preditor de sobrevida em 1 ano após a admissão.

Para isso, foram utilizados dados de 16 UTIs públicas no estado de Victoria, na Austrália, entre 2017 e 2018. O conjunto de dados compreendeu 7.001 pacientes dos quais as medidas CFS e HFRS estavam disponíveis. A idade média dos pacientes foi 63,7 anos.

 

O CFS é a melhor medida para triagem de fragilidade em pacientes críticos

O estudo demonstrou baixa concordânica entre o CFS e o HFRS. Segundo os autores, a explicação mais provável é que ambas as medidas estimam a fragilidade com base em diferentes conceitos.

O Clinical Frailty Scale (CFS) teve os melhores resultados, com maior validade preditiva de sobrevida em longo prazo quando comparado ao HFRS. Portanto, a pesquisa reforça o argumento de que o CFS é uma medida de triagem de fragilidade melhor e mais confiável em pacientes críticos. De fato, esse escore é multidimensional, eficiente em termos de tempo, preciso e também fácil de ser utilizado.

A menor prevalência de fragilidade categorizada por HFRS no estudo se compara à literatura anterior. O HFRS depende fortemente de contagens simples de comorbidades para classificação de fragilidade, geralmente sem ser capaz de diferenciar condições pré-existentes daquelas que se desenvolvem ou são identificadas novamente durante a hospitalização.

Além disso, o HFRS se baseia nos registros dos pacientes, que são propensos a estar incompletos ou possivelmente incorretos. Assim, embora o HFRS possa ser útil para avaliar morbidade, a fragilidade é mais do que apenas a soma de comorbidades.

 

O que concluem os autores

Em suma, a pesquisa descobriu que o CFS é um melhor preditor de sobrevida em fragilidade do que o HFRS, tendo, portanto, maior validade clínica.

 

Para ler o artigo completo, clique aqui.

 

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Referência:

SUBRAMANIAM, Ashwin et al. Comparison of the predictive ability of clinical frailty scale and hospital frailty risk score to determine long-term survival in critically ill patients: a multicentre retrospective cohort study. Critical Care, v. 26, n. 1, p. 1-11, 2022.

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