O uso de fibras na nutrição enteral pode ser benéfica para pacientes hemodinamicamente compensados e…
O protocolo foi construído a partir da revisão das principais diretrizes internacionais, além da literatura atualizada.
Em várias populações criticamente doentes, o início precoce da Terapia Nutricional Enteral foi considerado benéfico. Contudo, as recomendações das diretrizes internacionais em relação ao momento de introdução da Terapia Nutricional (TN) parecem não estar de acordo com as práticas clínicas reais.
Pensando nisso, um estudo randomizado controlado buscou elaborar um protocolo de Terapia Nutricional, baseado nas diretrizes mais recentes, para guiar os profissionais de Unidades de Terapias Intensivas (UTIs) nos cuidados de seus pacientes.
Para o andamento desta pesquisa, entre 2018 e 2019 foram recrutados 2.772 particientes de 90 UTIs distintas, localizadas em 22 províncias chinesas. Dentre os critérios de elegibilidade, os seguintes fatores eram considerados: ter 18 anos ou mais; estar na UTI por menos de 24h; ter 1 ou mais falências de sistemas orgânicos; previsão de permanência na UTI por mais de 7 dias; e não estarem suscetíveis de retomar a dieta oral dentro de 3 dias.
Como foi elaborado o protocolo da terapia nutricional TN?
Como dito anteriormente, o protocolo foi construído a partir da revisão das principais diretrizes internacionais, além da literatura atualizada. O conteúdo deste protocolo conteve:
- Quando iniciar a TN Enteral;
- Quando ajustar a taxa de alimentação;
- Quando iniciar a TN Parenteral; e
- Como manejar a intolerância alimentar.
Os principais objetivos eram promover a TN enteral precoce, padronizar a aplicação da TN parenteral (evitando NP precoce universal) e aumentar a taxa de alcance da meta energética na primeira semana de admissão na UTI.
A implementação deste protocolo se deu através de materiais educativos padronizados. A equipe de intervenção (investigadores, médicos, enfermeiros e nutricionistas) foi responsável por colocar esses materiais à beira do leito e em locais de alta visibilidade nas UTIs, como forma de lembretes. Também houveram reuniões de divulgação educacional on-line.
Com o protocolo, a TN Enteral se iniciou mais cedo
Nas UTIs selecionadas para implementação do protocolo, a nutrição enteral foi iniciada significativamente mais cedo do que nas UTIs de controle (1,20 vs. 1,55 dias). Além disso, mais pacientes receberam TN enteral, e a proporção de energia total diária fornecida também foi maior.
Já em relação à TN parenteral, seu início foi significativamente atrasado nas UTIs de implementação do protocolo (1,29 vs. 0,80 dias médios para início), com significativamente menos pacientes recebendo TN parenteral durante as primeiras 48h após inscrição (250 vs. 555).
Por fim, nas UTIs designadas para implementar o protocolo, houve uma menor necessidade de terapia de substituição renal. Um outro estudo multicêntrico já havia demonstrado uma redução significativa na duração da insuficiência renal, consistente com os achados da pesquisa aqui analisada.
Esse resultado pode ser atribuído aos efeitos protetores renais da administração de proteínas através da manutenção do fluxo sanguíneo renal. No entanto, a ingestão total de proteínas não atingiu a recomendação da ESPEN 2019 (> 1,3 g/kg/d). Por isso, os autores consideram que mais estudos devem ser realizados para investigar a relação entre a ingestão de proteínas e lesão renal.
Qual foi a conclusão do estudo?
No geral, a implementação bem-sucedida do protocolo aumentou significativamente a entrega precoce de NE e reduziu o uso de NP. No entanto, essas mudanças na prática não influenciaram na mortalidade em 28 dias ou na redução de novas infecções. Por isso, os autores indicam a necessidade de mais investigações acerca do uso da TN em outros resultados.
Referência:
KE, Lu et al. Actively implementing an evidence-based feeding guideline for critically ill patients (NEED): a multicenter, cluster-randomized, controlled trial. Critical Care, v. 26, n. 1, p. 1-12, 2022.
A Redação Nutritotal PRO é formada por nutricionistas, médicos e estudantes de nutrição que têm a preocupação de produzir conteúdos atuais, baseados em evidência científicas, sempre com o objetivo de facilitar a prática clínica de profissionais da área da saúde.
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