Entenda como preservar a saúde dos ossos e músculos na terceira idade, evitando doenças comuns.
Dentre as principais síndromes geriátricas, boa parte delas se relacionam com a deterioração da saúde osteomuscular. Fragilidade, sarcopenia e osteoporose são os principais exemplos.
Tais condições acarretam em aumento no risco de resultados adversos, tais como mobilidade reduzida, incapacidade funcional, quedas, fraturas ósseas, hospitalização, e até mesmo a mortalidade.
Para preservar a saúde dos ossos e músculos, a nutrição pode ser uma grande aliada. Nesse artigo, iremos desvendar os principais nutrientes envolvidos na saúde osteomuscular, recomendações de consumo e como obtê-los. Confira!
Quais são os nutrientes essenciais para o idoso?
1. Proteína
A proteína é o macronutriente responsável pela manutenção e formação dos músculos. Com o avanço da idade, o organismo passa por um processo natural de degradação da massa muscular, além da diminuição da síntese proteica. Somado a isso, a ingestão insuficiente de proteínas resulta em perda crônica de massa muscular.
Para amenizar estes processos, o consumo adequado de proteínas é imprescindível. Para os idosos, os benefícios das proteínas incluem:
- Manutenção e construção muscular;
- Suporte e proteção de ossos e articulações;
- Aumento da força e função muscular;
- Melhor desempenho físico;
- Saciedade e controle do peso.
Segundo a Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral (ESPEN), a ingestão proteica em idoso deve ser de, pelo menos, 1 g/kg/dia. Entretanto, este valor deve ser ajustado individualmente, podendo chegar a 1.5 g/kg/d para idosos com doenças agudas ou crônicas, e até 2 g/kg/d em caso de doença grave, lesão ou desnutrição.
Em particular, a leucina é um aminoácido com importante papel na síntese proteica em idosos. Por isso, recomenda-se a ingestão mínima de 3 g/dia de leucina, encontrada em produtos como frango, ovos e lácteos, ou ainda em suplementos de BCAAs.
Por fim, o fracionamento da ingestão proteica também é indicado, com pelo menos 25 g de proteína a cada refeição. Para isso, a suplementação proteica pode ajudar.
2. Cálcio
A perda da densidade mineral óssea é comum no processo de envelhecimento, podendo limitar a mobilidade do idoso.
Entre as mulheres, essa maior perda óssea ocorre após a menopausa, devido à deficiência de estrogênio que resulta na diminuição da absorção intestinal e renal de cálcio, além do aumento de reabsorção óssea. Assim, a deficiência de cálcio é prevalente entre mulheres idosas.
Outros fatores que contribuem para a menor absorção/utilização do cálcio enquadram dietas ricas em sódio e oxalato, bem como a menor ingestão do mineral.
A diminuição persistente dos níveis de cálcio é associada à baixa massa óssea e altas taxas de fraturas. Desse modo, recomenda-se uma ingestão de 1000 a 1200 mg/dia para a manutenção da saúde óssea ideal.
Incluir mais lácteos, peixes e vegetais de folhas verdes escuras pode suprir essa necessidade, que é ainda mais garantida com o uso de suplementos, no caso de idosos com baixa ingestão alimentar.
3. Vitamina D
A vitamina D está envolvida na homeostase óssea e na absorção e manutenção dos níveis de cálcio e fósforo. Além disso, possui papeis na coordenação muscular e na saúde das fibras musculares.
Entre idosos, a deficiência de vitamina D se deve a diversos fatores, incluindo menor exposição solar, e diminuição na capacidade da pele de sintetizá-la.
Nesse sentido, uma baixa concentração de vitamina D têm sido apontada em distúrbios da saúde osteomuscular, como na síndrome de fragilidade. Níveis abaixo de 62 a 50 nmol/l se associam à menor densidade mineral óssea, maior risco de quedas e fraturas, aumento da fraqueza muscular e diminuição da função física.
Ao que parece, a ingestão de 800 UI/dia de vitamina D é suficiente quando há exposição solar adequada. Por outro lado, para idosos com obesidade e baixa exposição solar, indica-se aproximadamente 2.000 UI/dia.
As fontes dietéticas de vitamina D são poucas, se limitando principalmente a peixes oleosos e produtos fortificados. Por isso, a suplementação pode ser bem-vinda. Quando em conjunto ao cálcio, essa estratégia é vantajosa para:
- Prevenção da osteoporose, osteomalácia e outras doenças da saúde osteomuscular;
- Prevenção de quedas e fraturas;
- Aumento no tamanho da fibra muscular;
- Efeito positivo na força e equilíbrio;
- Prevenção da perda óssea.
4. Vitamina K
A vitamina K desempenha um papel essencial no metabolismo ósseo, facilitando a carboxilação de proteínas como a osteocalcina, envolvida no processo de formação e mineralização dos ossos.
Várias pesquisas relatam a importância da vitamina K para a otimização da saúde osteomuscular. Em determinados estudos, a suplementação da vitamina K foi capaz de suprimir a diminuição da densidade mineral óssea, principalmente em mulheres mais velhas.
Este micronutriente é encontrado principalmente nos vegetais, como espinafre, couve, acelga e folhas de mostarda. Em geral, a ingestão recomendada é de 90 ug/d para mulheres mais velhas, e 120 ug/d para homens mais velhos.
5. Nutrientes antioxidantes
Com o envelhecimento, há um desequilíbrio no sistema antioxidante do organismo, gerando um aumento das espécies reativas de oxigênio (EROs), ou radicais livres. Tal processo afeta a geração a e sobrevivência dos osteoclastos, osteoblastos e osteócitos, células do sistema ósseo.
Os antioxidantes são fundamentais para contrabalancear este estresse oxidativo. Assim, diversos estudos apontaram um efeito protetor de nutrientes antioxidantes na saúde óssea, tais como vitamina C, vitaminas do complexo B, magnésio, potássio, zinco e ômega-3, além dos compostos bioativos flavonoides, carotenóides (como luteína e zeaxantina) e curcumina.
Além do papel antioxidante, tais nutrientes também exercem outros benefícios para a saúde osteomuscular, a saber:
- Vitamina C: estimula a síntese de colágeno nos osteoblastos; associada a maiores níveis de densidade mineral óssea;
- Vitaminas do complexo B: afetam a densidade óssea, a partir dos níveis plasmáticos de homocisteína;
- Magnésio: mantém a integridade e função muscular; associado à menor perda óssea;
- Zinco: estimula a formação e mineralização óssea osteoblástica
- Curcumina: efeito protetor na degradação das proteínas musculares.
Conclusão
Para um envelhecimento saudável e ativo, a nutrição desempenha um papel crucial.
A atenção ao consumo adequado dos nutrientes aqui descritos contribui não apenas para a prevenção de condições adversas, como sarcopenia e osteoporose, mas também para a promoção da função física e bem-estar geral do idoso.
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- Qual é o papel dos nutrientes no desenvolvimento da longevidade ativa?
- Presença de Osteosarcopenia aumenta fragilidade em idosos
- Prevenção e tratamento da osteoporose
Referências:
Alalwan, T. A. (2023). Nutraceuticals and their role in promoting musculoskeletal healthy aging. Annali di Igiene, Medicina Preventiva e di Comunita, 35(4).
Bruins, M. J., Van Dael, P., & Eggersdorfer, M. (2019). The role of nutrients in reducing the risk for noncommunicable diseases during aging. Nutrients, 11(1), 85.
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A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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