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O impacto da quimioterapia na composição corporal de mulheres com câncer de mama varia de acordo com o regime de tratamento.
O câncer de mama é uma das doenças mais comuns entre as mulheres em todo o mundo, e no Brasil, em 2022, houve incidência de 11,84 casos a cada 100.000 mulheres, embora a detecção precoce e os avanços no tratamento tenham contribuído para a redução dessa taxa.
O tratamento para câncer de mama considera fatores como subtipos moleculares, estágios do câncer, preferências pessoais, status da menopausa e saúde geral da paciente, podendo ser divididos em modalidades locais (como cirurgia e radioterapia), ou sistêmicas, (como quimioterapia, terapia endócrina e terapia biológica).
Embora estudos tenham demonstrado a eficácia da quimioterapia no tratamento do câncer de mama, efeitos colaterais a curto e longo prazo são inevitáveis.
Evidências sugerem que o tipo de medicamentos e tratamento na quimioterapia afeta negativamente os parâmetros antropométricos e de composição corporal, resultando em aumento do peso corporal, índice de massa corporal (IMC) e adiposidade central, além de redução da massa magra.
Este estudo busca evidenciar os efeitos da quimioterapia nos parâmetros antropométricos e de composição corporal de mulheres com câncer de mama.
Coleta de dados
Este foi um estudo retrospectivo multicêntrico que envolveu seis estados do Brasil. Foram incluídas mulheres com câncer de mama primário que receberam quimioterapia e não tinham histórico prévio de câncer de mama ou outros tipos de câncer. Os dados foram coletados entre 2004 e 2018, com um acompanhamento médio de quatro a seis meses.
Os pesquisadores coletaram informações sobre o tratamento de quimioterapia, características do tumor, dados antropométricos (de acordo com os procedimentos de Habicht) e de composição corporal.
Além disso, foram registrados dados demográficos, comportamentais e de estilo de vida, como idade, estado civil, consumo de álcool, tabagismo e atividade física.
Modelo Misto Geral (MMG) para verificar o efeito dos regimes de quimioterapia
Para análise da amostra, levou-se em consideração o efeito da quimioterapia na porcentagem de gordura corporal total.
O Modelo Misto Geral (MMG) ajustado pela idade foi utilizado para verificar o efeito dos regimes de quimioterapia (pré-quimioterapia × pós-quimioterapia) e a interação entre o regime e o tempo nas variáveis investigadas.
Redução no excesso de gordura abdominal e aumento no IMC após o tratamento
Neste estudo, foram avaliadas 304 mulheres com uma média de 51 anos. A maioria delas com carcinoma ductal invasivo, estágio II, subtipo luminal e estava recebendo o regime ACT (antraciclina e taxano combinados).
A grande maioria das participantes foram classificadas como fisicamente inativas, não fumantes e não consumiam álcool. Foi observado sobrepeso no maior número de participantes antes e após o tratamento, e quase 31% delas apresentaram risco elevado de complicações metabólicas após a quimioterapia.
Houve uma redução no excesso de gordura abdominal após a quimioterapia, mas não foram observadas mudanças significativas nas medidas antropométricas de obesidade central.
No entanto, houve um aumento significativo no IMC após a quimioterapia, que variou de acordo com o tempo de tratamento, além do índice de massa de gordura, influenciado pelo tempo e tipo de regime e no índice de massa livre de gordura, relacionado ao tipo de regime utilizado.
A quimioterapia afeta o IMC e o índice de massa de gordura
Em conclusão, este estudo demonstrou que a quimioterapia afeta o IMC e o índice de massa de gordura, resultando em um aumento desses parâmetros após o tratamento.
Os resultados também indicaram que o impacto da quimioterapia na composição corporal varia de acordo com o regime de tratamento utilizado.
É importante ressaltar que a maioria das pacientes avaliadas apresentava sobrepeso, o que está em linha com a alta prevalência de mulheres com sobrepeso na população brasileira e o maior risco de câncer de mama associado a essa condição.
Embora alguns estudos anteriores não tenham encontrado uma associação entre ganho de peso pré e pós-quimioterapia, evidências mostram um aumento significativo de peso durante a quimioterapia, especialmente em mulheres tratadas com o regime CMF (ciclofosfamida, metotrexato, fluorouracil).
Esses achados fornecem informações valiosas para os profissionais de saúde, destacando a importância de ajustar a dieta e a atividade física para lidar com as mudanças na composição corporal causadas pela quimioterapia em pacientes com câncer de mama. É crucial considerar essas alterações e monitorar esses aspectos durante e após o tratamento.
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Referência:
Godinho-Mota, J.C.M.; Vaz-Gonçalves, L.; Dias Custódio, I.D.; et al. Impact of Chemotherapy Regimens on Body Composition of Breast Cancer Women: A Multicenter Study across Four Brazilian Regions. Nutrients 2023, 15, 1689.
A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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