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Enquanto a pancreatite aguda necessita de terapia nutricional, as recomendações da pancreatite crônica são focadas em mudanças dietéticas para conviver com a doença.
A pancreatite é uma inflamação do pâncreas, que pode ser dividida em dois tipos: a pancreatite aguda e crônica. Enquanto a pancreatite aguda ocorre repentinamente e a curto prazo, a pancreatite crônica é uma condição de longa duração, na qual a glândula pancreática é substituída por tecido fibroso.
Neste artigo, iremos nos aprofundar nas causas, sintomas, complicações e tratamento nutricional da pancreatite aguda e crônica. Confira!
O que leva a pessoa ter pancreatite?
As principais causas da pancreatite são os cálculos biliares e o consumo abusivo de álcool.
Os cálculos biliares causam inflamação do pâncreas, à medida que ficam presos na alça biliar ou no ducto pancreático. Já o álcool estimula o órgão a produzir e liberar enzimas digestivas em quantidades anormais, que se acumulam e geram a pancreatite. Alguns cientistas sugerem que doses a partir de 80 g/d de álcool, por 6 anos, seja uma causa da pancreatite crônica.
Outras causas comuns das pancreatites são:
- Doenças pancreáticas genéticas
- Fibrose cística
- Medicamentos
- Infecções
- Lesões abdominais
- Câncer de pâncreas
- Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE)
- Altos níveis de gorduras ou cálcio no sangue
- Bloqueios no ducto pancreático
Quais são os sintomas da pancreatite aguda e crônica?
O principal sintoma da pancreatite aguda e crônica é a dor na parte superior do abdômen, que pode se espalhar para as costas. Diarréia, náusea e vômito também são sintomas dessa enfermidade.
Na pancreatite aguda, outros sintomas também incluem batimento cardíaco acelerado e abdômen inchado ou sensível. Geralmente, pessoas com pancreatite aguda se sentem gravemente doentes e precisam consultar um médico imediatamente.
Já na pancreatite crônica, pode-se haver fezes gordurosas e com mau cheiro, bem como uma perda de peso acentuada. A dor abdominal pode tornar-se constante e grave, piorando depois de comer. Por isso, o paciente pode criar uma inibição ao momento das refeições.
Complicações da pancreatite aguda e crônica
Tanto a pancreatite aguda quanto a crônica podem levar a complicações. São exemplos:
- Estreitamento ou bloqueio em um ducto biliar ou pancreático
- Vazamento do ducto pancreático
- Pseudocistos pancreáticos
- Insuficiência cardíaca, pulmonar ou renal
Cerca de dois terços dos pacientes com pancreatite aguda apresentam um curso leve da doença com melhora rápida. Porém, o restante dos pacientes podem desenvolver complicações locais (necrose e/ou acúmulo de líquidos que podem estar infectados), e/ou falência de órgãos, associadas à maior morbimortalidade.
Além disso, episódios repetidos de pancreatite aguda podem levar à pancreatite crônica. Esta, por sua vez, associa-se a complicações específicas, como má digestão e absorção, desnutrição, diabetes, osteopenia e osteoporose, fraturas ósseas e câncer de pâncreas.
Recomendações nutricionais da pancreatite aguda
Por se tratar de um quadro agudo, o tratamento nutricional da pancreatite aguda é centrado principalmente na terapia nutricional.
Nesse sentido, a alimentação por via oral deve ser priorizada nas primeiras 24 a 72 horas. Entretanto, alguns pacientes podem não tolerar essa via, portanto, a nutrição enteral está indicada. A NE nasogástrica é a primeira opção, mas, no caso de gastroparesia ou obstrução gástrica ou duodenal, recomenda-se a NE nasojejunal.
Na pancreatite aguda, especialmente moderada a grave, a inflamação e as complicações sépticas aumentam o metabolismo; o gasto energético pode ser 139% daquele previsto pela equação de Harris-Benedict. Portanto, orienta-se elevar a oferta calórica e proteica.
Recomendações nutricionais da pancreatite crônica
Assim como na pancreatite aguda, pacientes com pancreatite crônica necessitam de um maior requisito energético, a fim de equilibrar a potencial má absorção e a baixa ingestão calórica. Em um indivíduo de 70 kg, uma ingestão de 2.800 a 3.000 kcal/d é recomendada.
Da mesma forma, orienta-se uma ingestão proteica adequada, de 1 a 1.5 g/kg/d, prevenindo a desnutrição.
Além disso, manter uma dieta com ingestão baixa a moderada de fibras irá prevenir que as fibras reduzam a eficácia do tratamento com enzimas e piorem a má absorção.
Em seguida, um problema comum na pancreatite crônica é a redução dos níveis de vitaminas lipossolúveis (vitamina A, D, E e K). Portanto, deve-se haver medições frequentes desses nutrientes, rastreando e corrigindo prováveis deficiências.
A suplementação de vitamina D deve ser considerada em pacientes com osteopatia (osteopenia e osteoporose), especialmente se houver história de fraturas ósseas.
Uma recomendação comum na pancreatite crônica é a dieta com baixo teor de gordura (30 a 50 g/dia). Entretanto, restrições dietéticas excessivas podem piorar a desnutrição. Sendo assim, uma dieta low-fat é recomendada apenas a curto prazo, para pacientes com dor abdominal e nas costas.
Caso contrário, o paciente pode tolerar até 30 a 40% do VET como gordura, especialmente de fontes vegetais.
Por fim, também indica-se o consumo de polifenóis, pois estes compostos podem ter um papel na melhoria de doenças inflamatórias, através da regulação e gestão de espécies reativas de oxigénio (ROS) e imunomodulação. Contudo, a evidência sobre polifenóis nas doenças pancreáticas ainda é limitada.
Conclusão
A pancreatite é uma condição complexa, que pode se resolver a curto prazo (pancreatite aguda) ou perdurar por anos (pancreatite crônica).
As recomendações nutricionais para pancreatite aguda é a oferta adequada da terapia nutricional, atendendo aos requisitos calóricos e proteicos. Já a pancreatite crônica conta com orientações dietéticas mais específicas, como a suplementação de vitaminas lipossolúveis e o consumo de polifenóis.
Além da nutrição outras modificações de estilo de vida também estão indicadas para os pacientes de pancreatite aguda e crônica: cessar o tabagismo e o consumo de bebidas alcóolicas. Por fim, o tratamento tradicional, como fármacos e cirurgias, não pode ser esquecido.
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Referências:
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A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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