Atletas vegetarianos: como atingir a necessidade proteica?

Postado em 10 de outubro de 2022 | Autor: Nutritotal Redação

Com uma necessidade aumentada, atletas vegetarianos devem optar por fontes alternativas de proteínas.

Com a crescente preocupação ambiental e a preconização das práticas de sustentabilidade, o vegetarianismo, ou dieta vegetariana, ganha um grande destaque como apoio a essas causas. Sendo assim, nos últimos anos, houve um enorme crescimento da população vegetariana no mundo e, consequentemente, no campo esportivo.

atletas vegetarianos proteínas

O vegetarianismo é caracterizado pela dieta à base de alimentos de origem vegetal, podendo incluir ovos, leite e seus derivados, deita ovolactovegetariana, ou excluir todo tipo de alimento de origem animal, chamado de vegetarianismo estrito ou veganismo.

Considerando que o consumo proteico pode gerar dúvidas para atletas vegetarianos e veganos, e, consequentemente, dos profissionais que trabalham com esse público, esse texto discute como atingir a sua necessidade proteica.

Necessidade proteica de atletas

As proteínas exercem funções fundamentais que contribuem para obom funcionamento do organismo. Dentre essas funções, se destacam o suporte para o metabolismo muscular e ósseo, manutenção do sistema nervoso e na performance física e muscular. 

De acordo com a RDA americana, a recomendação de ingestão diária de proteína de um indivíduo saudável é de 0,8 g/Kg de peso corporal. Entretanto, essa recomendação leva em consideração apenas o peso corporal total e não a massa muscular, muito importante para o desempenho dos atletas.

Tendo isso em vista, um estudo transversal foi realizado com 176 atletas experientes dos mais diversos esportes. O objetivo do estudo foi comparar o consumo de proteína desses atletas com a recomendação da RDA, bem como  descrever a ingestão média de proteína em g/Kg de massa muscular.

Os pesquisadores observaram uma ingestão média de proteína diária superior a 1,0 g/Kg de peso corporal, considerado significativamente maior que a recomendação.

Ao relacionar com a massa muscular, o consumo proteico representou uma média de 1,43 g/Kg de massa muscular. Vale lembrar que a recomendação RDA visa manter apenas o equilíbrio do balanço de nitrogênio e não considera a composição corporal dos indivíduos.

Os resultados do estudo se aproximaram do que tem sido sugerido por especialistas do esporte, que sugerem o consumo médio de proteína para pessoas ativas de 1,2g a 2,0 g/Kg de peso corporal, visando manter ou aumentar a síntese proteica muscular e consequente sua massa magra.

Proteínas: Fontes Alternativas

Atletas que optaram pelo vegetarianismo estrito, optam pela eliminação de sua dieta os alimentos de origem animal. Dessa forma, fontes proteicas alternativas são necessárias para que alcancem a ingestão proteica necessária, mas também consumam uma fonte de proteína de alta qualidade.

A qualidade da fonte de proteína é determinada por alguns fatores. Principalmente pela composição de aminoácidos presentes, se destacando aquelas que apresentam maior quantidade e variedade de aminoácidos essenciais. Mas também, é definida pela sua biodisponibilidade e digestibilidade.

Qualidade da Proteína Vegetal 

Já foi evidenciado que algumas fontes de proteína à base de plantas podem ser tão eficientes quanto as de origem animal. Provendo todos os aminoácidos essenciais e possibilitando ótimos resultados acerca de manutenção de massa muscular, sendo utilizadas como suplementos esportivos. Algumas fontes proteicas vegetais são:

  • Soja – o tofu, o leite de soja e suas versões texturizadas
  • Ervilha – in natura ou isolada na forma de suplemento alimentar
  • Lentilha, grão de bico, feijão e outras leguminosas
  • Quinoa
  • Aveia

Entretanto, em geral as proteínas de origem vegetal apresentam uma menor biodisponibilidade quando comparadas as de origem animal ou o whey protein. Sua composição e estrutura as torna mais resistentes a proteólises, o que acaba prejudicando sua digestibilidade no organismo humano.

Dessa forma, estratégias como isolamento da proteína ou diferentes formas de processamento ou preparação podem melhorar esse perfil de biodisponibilidade e digestibilidade. O tofu e o leite de soja, por exemplo, são diferentes preparações a partir da soja que provêm um aporte proteico de maior qualidade.

Alguns estudos indicam ainda que a dieta rica em vegetais pode auxiliar no combate ao estresse oxidativo gerado pelo esforço físico característico de atletas. Contribuindo na prevenção contra transtornos como, inflamações, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer.

Micoproteínas: o que são?

As micoproteínas são feitas a partir de fungos, geralmente da espécie Fusarium venenatum. Esse tipo de proteína ganhou destaque recentemente pela sua melhora no perfil de transição para o vegetarianismo, visto que oferece um sabor mais semelhante ao da carne, sugerindo uma melhor aceitação por esse público.

Elas podem ser oferecidas de diversas maneiras, como:

  • Em formas de carne moída, hambúrgueres, nuggets;
  • Vegetais enriquecidos com raízes de fungos

Além disso, as micoproteínas são ricas em fibras dietética e em proteínas de alto valor biológico. Contêm grande quantidade de aminoácidos essenciais e uma alta digestibilidade, se tornando uma ótima opção para substituir as carnes e derivados de animais.

Especificamente paraatletas e pessoas ativas, alguns estudos indicaram um efeito ergogênico importante das micoproteínas. Os autores concluíram que as micoproteínas podem oferecer efeito anabólico e síntese proteica musculares bem significantes, sendo quase similares às proteínas animais.

Conclui-se, então, que atualmente, atletas vegetarianos e veganos podem ter seu rendimento mantido através do consumo variado de alimentos fonte de proteína animal, sem que seja observado comprometimento na saúde ou ganho de massa muscular.

Se você gostou deste conteúdo, veja também:

Referências

López-Martínez MI, Miguel M and Garcés-Rimón M (2022) Protein and Sport: Alternative Sources and Strategies for Bioactive and Sustainable Sports Nutrition. Front. Nutr. 9:926043. doi: 10.3389/fnut.2022.926043

Joseph R. Stanzione , Joseph I. Boullata , Michael L. Bruneau Jr. (2022) Association between protein intake and lean body mass in a group of Masters Athletes. Journal of Nutritional Science (2022), vol. 11, e30, page 1 of 6

Leia também



Cadastre-se e receba nossa newsletter