Dia da Amazônia: conheça os nutrientes por trás dos alimentos típicos da região

Postado em 5 de setembro de 2022 | Autor: Redação Nutritotal

Vitaminas, fibras e minerais são os principais compostos encontrados nas frutas, hortaliças e sementes amazônicas

Com um rico bioma, a Amazônia é uma região contemplada por uma diversidade imensa de plantas e animais. E, diferente do que se pode pensar, não somente o Brasil, mas também outros oito países são agraciados pelas inúmeras fontes alimentares encontradas na região.

Essa enorme riqueza atrai a curiosidade de pesquisadores que encontram importantes benefícios nesse território, mas também seduz o interesse econômico de exploradores. Estes devastam as florestas e rios, perturbando o equilíbrio do ecossistema e os nativos.

Como o nosso país tem mais da metade (60%) dessa biodiversidade, temos também a grande responsabilidade de preservar e usufruir com consciência dessa terra. Por isso, para valorizar ainda mais a importância da Amazônia, preparamos uma lista de alimentos característicos da região para você conhecer curiosidades e nutrientes que podem ser encontrados neles:

Os alimentos da Amazônia

Foto: Shutterstock.com

Açaí

Fruto de uma palmeira, o açaí se popularizou pelo restante do Brasil de uma forma pouco consumida na região amazônica. Nos estados do norte brasileiro, o açaí é principalmente consumido como pirão acompanhado de farinha de tapioca, peixe ou camarão, enquanto nas demais regiões o consumo é geralmente de um creme adocicado com granola e frutas.

Em 100g da polpa é possível encontrar boas concentrações de cálcio, magnésio, fósforo e potássio, além das vitaminas A, E e C. Estudos também apontam que o açaí tem propriedades antioxidantes, capazes de reduzir inflamações e também diminui o LDL, o colesterol que deve ficar em menores concentrações no nosso organismo.

Cupuaçu

Fruto do cupuaçuzeiro, o cupuaçu tem uma casca rígida de coloração marrom e uma polpa branca que envolve suas sementes e tem um sabor ácido. Semelhante ao cacau, as sementes do cupuaçu podem ser utilizadas para a produção de um chocolate, chamado de cupulate, mas outros usos comuns da fruta são: geleias, doces e bebidas.

A polpa crua apresenta quantidades importantes de potássio, cálcio, vitamina C, magnésio e fósforo.

Pupunha

O fruto da pupunha tem casca avermelhada quando maduro e polpa laranja, ele vem de uma palmeira em que também é obtido o palmito pupunha, que é extraído do caule dessa árvore. Diferente dos outros frutos já citados, a pupunha não pode ser consumida crua pela presença de ácido oxálico, uma substância também encontrada no inhame e que, em altas quantidades, pode ser tóxica ao organismo.

Para remover esse anti-nutriente e consumir com segurança, a pupunha deve ser cozida. Em 100g, segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, a pupunha tem 6,39 g de fibras, praticamente 20% da recomendação de consumo para adultos (25 – 30g de fibras/dia), também é rica em potássio (250 mg), fósforo (50 mg) e cálcio (19,8 mg).

Araçá-boi

Da mesma família da goiaba, jabuticaba e pitanga, o araçá-boi é uma fruta ácida com formato arredondado, poucas sementes e uma polpa carnuda de cor amarela. Ele tem concentrações importantes de potássio, cálcio e magnésio, fibras e vitaminas, especialmente A e C.

Na semente, pesquisadores encontraram altos teores de compostos antioxidantes, mostrando que além de sabor, a fruta confere também proteção à saúde.

Tucumã

Com polpa pegajosa, o fruto amarelo esverdeado do tucumanzeiro pode ser comido direto do pé ou em conservas, geleias e sucos. Outra versão famosa em que essa fruta pode ser encontrada é o x-caboquinho, um sanduíche feito com pão francês, lascas de banana pacovã frita, queijo coalho, manteiga e lascas da polpa do tucumã.

O tucumã tem um teor de fibras superior a todas as frutas aqui apresentadas (12,7 g em 100g da fruta) e também se destaca na riqueza de vitamina A, cálcio e potássio. Estudos indicam que esse potencial nutricional é capaz de prevenir e tratar quadros inflamatórios.

Jambu

Cultivado em hortas domésticas ou por pequenos agricultores, o jambu produz uma flor amarela que não é consumida. São suas folhas e talos, que provocam sensação anestésica e aumentam a salivação, que fazem parte de pratos como o tacacá e o tambaqui no tucupi.

Inclusive, por essas características, estudos defendem o uso do jambu como medicamento para o alívio de dores. Quanto aos aspectos nutricionais, 100g de jambu apresentam baixo teor de carboidrato (6,66 g), 3g de proteínas, 4g de fibras e um bom aporte de ferro (6,4 mg), quase a exigência total para homens (8 mg de ferro/dia acima dos 19 anos) e 1/3 das necessidades para mulheres adultas (15 a 18 mg de ferro/dia dos 14 aos 50 anos).

Alfavaca

A alfavaca é uma planta também chamada de manjericão-doce ou manjericão-da-folha-larga, ela possui um aroma bem característico e é comumente utilizada no preparo de chás. Estudos revelam efeitos anti-inflamatórios e que o uso dela é benéfico na prevenção e tratamento de doenças respiratórias como asma e bronquite.

Em 100g dessa folha, é possível obter 2,66g de proteínas, 4,14g de fibras e ainda 1037mcg de vitamina A e 83,9mcg de vitamina B9 também conhecida como ácido fólico, um nutriente essencial na gestação para adequado desenvolvimento do feto.

Caruru

Conhecido também como bredo, o caruru faz parte do grupo de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) que surpreende por seu valor nutricional. Rico em vitamina A (1939 mcg) e vitamina B9 (126 mcg) como a alfavaca, 100g de caruru tem também relevante teor de cálcio (455 mg), potássio (278 mg), proteínas (3,20 g) e fibras (4,47 g).

Com sabor semelhante ao espinafre, pesquisas apontam que essa PANC tem importante atividade antioxidante que, como falamos anteriormente, contribui para a redução de inflamações e estresse no nosso corpo.

Castanha-do-Brasil

Essa oleaginosa fica dentro de um fruto chamado de ouriço. Esse ouriço, quando maduro, cai da árvore e de dentro dele são retiradas as castanhas que variam de 12 a 16 por fruto. Após a colheita, as castanhas passam por um processo de secagem e em seguida são descascadas.

O resultado desse procedimento é um alimento rico em nutrientes, principalmente selênio que, em uma porção média de 30g dessa castanha, pode se apresentar em até 1014 mcg. Estudos revelam que a baixa ingestão desse nutriente aumenta o risco de doenças cardiovasculares e neurológicas, enquanto uma ingestão adequada pode ajudar na imunidade e no tratamento de artropatias como a artrite.

Além do selênio, nas castanhas-do-Brasil são encontradas boas quantidades de potássio, fósforo, magnésio, cálcio, vitamina B9 e proteínas.

Viu como a Amazônia não nega a sua riqueza? Além de variedade nos alimentos, são quantidades importantes de nutrientes que podem trazer efeitos positivos na nossa saúde. Consuma com moderação para usufruir desses benefícios e quando estiver na dúvida sobre algum alimento, busque informações sobre ele em fontes com embasamento científico.

Este conteúdo não substitui a orientação com um especialista. Agende uma consulta com o nutricionista de sua confiança.

Referências

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