Herança genética, sedentarismo e publicidade infantil estão entre os fatores de risco da obesidade em crianças.
A Obesidade é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a maior epidemia de saúde pública mundial. Nos últimos tempos, esta condição vem afetando crianças de forma cada vez mais precoce: globalmente, estima-se que 40 milhões de crianças com menos de 5 anos já estão em sobrepeso. Neste artigo, reunimos as principais temáticas relacionadas à obesidade infantil; confira a seguir.
Quais fatores influenciam a obesidade infantil?
A etiologia da obesidade infantil é multifatorial. Portanto, há interação entre fatores genéticos, metabólicos, nutricionais, psicossociais, ambientais e de estilo de vida. Desse modo, os principais fatores de risco para o desenvolvimento da condição incluem:
- Ancestralidade e ambiente familiar
Em termos de herança genética, filhos de pais obesos possuem chances maiores de desenvolver sobrepeso ou obesidade. Aliado a isso, hábitos alimentares inadequados dos pais costumam ter grandes reflexos na alimentação da criança.
- Condição socioeconômica e acessibilidade
Alimentos de baixa qualidade nutricional, com grandes teores de sal, açúcar e gorduras, porém altamente palatáveis (ultraprocessados), são facilmente encontrados a preços acessíveis por todos os lugares.
Enquanto isso, uma dieta equilibrada (contendo fontes de proteínas animal, grãos integrais, cereais, frutas, legumes, sementes, oleaginosas e etc) pode ser difícil de se manter financeiramente. Ademais, esses alimentos podem não ser facilmente encontrados em áreas de desertos alimentares, onde o acesso a ingredientes in natura é escasso ou totalmente nulo.
- Sedentarismo
Com o advento tecnológico das últimas décadas, crianças e adolescentes passaram a se exercitar menos, devido ao tempo gasto assistindo televisão, jogando videogames, navegando pela internet, etc. Assim, reduz-se o tempo gasto em atividades e brincadeiras com maior dispêndio energético, contribuindo para estilo de vida sedentário.
Aliado a isso, a estrutura de bairros e cidades pouco propícias à atividades físicas, bem como os altos índices de violência urbana, contribuem ainda mais para o aumento do sedentarismo.
Apesar de ilegal no Brasil, muitas empresas ainda praticam a publicidade infantil. As propagandas mais direcionadas às crianças incluem: cereais açucarados, refrigerantes, guloseimas e doces, salgadinhos e fast-food.
Além disso, tais campanhas se utilizam de estratégias para induzir o desejo nos infantes, tais como uso de personagens, oferta de brinquedos colecionáveis, divulgação através de influenciadores mirins, dentre outros.
- Outros
Outros fatores que contribuem para a obesidade infantil incluem sono inadequado, saúde mental afetada, ausência ou inadequação do aleitamento materno nos primeiros anos de vida, e influência do ambiente escolar.
Obesidade infantil e impactos na saúde
Por si só, a obesidade infantil é fator de risco para o desenvolvimento de diversas outras questões de saúde na criança, durante a infância ou ao decorrer da vida adulta, dentre elas:
- Síndrome metabólica
- Diabetes mellitus tipo 2
- Hipertensão arterial
- Outras Doenças cardiovasculares, aumentando o risco de infarto e AVC
- Dislipidemia
- Alterações na resposta imunológica
- Doença hepática gordurosa não alcoólica
- Doenças de pele
- Doenças renais
- Doenças respiratórias
- Doenças degenerativas e câncer.
Além disso, também acarreta efeitos psicossociais negativos, incluindo baixa autoestima, distúrbios alimentares, vergonha social, ansiedade e depressão.
Como tratar a condição?
O combate à obesidade infantil requer uma abordagem multifacetada:
- Tratamento dietoterápico
O tratamento nutricional deve contemplar uma dieta balanceada, com distribuição adequada de macro e micronutrientes. Se houver presença de comorbidades associadas, o tratamento dietoterápico especializado também deve estar presente.
A transição deve ocorrer de maneira gradativa e em conjunto com o paciente e a família. Neste sentido, a educação alimentar e nutricional é de fundamental importância.
Dietas rígidas e extremamente restritivas não são recomendadas, pois podem levar à diminuição da velocidade de crescimento, à redução da massa muscular e problemas psicológicos.
- Atividade física
O incentivo à prática de exercícios divertidos e adequados para a idade é imprescindível, aliado à uma diminuição no tempo de tela (que deve ser de, no máximo, 2 horas por dia). Desse modo, deslocamento a pé ou de bicicleta, brincadeiras ao ar livre e esportes diversos são recomendados.
- Outros tratamentos
- Promover o sono adequado (10 a 13 horas para pré-escolares e 8 a 10h para adolescentes);
- Cuidado psicológico, para promover a saúde mental;
- Medicações e/ou cirurgias, em casos mais graves.
Por fim, numa perspectiva macrossocial e a longo prazo, é necessário a promoção de programas governamentais e abrangentes que atuem na promoção de ambientes alimentares saudáveis.
Leia mais sobre o assunto em:
Vamos prevenir a obesidade infantil – Nutritotal PRO
Obesidade Infantil: estratégias para prevenção e cuidado – Nutritotal PRO
Entenda a importância e necessidade da nutrição infantil – Nutritotal PRO
Referências:
BRADWISCH, Sarah A. et al. Obesity in children and adolescents: An overview. Nursing. 2020, v. 50, n. 11, p. 60-66, 2020.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Obesidade na infância e adolescência: Manual de Orientação – 3ª edição revisada e ampliada. Departamento Científico de Nutrologia. São Paulo, 2019.