Seja de forma direta ou indireta, os nutrientes da alimentação podem afetar a expressão dos nossos genes — e isso reflete no aparecimento de doenças.
Nas últimas décadas, com o maior entendimento da genética humana, surgiu uma nova ciência que busca investigar o papel da alimentação no DNA, ou seja, na expressão gênica: a nutrigenômica.
No artigo de hoje, com ajuda da nutricionista Priscila Sala, doutora pela USP e professora do Centro Universitário São Camilo, iremos desvendar essa ciência, e entender qual é a influência dos nutrientes na expressão dos nossos genes. Vamos lá?
Nutrigenômica: o que é?
A nutrigenômica é a ciência que estuda o papel dos nutrientes e compostos bioativos de diferentes alimentos na expressão dos nossos genes, e como eles regulam o nosso organismo.
Essa é uma área interdisciplinar da nutrição e da genética, que estuda a interação entre a dieta e os genes, e como essa interação pode afetar a saúde, influenciando o risco de doenças crônicas (como câncer, doenças cardiovasculares e diabetes).
A nutrigenômica também busca desenvolver dietas personalizadas baseadas nas características genéticas individuais de cada pessoa, para melhorar a saúde e prevenir ou tratar doenças.
Mas afinal…
Qual a influência dos nutrientes na expressão dos genes?
A dieta e a disponibilidade de nutrientes podem influenciar a expressão de genes de diversas maneiras.
Alguns nutrientes podem afetar a atividade de fatores de transcrição de determinados genes, a partir de uma atuação direta. As vitaminas A e D, por exemplo, se enquadram neste grupo.
A carência de nutrientes também pode ter um impacto na expressão gênica. A falta de vitaminas e minerais específicos pode afetar a atividade de enzimas e proteínas envolvidas na regulação da transcrição, levando a alterações na expressão de determinados genes.
Por outro lado, certos nutrientes podem atuar de forma indireta como moléculas sinalizadoras, ativando ou inibindo vias de sinalização celular que afetam a expressão gênica.
O açúcar e os ácidos graxos, por exemplo, podem ativar vias de sinalização intracelulares que regulam a expressão de genes envolvidos na resposta ao estresse celular e na homeostase do metabolismo. Outros nutrientes que atuam de forma indireta incluem: o resveratrol (vinho tinto), as catequinas (chá verde) e a genisteína (soja).
Em resumo, a dieta e a disponibilidade de nutrientes podem ser fatores importantes na regulação da expressão gênica e desempenhar um papel fundamental na manutenção da saúde celular e do organismo como um todo. É por isso que a nutrigenômica vem sendo estudada cada vez mais.
Por que estudar genômica nutricional?
Como vimos neste artigo, o estudo da genômica nutricional ajuda a entender como o alimento pode modificar a expressão dos nossos genes, alterando nosso fenótipo e influenciando o risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
Sabemos que a nutrição é o principal fator de risco modificável no desenvolvimento de DCNTs. Sendo assim, investir na prevenção de doenças é fundamental para garantir uma vida saudável e promover o bem-estar.
A nutrigenômica vem ganhando cada vez mais destaque entre profissionais que atuam em consultório, já que possibilita com o objetivo de permitir uma prescrição de dieta personalizada, baseada nas características genéticas individuais para melhorar a saúde.
Além disso, esta é certamente uma especialidade próspera, dado o aumento acentuado de publicações nas últimas duas décadas.
Não é por acaso que a genômica nutricional é tida como o futuro da nutrição personalizada. Que tal oferecer esse diferencial aos seus pacientes e ajudá-los a ter melhores resultados de saúde e para a vida?
Se você deseja conhecer mais sobre nutrigenômica, e, como a nutrição e a genética podem te auxiliar na prevenção e no tratamento dos seus pacientes, conheça o curso de Pós Graduação em Genômica Nutricional, uma parceria do Ganep Educação com o Centro Universitário São Camilo, que certamente te proporcionará grande destaque profissional numa área cada vez mais promissora.
Faça parte do time de nutricionistas do futuro!
Leia também:
- Nutrigenética e nutrigenômica: o que você precisa saber sobre o assunto
- Associação genética entre comportamento alimentar e obesidade – Nutritotal PRO
Referências
Koromina M, Konstantinidou V, Georgaka M, Innocenti F, Patrinos GP. Nutrigenetics and nutrigenomics: ready for clinical use or still a way to go?. Per Med. 2020;17(3):171-173.
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Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo com especialização em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional. Doutorado em Ciências pelo Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP em parceria com Pennington Biomedical Research Center – EUA, na área de Genômica Nutricional. Pós Doutorado pelo Departamento de Clínica Médica (Endocrinologia) da Faculdade de Medicina da USP na área de Epigenética. Formação complementar em Principles and Practices of Clinical Research – Harvard Medical School – 2011 (Continuing Education). Docente do curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo e Coordenadora da Pós Graduação em Genômica Nutricional do Centro Universitário São Camilo em parceria com o Ganep.